«O dromedário tem o olho do cu mais elegante de todos os animais que conheço, nada tem que ver com a carne rosada e berrante do recto que se vê num cavalo. E produz a mais delicada bosta - uma forma elíptica, muito perfeita, que depressa endurece ao Sol. A forma e a textura de uma noz-pecã». (Bruce Chatwin, in Granta nº4)
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
30 novembro 2014
12 novembro 2014
baú da memória VI
Inscrito na Pedra...
É uma das recordações que a custo e só muito vagamente consigo alcançar, mas recordo um dia de Páscoa, algures na minha adolescência, em que na missa de Páscoa, foi feita com pompa e alguma circunstância a inauguração do altar da igreja. Tal como acontecia todos os anos, a missa da Páscoa era das mais concorridas e a igreja estava repleta de gente. Naquele dia, excepcionalmente, a celebração eucarística foi presidida por um Bispo e concelebrada pelo pároco local. Recordo que a determinado momento, depois de devidamente abençoada a pedra do novo altar, esse Bispo proferiu algumas palavras acerca desse mesmo altar e que disse que estava inscrito na própria pedra o registo daquele momento de inauguração. Fiquei muito curioso, pois mesmo estando muito próximo do altar, do lugar onde me encontrava não vislumbrava qualquer inscrição. Quando a missa terminou, deixei as pessoas sair do templo e os padres desaparecerem na sacristia, para averiguar e encontrar tal inscrição. Desloquei a decoração da mesa, revirei os linhos que a cobriam, mas nada. Mistério.
À hora de almoço, em casa da Avó, reuniu-se a família e entre ela, estavam também, o Bispo e o Padre que tinham dito a missa. Ingénuo, resolvi perguntar pela inscrição. Como resposta obtive apenas um sorriso benevolente. Não esqueci, mas a inquietação foi, naturalmente, desaparecendo.
Até que chegado a 2014 e tratando da história de vida de D. Manuel António Pires que, a propósito, está a concluir-se; encontro o texto da intervenção acerca dessa inauguração do altar da igreja. É um texto pequeno em que é feita uma explicação da centralidade e sacralidade do altar e se apresentam as razões da atracção do homem crente para o altar: "Adoração – Acção de graças – Propiciação – Satisfação". Refere também o motivo da minha inquietação... "Num pergaminho, embutido no altar, constam todos estes dados". Agora sei que "pergaminho" foi a razão do meu sobressalto. Agora sei também que isto aconteceu no dia 19 de Abril de 1987.
09 novembro 2014
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