17 maio 2022

no melhor pano cai a imbecilidade

Maria Luísa Ribeiro Ferreira, filósofa, escreveu um texto muito interessante no actual número (1346) do Jornal de Letras acerca da diferença entre homens e mulheres na filosofia. Para tal socorre-se dos conceitos de estupidez e de imbecilidade, que recentemente encontrou na leitura de dois livros de dois filósofos italianos contemporâneos. Na impossibilidade de o transcrever na íntegra, deixo algumas passagens que, de uma ou outra forma, representam a ideia do texto.

Onde quer que haja um estúpido há que renunciar a uma comunicação tipo clássico. E a burocracia reinante agrava e amplia o fenómeno da estupidez.
(...)
Os estúpidos fazem parte do nosso sistema e tendem a multiplicar-se, sendo a internet e as redes sociais grandemente responsáveis por esta difusão maciça. (...) A nossa inclinação para inércia bem como o incremento cada vez maior da estupidez humana.
(...)
A estupidez é cegueira, indiferença e hostilidade aos valores cognitivos, (...) todas as épocas têm os seus imbecis e estes encontram-se mesmo entre os filósofos.
(...)
A técnica não nos tornou mais estúpidos mas, pelo contrário, as potencialidades que actualmente nos oferece revelam melhor a imbecilidade humana bem como a possibilidade de transformar o mundo.
(...)
Distingue-se a imbecilidade simples e a pretensiosa, considerando que esta é perigosíssima pois os estúpidos sentem-se mais espertos do que todos os outros.
(...)
A imbecilidade é o fardo da civilização, pondo-nos directamente em contacto com o mal, pois, mais do que a ignorância, é a imbecilidade que está na sua origem.
(...)
No seu livro El Hombre y la Gente, Ortega Y Gasset fala da mulher e da sua feminilidade que se manifesta em três aspectos essenciais:
1º é mais confusa do que o homem e entende-o como uma graça, em contraste com a rigidez masculina onde clareza é rigidez. A mulher vive num perpétuo crepúsculo, nunca sabendo se quer ou se não quer...;
2º apresenta o corpo feminino como "uma forma de humanidade inferior ao varonil" e (...) há que ter coragem de falar da mulher como pertencendo ao sexo débil;
3º a diferente relação que a mulher tem com o seu corpo: em contraste com o homem, cujo eu é puramente psíquico, ela é constantemente solicitada pelas suas sensações intracorporais, sentindo o seu corpo a todas as horas.
(...)
E o livro termina com a consideração da atracção erótica que a mulher exerce sobre os homens, considerando que "desejamos a mulher porque o corpo de Ela é uma alma".
(...)
Confesso que foi para mim uma desagradável surpresa [encontrar esta ideia] num grande pensador do nosso tempo, pensador esse que foi determinante para a minha conversão à filosofia. Mas, como diz o aforismo, há que aceitar que "no melhor pano cai a nódoa".

14 maio 2022


Mais logo eu vou assistir a este concerto dos Tindersticks no Coliseu do Porto com os meus irmãos. Banda que acompanho desde o primeiro momento e que considero do melhor, eu diria mesmo sublime, som que se tem produzido nas últimas décadas. Gentileza do mano Daniel. Bonito.

05 maio 2022

Congresso Internacional Festas, Culturas e Comunidades: Património e Sustentabilidade


A decorrer na Universidade do Minho, entre 4 e 6 de Maio, participo com uma comunicação intitulada: "A Senhora entre perros e cabrões", na qual apresento a santa e padroeira de Carção como mediadora social e cultural entre as duas comunidades existentes na aldeia. Tema não tratado no trabalho que então realizei e publiquei, mas que acabou por ser a característica mais marcante do meu trabalho de campo e à qual tenciono regressar com maior cuidado e melhor atenção. Umlocuspeculiar e riquíssimo.

02 maio 2022

à terceira foi de vez

No passado Sábado, dia 30 de Abril de 2022, fui com a minha criança ao estádio do Dragão assistir ao jogo do FCP com o Vizela. Esta foi a terceira vez que o levei ao Dragão e estava algo apreensivo porque as duas primeiras experiências não foram nada agradáveis. Na primeira vez, num jogo contra o Sporting, saí ao intervalo, pois ele desde o início perguntava se ainda faltava muito para terminar e esteve o tempo todo com as mãos nos ouvidos por causa do ruído das claques (o FCP ao intervalo já perdia por 0-2). Na segunda vez, talvez na época 2018/19, levei-o a ver o jogo contra o B SAD e, apesar de ter aguentado o jogo todo, ainda o senti muito intimidado e desconfortável. Desta vez sim, o Rodrigo participou activamente durante todo o jogo: cantou, gritou pelos nomes dos jogadores, obedeceu às coreografias e cânticos do speaker, festejou os golos, reclamou com o árbitro e quis estar até ao último momento nas bancadas, para assistir à roda dos jogadores do Porto e a volta de agradecimento.
Mais do que interessado no jogo, eu estive a apreciá-lo e fui-lhe tirando fotografias. Foi um final de tarde divertido para ele. Penso que neste momento já não haverá mais hesitações. Tenho um filho tripeiro e portista. Fico feliz por isso.

01 maio 2022

vamos LER