25 abril 2007

Intervenção A.M. Bragança

Passados todos estes anos (muitos, dirão uns; poucos, dirão outros), ainda celebramos esta data. Celebramos este acto primeiro, refundador de um ethos nacional adormecido. Impulsionados por um movimento militar, de um punhado de homens, que apesar de decidido e acertivo, movia um mar de incertezas, de Norte a Sul, do Interior ao Litoral, homens e mulheres, velhos e jovens manifestaram a sua concordância, a sua vontade de mudança. Empunhando o símbolo primeiro e único dessa luta, o cravo vermelho. Símbolo que adquiriu nesse dia e para sempre, um lugar de destaque na simbologia politica nacional, ilustrando as novas opções: impunham-se o novo, o futuro e a mudança!
Esta Revolução derrubou uma velha e implacável ditadura, sustentada por um paradigma colonialista e repressivo, que utilizava, se necessário fosse, todos os meios disponíveis para manter o sistema e calar aqueles que se insurgissem e resistissem. O 25 de Abril acabou com um país velhaco, misantropo e resignado ao seu fado, assim como rompeu com um passado de miséria e pobreza, de isolamento e de guerras impostas e travadas em nome de um império caduco. Acabou, igualmente, com o monopólio e o controlo de meia dúzia de famílias poderosas que, até então, condenavam os portugueses a uma sobrevivência indigente e sub-humana ou ao recurso à famosa e famigerada emigração.
Por muito que custe a algumas pessoas, que não guardam memórias desse velhaco, que o querem a todo o custo esquecer, esconder, desculpabilizar ou mesmo recuperar, esse Portugal acabou e acabou bem nesta data e às mãos dos capitães de Abril. Também importa reafirmar que o 25 de Abril foi em Abril, não foi em Novembro, como alguns nos tentam fazer crer, reinventando uma história que não aconteceu como desejavam.
Festejar e comemorar o 25 de Abril, significa para nós e para mim, a celebração de um futuro sempre novo, uma eterna mudança e a certeza da insubmissão. Agora, promover este dia, por todo o país, como acto único, ano após ano, ritualmente repetido e enfadonho, com um carácter visivelmente revivalista e vazio de sentidos e significados… Não! Não vale mais a pena!... Até porque passámos os restantes 364 dias de cada ano a assistir, por parte dos arautos da democracia e liberdades, a um discurso e, principalmente, a uma prática diametralmente apostas aos valores de Abril.
Chegamos a um tempo, o suficientemente distante, para perceber que esta data para as actuais e novas gerações pouco ou nada significa, a não ser o facto de saberem que algures num passado mais ou menos longínquo, alguém instituiu esta data como dia feriado… tal como o 5 de Outubro, ou o 1º de Dezembro…. Outros momentos maiores da nossa história.
Abril trouxe consigo inúmeros factores a seu favor e que entretanto a História se encarregou de registar: os direitos políticos, o desenvolvimento económico, a abertura de Portugal à Europa e ao Mundo, a libertação cultural, a descolonização, entre outros. Tudo isto e mais, muito mais, depois (passados cerca de 2 anos) vertido e assumido pela Constituição da República, como princípios estruturadores e, acima de tudo, estruturantes. O seu impulso transformador e transgressor molda a nossa responsabilidade e obriga-nos ao exercício de uma cidadania exigente e solidária, mas também insubmissa.
A uma suposta crise da democracia, respondemos sempre com mais democracia;
À crise das instituições, respondemos com mais transparência, rigor e responsabilidade;
À crise da participação, respondemos sempre com mais participação popular;
À crise do Estado social, respondemos sempre com mais Estado social;
Não nos resignamos perante a pobreza, perante a desigualdade social e perante essa calamidade que é o desemprego!
Não aceitamos uma economia que sobrevive da especulação bolsista, do incumprimento fiscal e da mão-de-obra barata, para não dizer, esclavagista!
Não pactuamos com os despedimentos selvagens, os encerramentos fraudulentos, o trabalho precário e sem direitos e com o bloqueio da contratação colectiva!
Recusamos a guetização dos imigrantes e a exploração clandestina da sua força de trabalho!
Rejeitamos uma Europa e um Portugal neoliberal, de serviços públicos mínimos!
Desassombrado e sem qualquer receio do consagrado mito do eterno retorno, afirmo aqui o nosso, o meu compromisso e cumplicidade com a Revolução.
Viva e Sempre PORTUGAL!

23 abril 2007

Dia do Livro e das Leituras

Grande dia este. Pena é que poucos ou nenhuns sabem, gostam ou querem ler... mas não importa, pois optimista que sou, prefiro pensar que todos, ou quase, o fazem e muito. Vamos a ler, não interessa o quê, nem porquê. Sempre a ler. Talvez seja um dos poucos casos em que prefiro o brasileiro gerúndio: "estou lendo!..."

20 abril 2007

pendurico, ico, ico,
quem te empotealhou?
foi a velha meretrizada,
que chinfranima na bisálhica.

Um Vício de Boca

Se alguma qualidade em mim reconheço é o facto de não ser facilmente influenciável, o que para alguns é, pura e simplesmente, teimosia ou casmurrice. Até à data, a verdade é que não encontrei o “vício”, o tal que nos subtrai tudo e mais.
Tenho, isso sim, alguns prazeres. Considero-me até um viciado nesses prazeres, quase privados, que assiduamente vou cultivando, dos quais, aqui e agora, destaco, em género de confissão pública – um erro para quem ambições tem, uma vez que em público só as virtudes importam. Diariamente, ou quase, bem perto do serão – magnifica abstracção, o ritual em volta de um cachimbo adocicado com ervas holandesas e bebericado com um velho escocês de 12 ou mais de vida. Intimidade solitária e egoísta, esta minha.

19 abril 2007

a nossa noite ontem à tarde
foi a manhã por que esperávamos
manhã de David Mourão-Ferreira

17 abril 2007

Great Nation!

Aquilo a que assistimos ontem em directo a partir da Virginia Tech, nos EUA, choca e aterroriza. Mas já não estranhamos e já não ficamos muito incomodados, pois sabemos que lá, nessa grandiosa nação federação, já aconteceu mais vezes e concerteza, mais tarde ou mais cedo, voltará a acontecer. Se não for ali poderá ser além, ou acolá… se não for um assassino poderá ser um grupo, um bando ou um esquadrão… se não executarem 30, poderão ser só 10, ou 15… o que importa é que acontece e não acontece por acaso. Estamos a falar da nação que se auto-titula como a maior das democracias, arautos da intrínseca defesa das garantias individuais… que, acima de tudo, promove o “eu”, em detrimento do “tu”, do “ele”, do “nós”, do “vós” ou dos “eles”. Que permite e incentiva a posse e o porte de armas (pessoais e de defesa, dizem eles!?!...), e depois, incrédulos, admiram-se em dias como o de ontem.
Vivemos um tempo, recheado de espaços onde, diariamente, se morre, se chacina, por muito ou por pouco, mas por alguma razão – religiosa, política, estratégica ou económica. De tantos exemplos que nos violam a intimidade, aprendemos a relativizar a desgraça e o sofrimento alheios, pois acontecem, normalmente, bem longe, insensíveis não nos dói. Agora aqui, neste caso, no “país” do mundo, morre-se porque se vai à escola, porque se vai às compras, porque se vai meter gasolina, enfim, porque se está no sitio certo, só que na hora errada.

God Bless America!

13 abril 2007

Podemos Aprender Sempre

Não há muito tempo atrás ví, na SIC Notícias, uma reportagem sobre o segundo aniversário da revista ou jornal (!?) Courrier Internacional. Nesse evento, aliás muito VIP, compareceram as mais variadas personalidades da nossa sociedade e os elogios à publicação foram de tal ordem que despertou a minha curiosidade. Confesso que, apesar de já ter conhecimento da sua existência, nunca me passou pela cabeça sequer desfolhá-lo. Nessa mesma notícia, foi dito que para assinalar o 2º aniversário e o seu sucesso editorial, a próxima edição, que saíria dia 13 de Abril (hoje), seria gratuita. Registei na agenda, com alarme não fosse esquecer-me de olhar para esta página, para o ir buscar... (à velha maneira do português esperto e mais que os outros, que vai para o hipermercado e devora todas as promoções, porque gratuitas, que são apresentadas por simpáticas e frescas meninas...)
Assim fiz e, numa primeira abordagem, fiquei bem impressionado. Excelente fonte de informação global, por vezes detalhada, mas na sua maioria, resumida.
Assim se percebe como alguns senhores e algumas senhoras da nossa praça conseguem andar tão bem documentadas, informadas e actualizadas, dissertando sobre o mais infimo pormenor da vida deste mundo, daquilo que poucos conhecem e alguns pensam saber.
Hoje, achou-se mais um assíduo leitor semanal.

06 abril 2007

6ª feira a santa

No dia em que, dizem, Cristo foi crucificado, instituiu-se dia de descanso. Muitos, pertencentes à comunidade de Cristãos e, depois, à de Católicos, dedicam este dia à sua religião. Os especialistas desta religião, aqueles que organizam e estruturam toda a teoria e prática religiosa, determinando aquilo que pode e deve ser alvo de culto e veneração, assim como definem as noções de "bem" e "mal", impuseram, num passado bem longínquo e, para mim, desconhecido, que neste dia, se impunha à comunidade, salvo excepção para as crianças, os idosos e os doentes, a abstinência e o jejum. Algo que até se pode perceber se contextualizado temporalmente, mas a verdade é que esta tradição foi perdurando no tempo e chegou aos nossos dias, transformando-se num preceito completamente absoleto.
Nada tenho contra os dias de feriados religiosos, muito menos me incomoda qualquer tradição ou prática religiosa, crenças ou devoções que levam a este tipo de obediência. Mas custa-me, intestinalmente incomoda-me saber que neste dia, ano após ano, tenho que, por respeito a terceiros, cumprir tal preceito.
Garanto-vos que um dia, seja esse dia quando for, quando e se for eu o patriarca, algo de diferente acontecerá... fica assim e aqui, registado o meu desconforto e descontentamento.

03 abril 2007

Guardas de Roma

Um excelente docudrama gravado em alta definição. Um fantástico thriller cuja acção decorre no reinado de Nero.


No ano 64 depois de Cristo, Roma é a maior metrópole que o mundo já viu, com uma população de um milhão de pessoas... Mas quando o inferno se ergue nas suas sete colinas, dois terços dessa metrópole são destruídos pelo fogo deixando 200.000 pessoas sem casa. Um rumor eleva-se: "Foi Nero quem deitou fogo". Os inúneros inimigos do Imperador estão sedentos do seu sangue.Para desviar as atenções desta vaga de hostiliadde Nero deita as culpas para um grupo de pessoas que adoravam um deus chamado Cristo, não reconhecendo as divindades de Roma.... Estes cristãos são denunciados e perseguidos.... Quem incendiou Roma?... Um fantástico thriller passado na Roma Imperial, durante o reinado de Nero.

Hoje à noite na 2: