31 dezembro 2022

29 dezembro 2022

transitando

Terminar o ano com tranquilidade e concentrado naquilo que pretendo realizar e organizar já no início de 2023 será, no meu entendimento, uma boa e optimista atitude, não só porque me mantém ocupado e vigilante, como também porque significa que o ano que agora finda foi um bom ano. Sim, 2022 foi, no plano pessoal e "profissional", um excelente ano e isso permite-me perspectivar o ano seguinte com renovada vontade e resiliência. Venha 2023.

28 dezembro 2022

tento ser

"A reciclagem é uma formatação que a sociedade de consumo nos impôs para resolver um problema que ela própria criou e para continuarmos a consumir. São estratégias que nos querem convencer de que somos o que somos, quando muitas vezes somos o quem nos mandaram ser. Tento ser o que quero ser. Daí que passe muito tempo em luta com o mundo. Mas só sei viver assim."
Isabela Figueiredo, in Jornal de Letras nº 1362 - Dezembro 2022.

27 dezembro 2022

no terreno...


À conversa com o Sr. Florindo Preto, em sua casa na aldeia de Varge, Bragança.

24 dezembro 2022

orgulhoso estou

Já tinha pensado escrever isto antes, mas achei mais seguro só o fazer hoje.
Então não é que este ano, finalmente, ninguém se lembrou das decorações de Natal cá em casa. Estamos a ficar crescidinhos... e a trabalheira que se poupou... e o lixo que não se fez... LINDO!
Hoje, à hora de almoço e à mesa comentei com o resto da gente. Riram-se do meu orgulho, mas não ficaram convencidos, o que deverá significar que ainda não será em definitivo, mas é um princípio. Orgulhoso estou de nós.

22 dezembro 2022

a Ibéria esvaziada

Ontem à noite fui ao Gato Vadio, na Invicta, assistir a um debate sobre a escassez da água e a crise ambiental. Debate que acabou por se transformar numa mesa redonda de conversa sobre o presente e o futuro da nossa casa comum. Entretanto, e enquanto deambulava pela livraria encontrei este livro, edição recente e que ainda não conhecia. Excelente, passa a prioridade de leitura para os poucos dias de "retiro" que se aproximam.

da mesa

"das relações infinitas possíveis numa mesa. [...] A mesa como <espaço operatório> lembra Didi-huberman; em cima da mesa fazem-se coisas, muitas. Demasiadas até para o entendimento humano. Acima de tudo, a mesa é um espaço de encontros lógicos ou absurdos, azarados ou felizes."
Gonçalo M. Tavares, in Jornal de Letras nº 1362 - Dezembro 2022.

18 dezembro 2022

sessão lançamento "enclausurados"











17 de Dezembro de 2022, pelas 18 horas, no Abstrato Café, em Valadares. Com velhos e novos amigos, num ambiente tranquilo e intimista. Que bem estivemos. Obrigado.

mais um rebento


Lançado ontem, dia 17 de Dezembro de 2022, pelas 18 horas, no Abstrato Café em Valadares, entre amigos que fizeram o favor de me vir abraçar. Em breve colocarei aqui algumas fotografias desse momento.

14 dezembro 2022

insofismável

Escreveu assim, por estes dias, J. Rentes de Carvalho na sua barca: Tempo Contado...

"Temeroso cárcere
Os citadinos que desconhecem este viver idealizam famílias harmoniosas em volta da lareira, falam de “achas e toros a crepitar alegremente”, alheiras assadas, risos, copos de bom vinho, histórias de antigamente.
Se o acaso os trouxesse hoje para estas bandas, pronto lhes passaria o romantismo, e de certeza deitavam a fugir. Eu próprio, se me apetecesse, poderia encontrar outro poiso. Mas não é isso que conta. Conta o invisível, temeroso cárcere em que as aldeias moribundas se tornam, a tragédia dos que nelas aguardam que, sem mais dor, a morte os liberte da pena perpétua.
Ventania, chuva, frio polar. A noite vai cair. Se neste momento a filmassem, a única rua da aldeia valeria como imagem de um mundo que acabou. Nem cães se vêem."

13 dezembro 2022

11 dezembro 2022

regresso ao terreno

Hoje foi um dia bom. Depois de largos meses sem ir para o terreno, realizar trabalho de campo, hoje regressei e logo indo a lugar bonito da raia transmontana. Varge, pequena e bonita aldeia, perto de Rio de Onor, ao encontro de um antigo guarda-fiscal que privou, na década de 50, com o Padre Alípio de Freitas, cuja vida, espero, será objecto de investigação nos próximos meses/anos.
Como gosto desta vida de terrenos, diversificados e heterogéneos. É sempre um prazer regressar.

07 dezembro 2022

a quem possa interessar...

convite


Gostava muito de vos ver por lá...

05 dezembro 2022

02 dezembro 2022

a nossa desesperança, é nossa culpa também


Adaptação do texto "dados miseráveis que até (me) irritam", aqui publicado no dia 25 de Novembro, agora enviado para o Mensageiro de Bragança e publicado na sua edição de 30 de Novembro.

28 novembro 2022

já?!

Hoje, 28 de Novembro, desejaram-me "boas festas". Nessa fracção de segundo o meu cérebro bloqueou e não processou de imediato essa informação, só depois é que o meu bom(?) senso me obrigou, já com um sorriso nos lábios, a retribuir os desejos. Caramba, já cá estamos outra vez! É mesmo um eterno retorno.

25 novembro 2022

without black friday

Porque não gosto de gastar dinheiro que não tenho em coisas que não preciso, esta moda do black friday passa-me ao largo e consigo alhear-me desse consumismo sôfrego. No entanto, aconteceu passar pela porta de uma Almedina e resolvi entrar para ver se encontrava algo a bom preço. Pois não só nada havia em promoção que me interessasse, como acabei por encontrar algo inesperado e há muito esperado, sem promoção e que, claro, trouxe para casa. A tradução para português deste clássico da Antropologia, de Ruth Benedict, "O Crisântemo e a Espada", um trabalho encomendado pelo Governo e pelos militares americanos, em plena Segunda Guerra Mundial, para conhecerem melhor o Japão, então inimigo. Interessa também para quem queira conhecer a sociedade japonesa.

dados miseráveis que até (me) irritam

A rádio Brigantia noticia hoje (ler aqui) que os resultados definitivos do Censos 2021 revelam Bragança como um distrito em extinção, pois todos os seus doze concelhos perderam população em percentagens exageradas. Não é que seja surpresa a região continuar a perder população, mas quando já estávamos com valores tão baixos, sabermos que as perdas continuam acentuadas, deixa-nos completamente desarmados e incapazes de qualquer reacção. Bem sei que o facto do país ter regiões de baixa densidade não seria uma fatalidade em si e que até, tal como acontece noutros países europeus, as populações dessas regiões poderiam ter qualidade de vida, estabilidade e até serem competitivas, mas infelizmente não é essa a nossa realidade e Lisboa não tem feito mais do que desinvestir na região. Veja-se a retirada da ferrovia do distrito (e de outras regiões interiores do país) como o exemplo mais que evidente da falta de pensamento estratégico e apenas orientado pela e para a finança e especulação.
Mas regressemos aos dados do Censos 2021. Entre 2011 e 2021 o distrito perdeu 13.448 residentes, pois tinha 136.252 em 2011 e agora só tem 122.804 residentes. Por concelho as perdas são as seguintes:
Torre de Moncorvo = -20,42%
Alfândega da Fé = -15,34%
Freixo de Espada à Cinta = -15%
Vinhais = -14,32%
Carrazeda de Ansiães = -13,86%
Miranda do Douro = -13,62%
Mogadouro = -13%
Vimioso = -11,14%
Mirandela = -10,32%
Macedo de Cavaleiros = -9,67%
Vila Flor = -9,66%
Bragança = -2,15%
Pelos vistos, apenas nos resta esperar pela morte e migração dos poucos habitantes que cá resistem.
Aliás, a percepção que tenho é que o próprio Estado português já há muito tempo que decidiu que o interior do país seria para abandonar e que seria uma questão de tempo, entre três a quatro gerações para tal acontecer. Tudo isto com o conhecimento dos responsáveis políticos da região, falo dos autarcas, dos deputados e de todas as nomeações políticas para cargos sectoriais da Administração Pública. Foram décadas e décadas de protagonismos locais e regionais, de mão estendida em Lisboa e de satisfação pelas sobras que permitiam inaugurações de betão e alcatrão, enquanto assistiam, encolhendo os ombros, ou ausentes e distraídos, ao esvaziamento de serviços do Estado e à retirada das suas tropas. Um triste espectáculo: vão-se os dedos, mas ficam os anéis, que é como quem diz, vão-se as gentes, mas ficam os auditórios, as piscinas, as ciclovias, os museus, assim como os super e hiper-mercados e as tão desejadas vias-rápidas, itinerários principais e auto-estradas e continuam a cortar fitas e a ser capitais disto e daquilo...
Talvez esteja na altura de responsabilizarmos não só o Estado, mas também de olharmos para a nossa quota-parte de responsabilidade política e de assumirmos que esta tem rostos e tem nomes. Depois, seria bom começarmos a pensar sobre o que fazer com este vasto território, despovoado e abandonado à sua sorte, em vez de perpetuarmos a ilusão ou falsa esperança que um dia a realidade será diferente. Infelizmente, não será mais do que uma agonia e morte cada vez menos lenta.

24 novembro 2022

ferramentas

Descobri recentemente esta caneta e estou admirado com a qualidade de escrita dela. Tal como eu gosto, não é escrita fina e o toque de tinta no papel é suave. Por apenas 6,80 euros, para além da caneta, ainda traz seis recargas de tinta. Foi difícil de encontrar à venda, vamos lá ver o tempo que se aguenta e se vai conseguir substituir a minha velhinha Sheaffer.

18 novembro 2022

optimismo

"O melhor modo desde o princípio da História está longe de ser o melhor dos mundos possíveis, e é por isso que Popper defende que o optimismo é um dever, pois é esse mesmo optimismo que pode fazer com que faça sentido continuar a caminhar, lutar por algo melhor, porque a realidade é insuficiente. O presente é claramente insatisfatório e este mundo não nos pode contentar."
(Afonso Cruz, in jornal de Letras nº 1360, Novembro 2022)

vergonha presidencial


Não sei quando, nem em que contexto, o Presidente da República portuguesa proferiu esta declaração. Que vergonha, o mais alto magistrado de uma nação republicana e democrática relativiza a morte de escravos em países ou estados cleptocratas, ditatoriais e onde não existe um mínimo de respeito pela dignidade da vida humana. Este senhor não perde uma oportunidade para demonstrar a sua senilidade e irresponsabilidade. Eu nunca votei nele e, cada dia que passa, fico mais tranquilo por nunca ter gostado dele. Sempre o considerei um lobo disfarçado de cordeiro, ou seja, um anacrónico e salazarento, disfarçado de democrata e desempoeirado. Não tem feito mais do que dar-me razão.
Eu considero inaceitável a FIFA ter concedido ao Qatar este mundial de futebol e mais inaceitável ainda o facto das selecções aceitarem jogar lá. Vai ser um mundial de hipocrisia e de indignidade. Eu não participarei nesse espectáculo. Não haverá visualização, ou sequer interesse, em nada relacionado com o evento. SHAME ON YOU!

11 novembro 2022

10 novembro 2022

solilóquio

Talvez um dia alguém leia as horas dos meus dias. Melhor, talvez um dia ela leia os meus dias em escrita.
(repescado de um pequeno caderno, escrito em 12 de Janeiro de 2018)

o futeboleiro

Há cerca de dois meses a minha criança começou a treinar futebol no Valadares Futebol Clube - Dragon Force, na turma dos onze anos. A turma ainda é pequena, talvez sete ou oito miúdos quando aparecem todos. A lógica é treinarem e os melhores, segundo parecer dos treinadores, serão convidados a integrarem a equipa de competição do respectivo escalão. Tem dois treinos por semana (4ª e 6ª feiras, às 18:30 horas) e está a adorar. Eu, pois claro, também tenho treino e sou coagido a estar sempre atento ao que se passa no relvado. Não sei se ele chegará a ser "convidado" para a equipa de competição, nem é objectivo que ele se transforme num futeboleiro. Aqui o primeiro e último objectivo é o treino e em equipa, pois ele está demasiado tempo sozinho. De qualquer forma, e sem qualquer pretensiosismo ou soberba, o miúdo até toca bem na bola, é inteligente a jogar... "toca e foge", e tem a "sorte" de ser canhoto, o que o diferencia de todos os outros da turma. O que lhe falta, tal como no resto da sua existência, é garra e força na disputa de bolas. Esguio e magro como é, tranquilo e sem precipitações, tem pinta de defesa central. A ver vamos no que isto irá dar. Entretanto, continuarei a ir aos treinos.
(escrito na bancada cinzenta e fria do estádio do Valadares, dia 8 de Novembro de 2022)

06 novembro 2022

abastardamento

"Dói-me o que está a acontecer em Portugal à língua portuguesa: um abastardamento acelerado. Sou alérgico ao 'grande beijinho', um contrassenso, porque um beijinho é um beijo pequeno, e portanto não pode ser grande. As pessoas já não pensam, palram como as pegas e os papagaios. Depois, desapareceram as profissões. Já não há médicos, enfermeiros, bombeiros, aviões ou helicópteros, etc. Há profissionais, operacionais, especialistas e meios aéreos! A individualidade desaparece e qualquer dia passamos a ser números. O pior é que ninguém repara na absurdidade desta situação. E embora seja grande fã da língua inglesa, abomino o abuso desta em Portugal. O episódio do ALLgarve foi o nadir de todas as tolices." 
(Jorge Calado, in revista LER - Outono 2022, pág. 35-36)

a terra irmã de Portugal

Levei-o comigo de férias neste último Verão, mas não consegui sequer olhar para ele. Ficou para agora a sua leitura. A noite de ontem foi passada a conhecer a história deste território a Norte, terra de encantos e de misticismos vários.


"O espaço da antiga Galécia romana, com capital em Braga, constituiu uma unidade até ao século XII e esteve na origem do reino e da língua de Portugal. Desde então, mantiveram-se a continuidade das paisagens, a proximidade linguística, a intermitência dos diálogos culturais e a importância das relações transfronteiriças." (in contra-capa)

08 outubro 2022

03 outubro 2022

actas XXIV Jornadas Culturais de Balsamão


Estão já disponíveis as actas das XXIV Jornadas Culturais de Balsamão, se que realizaram em Setembro e outubro de 2021. A minha contribuição diz respeito a Carção e ao diálogo entre as duas comunidades, a dos Marranos e a dos Cristãos-velhos, aí existentes e ao papel da festa (novena) da Senhora das Graças, padroeira da aldeia, enquanto mediadora social e cultural.

28 setembro 2022

estou a escrever!

Gosto muito da ideia de Roland Barthes de que "escrever" é um verbo intransitivo. Não precisa da pergunta: "o quê". (...) O verbo escrever, para mim, não exige esclarecimentos. Está todo e completo nele próprio. Estou a escrever!
(Gonçalo M. Tavares, in Jornal de Letras nº 1356, Setembro 2022)

para fim de conversa

Bem perto da Santa Maria Adelaide, esplanada de afamado café, pão-quente e restaurante, com grande freguesia e elevada rotação. Vim sem pressa, obedecendo ao horário da minha criança, com intenção de aproveitar esse tempo para revisão de textos. Não o fiz porque os meus ouvidos depressa se instalaram na mesa ao lado da minha, onde duas mulheres, mãe e filha, conversavam sobre o bricabraque das suas vidas, até que ouço:
- Porque não te casas?
- Mas vou casar porquê?... e para quê?
- Ó filha! Para quê?... então, não achas que ficavas melhor, mais segura, se casasses?
- Não Mãe, nada disso. O Xxxxx não quer saber disso e eu também não... ele faz a vida dele e eu faço a minha...
- Pois é, isso não tem jeito nenhum. Onde já se viu?... cada um a fazer a sua vida...
- Mãe! Tu quiseste casar. Eu não quero. Acabou a conversa.

22 setembro 2022

ecofeminismos no gato vadio






O primeiro debate mensal da revista Ecossocialismo na livraria do Gato Vadio - Porto.

15 setembro 2022

festividades, culturas e comunidades (ebook)

Acaba de ser publicado o livro (versão ebook) "festividades, culturas e comunidades - património e sustentabilidade". Livro de actas que resulta do congresso realizado em Maio na Universidade do Minho e no qual eu participei. É de acesso universal e gratuito, portanto, aqui fica o link para a publicação.

12 setembro 2022

movimento suspenso

Enquanto espero pelo resto da família, sento-me para um café, um copo de água e, talvez, uma leitura de ocasião. Estou num café bastante concorrido e, ao olhar à minha volta, encontro à minha frente, sozinho, um indivíduo de meia idade a tomar café. Aquilo que me reteve a atenção nele foi o facto de estar com a revista LER aberta à sua frente, enquanto adoçava e mexia a sua bebida. Com os olhos sempre na revista, pegou na chávena e aproximou-a da boca, mas a determinado momento suspendeu esse movimento e ficou com o braço no ar e a chávena suspensa na mão, a meio caminho entre a mesa e a boca. Continuou a ler e o café suspenso, ainda fez uns ligeiros movimentos de aproximação, mas a leitura continuava a mantê-lo refém e toda a sua atenção no que lia. Só passados alguns minutos, talvez quando terminou um texto ou artigo, ou chegou a uma parte do texto menos interessante, e quando o café já estaria de certeza frio, é que resolveu finalizar aquele movimento inicial e, depois, lentamente pousar a chávena no respectivo pires. Fechou a revista, levantou-se e foi embora.

08 setembro 2022

peaky fucking blinders

(roubada do google)

Há vários meses referenciada e em lista de espera, aproveitei os dias, ou melhor, as noites mal dormidas de Agosto para visualizar as seis temporadas (36 episódios) de Peaky Blinders. Fiquei logo preso no primeiro episódio da primeira temporada: o ambiente, a realização, o enredo, os diálogos e, acima de tudo, a banda sonora, obrigaram-me a ficar amarrado à saga desta família (gangue) inglesa. Com uma narrativa sobre as aventuras da família Shelby e, em particular, do seu líder - Thomas Shelby, a série conta com personagens muito peculiares, das quais eu destacaria o irmão Arthur Shelby (actor Paul Anderson) - de quem roubei a expressão que dá título deste texto, a personagem do judeu Alfie Solomons (actor Tom Hardy) e a personagem de Polly Gray, interpretada pela actriz Helen McCrory (que faleceu durante as filmagens).
A conjugação entre os cenários e ambientes, a realização e a banda sonora é de uma qualidade e bom gosto, que dificilmente poderemos encontrar melhor. Para além do grande tema da série "Red Right Hand" de Nick Cave, interpretado por Patti Smith, são escolhas musicais Anna Calvi, Joy Division, Idles, Count Basie ou The Smile, Puccini e Mozart.
Segundo consta a série não terá continuação, apesar de no último episódio da sexta temporada ficar no ar essa possibilidade. Dizem, entretanto, que a série dará origem a um filme. A ver vamos.

restos de Verão

O regresso a casa, depois de uns dias de descanso em Trás-os-Montes e uma escapadela a Madrid, permite ainda alguns dias de tranquilidade, aproveitados para organização e preparação do novo ano que agora iniciará, para rever informações recolhidas durante os breves e insuficientes momentos de trabalho de campo e para ficar junto ao mar, com a praia quase deserta, sossegado e sem a confusão habitual do tempo de veraneio. Se o clima permitir é para aqui que virei nos próximos dias, até que o Verão se esvaneça e dê lugar aos bonitos dias outonais.
(Francelos, 2 de Setembro de 2022)

06 setembro 2022

05 setembro 2022

tudo o que está errado

O modelo de capitalismo que hoje domina é cada vez mais incompatível com a democracia, mesmo com a democracia de baixa intensidade em que vivemos, uma democracia centrada em democratizar as relações políticas e deixando que continuem a imperar os despotismos nas relações económicas, sociais, raciais, etnoculturais e de género. Refiro-me à prioridade dos mercados sobre os Estados na regulação económica e social; à transformação em mercadoria de tudo o que puder geral lucro, incluindo o nosso corpo e a nossa mente, as nossas emoções e sentimentos, as nossas amizades e nossos gostos; relações internacionais dominadas pelo capital financeiro e pelos super-ricos. O crescimento global das forças de extrema direita é o mais visível sintoma da crise profunda da democracia.
(Boaventura de Sousa Santos, in Jornal de Letras nº 1352, Julho e Agosto de 2022)

museu nacional do Prado

(imagem retirada da wikipedia... pois no museu não é permitido tirar fotografias)

Mal nos instalamos no hotel, bem no centro da cidade, e a Emília logo nos levou a deambular pelas ruas e avenidas que ela considera principais de Madrid. Descemos a Gran Via em direcção ao Banco de Espanha e à Fuente de Cibeles. Descansamos um pouco à sombra das árvores do Passeo del Prado e, de seguida fomos visitar este museu. Confesso que era o único local que fazia questão de visitar nesta cidade e, também por isso, optei por pagar bilhete e não esperar pelo horário gratuito.
Impressionante, a colecção do Museu com cerca de 1800 obras de vários autores, diferentes escolas e épocas, que ocupa mais de cem salas e galerias de exposição permanente. O lugar de destaque é ocupado pela obra "as meninas" (1656) de Diego Velázquez, mas a minha epifania aconteceu quando dei de frente com a obra "Cristo crucificado" (1632), do mesmo pintor. Regressei à sua sala duas ou três vezes... De entre o muito e bom que lá pude ver, foi a imagem poderosa desse quadro que trouxe comigo.
(Madrid, 27 de Agosto de 2022)

Madrid

Num esforço familiar, opcional e deliberado, nos últimos anos temos viajado para Espanha e suas diferentes regiões e cidades. O objectivo será conhecer as principais cidades do país vizinho e, neste momento, as nossas incursões já nos permitiram conhecer grande parte do território, faltando apenas(!?) o Sul de Espanha e, em particular, Sevilha e Valência. Para além da proximidade e fácil acesso, gosto de Espanha, da sua gastronomia e do uso que os espanhóis dão às horas dos seus dias. Nestes últimos dias de Agosto viajámos até Madrid, capital do Reino e uma das principais capitais europeias. Madrid é uma metrópole que atrai e comporta uma população heterogénea e multicultural, de diferentes proveniências e origens, algo que se percebe nas deambulações pela urbe. Ficámos hospedados no centro histórico, nas imediações da praça Maior, e por isso, pudemos constatar a permanente bulício da vida diurna e nocturna da cidade e a dedicação quase exclusiva das actividades ao turismo e suas variantes. Sob a orientação da Emília, que já conhecia e adora a cidade, percorremos as principais artérias e visitámos os pontos turísticos e culturais mais reconhecidos. Gostei de visitar e "conhecer" Madrid, mas não será cidade que motive nova viagem. Outros e novos destinos espanhóis nos aguardam e merecerão a nossa atenção. E a Galiza, claro, que continuará a ser destino preferido, sempre que possível, para animar a alma e o palato.
(Bragança, 29 de Agosto de 2022)

interrogação existêncial

" Vale a pena ler este trecho de Umberto Eco, do livro A Memória Vegetal:
Mas o bibliófilo também sabe que o livro terá longa vida, e percebe isso justamente ao examinar com olhos amorosos as próprias estantes. Se toda aquela informação que acumulou tivesse sido gravada, desde os tempos de Guttenberg, em suporte magnético, teria conseguido sobreviver por duzentos, trezentos, quatrocentos, quinhentos, quinhentos e cinquenta anos? E teriam sido transmitidas, com os conteúdos das obras, as marcas de quem as tocou, consultou, anotou, maltratou e repetidas vezes sujou com impressões digitais? E poderia alguém apaixonar-se por uma disquete como se apaixona por uma página branca e dura que faz craque-craque sob os seus dedos como se acabasse de sair da prensa?
Como é belo um livro, que foi pensado para ser tomado nas mãos, na cama, num barco, onde não existem tomadas eléctricas, onde e quando qualquer bateria descarregou, e suporta sublinhados e cantos dobrados, e pode ser deixado cair no chão ou abandonado aberto no peito ou sobre os joelhos quando se adormece, cabe no bolso, estraga-se, registando assim a intensidade, a assiduidade ou a regularidade das nossas leituras, e nos recorda (se parecer intocado ou estiver intonso) que ainda não o lemos... "
(Afonso Cruz, in Jornal de Letras nº 1352, Julho e Agosto de 2022)

XXV Jornadas Culturais de Balsamão




A celebrar os 25 anos de existência e de realização ininterrupta, o programa das próximas Jornadas Culturais, subordinadas ao tema "Memória e Futuro", já é conhecido e importa divulgá-lo. Eu vou lá estar e tenho como "missão" falar (especular) sobre o futuro das jornadas culturais. A quem possa interessar...

09 agosto 2022

prevenir, prevenir, prevenir

Posso estar a esquecer-me de outras frases, alertas ou avisos, que foram mote para a prevenção rodoviária em Portugal, mas não me recordo de uma frase tão adequada e eficaz para relembrar a quem vai na estrada para os perigos da velocidade, do álcool e dos telemóveis. Espalhada e repetida pelas auto-estradas de todo o país. Simples e pragmática. Muito bem.


(...e antes que duvidem, ou questionem, quem tirou esta fotografia com um telemóvel não ia a conduzir.)

04 agosto 2022

os livros que vão de férias comigo

Ainda faltam uma dezena de dias para rumar para a Terra Fria Transmontana, mas agora que me preparo para esses dias de férias fora de casa, momento importante é sempre a escolha dos livros que vão comigo. O primeiro critério para essa escolha é a vontade de os ler e o facto de, por alguma razão, ainda não o ter conseguido fazer. Depois, leituras atrasadas ou em falta, como este ano é caso do livro "ouvir o galo cantar duas vezes" de Paula Godinho. Claro que esta vontade inicial de ler todos os eleitos dificilmente será concretizada, até porque os elementos dissuasores serão muitos e há muitas outras formas interessantes de ocupar as horas desses dias... (quero também realizar algum trabalho de campo). Assim, viajarão comigo livros para ler e livros para ter por perto. Aqui está a pequena selecção de leitura para as próximas 3/4 semanas.

01 agosto 2022

05 julho 2022

escrever fotografias

A fotografia é muito mais do que um documento; ela é uma genuína inspiração para a mente, para as ideias e, depois, para o esforço da escrita; enquanto documento pode ser seminal, mas é enquanto inspiração que alcança a sua sublimação.

04 julho 2022

01 julho 2022

bússola

Reconstituímos o passado para não nos perdermos.
Rui Nunes, in Irradiante, o negro (2022:29)

29 junho 2022

lugar do fim do mundo

Nos últimos dias tive a oportunidade de conhecer o lugar que os antigos (antes da viagem de Colombo, em 1492) consideravam o fim do mundo. Pensavam eles ser o lugar mais a oeste do mundo até então conhecido. Falo do Cabo de Finisterra, ou em galego, Fisterra.
Para além de todo o misticismo anímico deste lugar, da fé e da perseverança dos peregrinos caminhantes que consideram que só aqui termina a sua peregrinação a Santiago de Compostela, Fisterra é um pequeno e sossegado lugar, plantado à beira mar, protegido a Norte por um monte e com uma bonita enseada. Tem um pequeno porto piscatório e vive essencialmente do cluster do turismo religioso. Tem uma praça junto ao porto com um anfiteatro de restaurantes e esplanadas que servem as dezenas, centenas ou milhares de turistas/peregrinos/caminheiros que por aí passam todos, ou quase todos os dias.
Gostei de lá estar, do sossego e do ritmo mais lento e tranquilo que pude perceber na vida dos locais. Gostava de viver e pertencer a uma comunidade assim. Vou regressar com mais tempo.



26 junho 2022

a aposta

A transição para o ecossocialismo requer um planeamento democrático, orientado por dois critérios: a satisfação das necessidades reais e o respeito ao equilíbrio ecológico do planeta. São as próprias pessoas - uma vez livres da propaganda e da obsessão consumista fabricadas pelo mercado capitalista - que decidirão, democraticamente, quais são as verdadeiras necessidades. O ecossocialismo é uma aposta na racionalidade democrática das classes populares.
Michael Lowy, in Revista Ecossocialismo nº 1 - Maio a Agosto 2022, página 49.

25 junho 2022

as horas do dia

Cada vez que viajo e que visito a Galiza mais convencido fico de que, deste lado da fronteira, fazem melhor uso das horas dos seus dias do que nós, portugueses. Estes finais de tarde, apesar do clima instável, ocupando demoradamente as esplanadas, os bancos de jardim, os bares e cafés, transmitem-me civilidade e tranquilidade. Claro que muitos serão turistas e veraneantes, mas há nisto muito de ethos, talvez até de identidade galega e eu gosto muito de aqui estar.

(na rua, ocupando o tempo até ser hora de jantar)

24 junho 2022

por terras da Galiza

Aproveitando o fim-de-semana maior do que o habitual, viajámos quase directamente da festa do S. João no Porto para Santiago de Compostela. Viagem tranquila, com paragem em Valença para visitar o forte e almoçar, seguimos para Norte até à cidade dos peregrinos caminheiros. Encontrámos uma cidade quase sem trânsito e com pouco movimento de pessoas nas ruas. Sem sabermos chegamos no dia de San Xoan, também aqui celebrado e também aqui feriado. É verdade que está a chover, quer dizer, a cair uma morrinha certinha que parece que nos atinge vinda de todas as direcções. Estamos instalados num pequeno hotel no centro histórico, o carro estacionado na garagem e a pé podemos percorrer todas as ruas e ruelas pedonais deste casco urbano. De facto, percebe-se a cada instante, a cidade dedica-se ao turismo religioso globalizado e esses peregrinos invadem todos os recantos destas ruas. Para o bem e para o mal, está a chover, o que liberta alguma densidade de pedestres e nós pudemos deambular mais à vontade. Esperemos que amanhã o dia esteja melhor para podermos passear, sem chuva e sem os seus guardas.

23 junho 2022

dia de S. João, outra vez

O dia amanheceu com o céu a verter-se completamente sobre a Invicta e arredores, mas à medida que as horas foram passando o céu foi secando e clareando, deixando apenas o nublado necessário para deixar em suspenso aqueles que se preparam para festejar o santo tão popular.
Deambulei pela baixa da cidade, nomeadamente, pelas ruas entre os Aliados e as Fontaínhas e pude constatar a agitação e o burburinho que a cada passo se percebe para montar os espaços do arraial: restaurantes, cafés, esplanadas, bairros, ruelas, ilhas, casas, prédios. A azáfama generalizada por estas bandas e, com certeza, pelo resto da cidade, percebe-se no rosto das pessoas com quem me cruzo. Depois, reparo nos turistas que, por contraste, calmamente observam e absorvem toda esta parafernália e agitação, talvez, sem perceberem muito bem o que se passa ou vai passar.
Depois deste grande hiato de tempo sem poderem festejar o seu santo, a festa de hoje será memorável, ainda que o céu resolva voltar a despejar-se sobre a cidade. Viva o S. João!

21 junho 2022

meio enchido

(aos olhos do meu filho, com um português muito mal tratado e pejado de inverdades)


(excerto do teste de Português, dia 26 de Maio de 2022)

a quem possa interessar...

Mais logo, pelas 18 horas, no salão nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, amigos e colegas vão apresentar estes dois livros. Lá estarei.

16 junho 2022

epitáfio por antecipação

O meu filho teria 7 ou 8 anos quando proferiu uma declaração, clara, acertiva e pragmática, que lhe poderá servir um dia, espero, muito mais tarde e bem depois da minha existência. Em modo sugestivo e para memória futura, registo duas variações possíveis desse momento maior e de afirmação da sua ontogenia.

Aqui jaz quem
desde tenra idade
teve por ambição
ser reformado
...como os avós!

Aqui jaz em paz
quem, desde menino,
teve por vontade
ser jubilado
...tal qual os avós!

01 junho 2022

trinta anos


Recordo bem o dia, os momentos e a conquista que significou para mim. Foi nos primeiros dias de Maio de 1992 que consegui, sim consegui, tirar a carta. Bem sei que por estes dias e neste mundo de vésperas de cataclismos que nos ameaçam extinguir, esta ambição, esta vontade, é um absoluto crime anacrónico, mas à época era mais do que um rito de passagem. Eu já conduzia desde, talvez os meus 15 ou 16 anos. A minha mãe deixava-me conduzir a velhinha R12 rua acima, rua abaixo e, por vezes, sem o conhecimento deles, dava a volta ao bairro e arredores. Um certo dia, uma colega professora do meu pai, na escola, perguntou-lhe se eu já tinha a carta, pois cruzara-se comigo algures em Valadares. Escusado será referir o espanto do meu pai...
Enfim, habilitado a conduzir há trinta anos e continua a ser um prazer entrar num automóvel e conduzi-lo. Se há prazer na vida é conduzir e aquilo que espero são mais, muitos mais, quilómetros de estrada e de caminho na vida. Como gosto de encruzilhadas que me levam a um lugar, a uma paisagem, a um recanto, desconhecidos e deslumbrantes.
A imagem de mim na carta de condução, que aqui reproduzo, tem bem mais de trinta anos. Imberbe e sonhador, o mundo seria meu. Erro e ignorância pura. Não foi. Aquilo que entretanto já vivi e, porque estou a falar de condução, já conduzi... os milhares de quilómetros percorridos. Conheci o país e um pouco mais além. E quase sempre que viajei de avião para longe, não deixei de conduzir. Aliás, onde puder ir de carro, resisto às alternativas.
Por aqui estar a registar isto, a vontade é sair e ir dar uma volta, mas o combustível está muito caro e devo refrear estes instintos prejudiciais ao bem comum.
Adeus.

17 maio 2022

no melhor pano cai a imbecilidade

Maria Luísa Ribeiro Ferreira, filósofa, escreveu um texto muito interessante no actual número (1346) do Jornal de Letras acerca da diferença entre homens e mulheres na filosofia. Para tal socorre-se dos conceitos de estupidez e de imbecilidade, que recentemente encontrou na leitura de dois livros de dois filósofos italianos contemporâneos. Na impossibilidade de o transcrever na íntegra, deixo algumas passagens que, de uma ou outra forma, representam a ideia do texto.

Onde quer que haja um estúpido há que renunciar a uma comunicação tipo clássico. E a burocracia reinante agrava e amplia o fenómeno da estupidez.
(...)
Os estúpidos fazem parte do nosso sistema e tendem a multiplicar-se, sendo a internet e as redes sociais grandemente responsáveis por esta difusão maciça. (...) A nossa inclinação para inércia bem como o incremento cada vez maior da estupidez humana.
(...)
A estupidez é cegueira, indiferença e hostilidade aos valores cognitivos, (...) todas as épocas têm os seus imbecis e estes encontram-se mesmo entre os filósofos.
(...)
A técnica não nos tornou mais estúpidos mas, pelo contrário, as potencialidades que actualmente nos oferece revelam melhor a imbecilidade humana bem como a possibilidade de transformar o mundo.
(...)
Distingue-se a imbecilidade simples e a pretensiosa, considerando que esta é perigosíssima pois os estúpidos sentem-se mais espertos do que todos os outros.
(...)
A imbecilidade é o fardo da civilização, pondo-nos directamente em contacto com o mal, pois, mais do que a ignorância, é a imbecilidade que está na sua origem.
(...)
No seu livro El Hombre y la Gente, Ortega Y Gasset fala da mulher e da sua feminilidade que se manifesta em três aspectos essenciais:
1º é mais confusa do que o homem e entende-o como uma graça, em contraste com a rigidez masculina onde clareza é rigidez. A mulher vive num perpétuo crepúsculo, nunca sabendo se quer ou se não quer...;
2º apresenta o corpo feminino como "uma forma de humanidade inferior ao varonil" e (...) há que ter coragem de falar da mulher como pertencendo ao sexo débil;
3º a diferente relação que a mulher tem com o seu corpo: em contraste com o homem, cujo eu é puramente psíquico, ela é constantemente solicitada pelas suas sensações intracorporais, sentindo o seu corpo a todas as horas.
(...)
E o livro termina com a consideração da atracção erótica que a mulher exerce sobre os homens, considerando que "desejamos a mulher porque o corpo de Ela é uma alma".
(...)
Confesso que foi para mim uma desagradável surpresa [encontrar esta ideia] num grande pensador do nosso tempo, pensador esse que foi determinante para a minha conversão à filosofia. Mas, como diz o aforismo, há que aceitar que "no melhor pano cai a nódoa".

14 maio 2022


Mais logo eu vou assistir a este concerto dos Tindersticks no Coliseu do Porto com os meus irmãos. Banda que acompanho desde o primeiro momento e que considero do melhor, eu diria mesmo sublime, som que se tem produzido nas últimas décadas. Gentileza do mano Daniel. Bonito.

05 maio 2022

Congresso Internacional Festas, Culturas e Comunidades: Património e Sustentabilidade


A decorrer na Universidade do Minho, entre 4 e 6 de Maio, participo com uma comunicação intitulada: "A Senhora entre perros e cabrões", na qual apresento a santa e padroeira de Carção como mediadora social e cultural entre as duas comunidades existentes na aldeia. Tema não tratado no trabalho que então realizei e publiquei, mas que acabou por ser a característica mais marcante do meu trabalho de campo e à qual tenciono regressar com maior cuidado e melhor atenção. Umlocuspeculiar e riquíssimo.

02 maio 2022

à terceira foi de vez

No passado Sábado, dia 30 de Abril de 2022, fui com a minha criança ao estádio do Dragão assistir ao jogo do FCP com o Vizela. Esta foi a terceira vez que o levei ao Dragão e estava algo apreensivo porque as duas primeiras experiências não foram nada agradáveis. Na primeira vez, num jogo contra o Sporting, saí ao intervalo, pois ele desde o início perguntava se ainda faltava muito para terminar e esteve o tempo todo com as mãos nos ouvidos por causa do ruído das claques (o FCP ao intervalo já perdia por 0-2). Na segunda vez, talvez na época 2018/19, levei-o a ver o jogo contra o B SAD e, apesar de ter aguentado o jogo todo, ainda o senti muito intimidado e desconfortável. Desta vez sim, o Rodrigo participou activamente durante todo o jogo: cantou, gritou pelos nomes dos jogadores, obedeceu às coreografias e cânticos do speaker, festejou os golos, reclamou com o árbitro e quis estar até ao último momento nas bancadas, para assistir à roda dos jogadores do Porto e a volta de agradecimento.
Mais do que interessado no jogo, eu estive a apreciá-lo e fui-lhe tirando fotografias. Foi um final de tarde divertido para ele. Penso que neste momento já não haverá mais hesitações. Tenho um filho tripeiro e portista. Fico feliz por isso.