01 junho 2022

trinta anos


Recordo bem o dia, os momentos e a conquista que significou para mim. Foi nos primeiros dias de Maio de 1992 que consegui, sim consegui, tirar a carta. Bem sei que por estes dias e neste mundo de vésperas de cataclismos que nos ameaçam extinguir, esta ambição, esta vontade, é um absoluto crime anacrónico, mas à época era mais do que um rito de passagem. Eu já conduzia desde, talvez os meus 15 ou 16 anos. A minha mãe deixava-me conduzir a velhinha R12 rua acima, rua abaixo e, por vezes, sem o conhecimento deles, dava a volta ao bairro e arredores. Um certo dia, uma colega professora do meu pai, na escola, perguntou-lhe se eu já tinha a carta, pois cruzara-se comigo algures em Valadares. Escusado será referir o espanto do meu pai...
Enfim, habilitado a conduzir há trinta anos e continua a ser um prazer entrar num automóvel e conduzi-lo. Se há prazer na vida é conduzir e aquilo que espero são mais, muitos mais, quilómetros de estrada e de caminho na vida. Como gosto de encruzilhadas que me levam a um lugar, a uma paisagem, a um recanto, desconhecidos e deslumbrantes.
A imagem de mim na carta de condução, que aqui reproduzo, tem bem mais de trinta anos. Imberbe e sonhador, o mundo seria meu. Erro e ignorância pura. Não foi. Aquilo que entretanto já vivi e, porque estou a falar de condução, já conduzi... os milhares de quilómetros percorridos. Conheci o país e um pouco mais além. E quase sempre que viajei de avião para longe, não deixei de conduzir. Aliás, onde puder ir de carro, resisto às alternativas.
Por aqui estar a registar isto, a vontade é sair e ir dar uma volta, mas o combustível está muito caro e devo refrear estes instintos prejudiciais ao bem comum.
Adeus.

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