Tenho dado comigo a olhar repetidamente para o pinheiro de natal que, ano após ano, continuamos a montar e a colocar numa das esquinas da sala onde todos estamos. Há quem goste desta época - eu também gosto - e se sinta confortado pela árvore devidamente ornamentada e iluminada - eu também não. Este ano, a nossa, que já nos acompanha há doze natividades, numa existência que podemos adjectivar de eterno retorno, ganhou renovada vida. Nesse dia o entusiasmo e a dedicação da prole foram notáveis. Curiosamente e para infelicidade da própria árvore, todos os anos esse entusiasmo passa rapidamente e, desde esse dia, ela ali está desprezada, toda enfeitada mas apagada e sem a atenção e centralidade que gostaria. Não sei como é na outras casas, mas pela indiferença que sinto nas minhas crianças, desconfio que afinal quem gosta mesmo de ter o pisca-pisca colorido a dominar o ambiente são mesmo os adultos. Não houvesse crianças e eu garanto-vos que deixaria de ter o trabalho de a montar, decorar, iluminar e, depois, desmontar, empacotar e armazenar. Ficaria para sempre sepultada num qualquer canto da garagem sob um manto crescente de poeiras.
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]