Atira para aquilo que vês e acerta naquilo que não vês.
Aproveitando o título escolhido para este texto, reconheço em mim algo de obtuso. Donde, a incompreensão perante a padronização dos consumos turísticos, actualmente na moda. Por isso, importará compreender todo o edifício construído pelo lobby do sector que impôs a actual ditadura, coagindo o tempo livre, detendo o poder sobre o nosso tempo livre. Inaceitável. É nas mãos desse poder (sem rosto) que está a informação factual sobre os destinos, assim como a produção e a gestão das expectativas e das representações dos potenciais clientes. Os objectos de consumo turístico adquirem maior visibilidade e protagonismo através das suas representações, do discurso publicitário, do que através das suas qualidades intrínsecas. A experiência turística, não raras vezes, é dissonante das expectativas criadas pelo discurso publicitário, ou, o discurso turístico afirma repetidamente que o turista muda(rá), enquanto que o próprio nativo permanece(rá) sempre inalterado. Depois, é num ambiente adverso que se assumem os compromissos: compra-se através de catálogo, devidamente produzido (cor, lettring, perspectiva, beleza, paisagem, o outro, o monumento), com preços convidativos (exclusivamente imbatíveis...), suportados pela solicitude dos colaboradores da agência de turismo/viagens que, pelo discurso, são uns felizardos e já visitaram todos os destinos possíveis e imagináveis.
Tenho uma enorme dificuldade em compreender como alguém escolhe; repito, escolhe um destino turístico para passar os seus dias de descanso, tendo por critério o "pacote" "oferecido". Compreensivelmente, as pessoas são obrigadas, por constrangimentos ou limitações orçamentais, a escolher destinos mais baratos, mais perto geograficamente e menos dias de veraneio. Agora, férias em pacote, famílias alargadas empacotadas num ditoso programa cultural, recreativo e gastronómico de qualidade duvidosa, isso não. Isso eu não compreendo, nem quero. Seriam demasiados constrangimentos e... I like the freedom to arrive anywhere or anytime off schedule by my way.
Isto está nos livros e eu ando a lê-los.