21 outubro 2013

ecfrase evidente ou oculta?


Aqui há tempos um intelectual amigo enviou-me esta imagem, desafiando-me para fazer uma leitura antropológica, iconológica ou iconográfica, ou aquilo que eu bem entendesse. Guardei a imagem e hoje lembrei-me dela. A propósito de tudo e a propósito de nada, enquanto mastigava o livro de Umberto Eco (2005), "Dizer quase a mesma coisa sobre a tradução", fui buscar esta Ceia dos Caretos, obra original de Luís Calheiros. Relação entre as duas obras, nenhuma, mas a alegoria desta última ceia com estes fantásticos convivas remete-me para a realidade que experimentamos: Enquanto quase todos sofrem, uma dúzia de convivas banqueteiam-se nas gorduras do estado e fazem-no alegremente e mascarando interesses, por hora, ocultos.
A minha dúvida em relação ao título deste texto refere-se, essencialmente, à tipologia adequada, pois se a ecfrase evidente ou clássica pretende ser uma tradução verbal de uma obra visual já conhecida ou que se tenciona tornar conhecida, a ecfrase oculta apresenta-se como dispositivo verbal que pretende evocar na mente de quem lê uma visão, o mais precisa possível.

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