30 junho 2014

instante urbano XXVIII

Adivinhava-se mais uma manhã igual a tantas outras passadas no Arquivo Distrital de Bragança. Lugar bonito, ambiente tranquilo e "mergulhos" ao século XIX e XVIII. Nessa manhã, mal me tinha instalado e ainda sozinho na enorme sala de leitura, sinto um anormal burburinho que se foi aproximando. Uma visita de estudo de alunos do ensino básico. À frente do grupo a técnica do Arquivo que iria guiá-los pelos diferentes espaços e que ao ver-me cumprimentou-me e pediu-me licença para me incomodar durante uns minutos.
- Concerteza... - respondi eu, antevendo o que iria suceder.
Num ápice me vi rodeado de dezenas de crianças que, sem cerimónia, se aproximaram até para lá (cá) do meu limite de espaço vital e de conforto. A técnica explicou aos miúdos o que se podia fazer naquele espaço e depois pediu-me para eu lhes explicar o que estava a fazer.
Tentando utilizar uma linguagem simples lá tentei demonstrar o que andava a investigar e para que servia essa investigação. Depois de uma curta apresentação e de algumas dicas da Técnica do Arquivo, para terminar a minha intervenção, perguntei se alguém queria saber mais alguma coisa.
Depois de um breve silêncio, aconteceu isto:
- Para que serve o computador? - pergunta um miúdo que estava com a cara colada ao monitor e que pelo aspecto não queria saber de mais nada a não ser do computador.
- Porque é que as folhas têm esta cor, estão tão amarelas? - pergunta outro.
- Mas o que estás aqui a fazer? - e outro...
- Tu não fazes mais nada? - e outro...
- Ficas aqui muito tempo? - e outro...
A todas as questões fui tentando responder até que a técnica, com um sorriso nos lábios, disse que era melhor continuarem a visita e deixarem o investigador trabalhar. Assim, foram.

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