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12 julho 2021

sistema de alarme

Bem no coração da cidade antiga do Porto, naquilo que seria a judiaria, encontrei esta relíquia. Trata-se de um sistema de alarme para incêndios da cidade colocado numa parede lateral da Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Desta caixa sai um cabo que liga ao sino da igreja. Em caso de incêndio, deveriam abrir esta caixa e tocar o sino o número de vezes consoante aqui indicado. Espectacular. Resta saber se este sistema estava instalado noutras igrejas da cidade.

03 julho 2021

gaiolas urbanas


Com a pandemia apareceram como cogumelos, um pouco por todas as cidades, estas plataformas amovíveis e, dizem, temporárias, subtraindo lugares de estacionamento nas vias públicas, para servirem de prolongamento às esplanadas de cafés, restaurantes e afins. Eu entendo a situação extrema e desesperada em que muitos desses negócios se encontram e a necessidade mais que urgente de começarem a facturar, assim como percebo as autarquias que, regulamentando permitem essa ocupação, e assim tentam minorar prejuízos e maximizar rentabilidade do espaço em benefício dessas actividades comerciais. Contudo, face àquilo que tem sido a percepção da utilização desses novos espaços, questiono se na relação custo/benefício, leia-se vendas e facturação nesses espaços, valerá a pena o investimento realizado na estrutura.
Do ponto de vista do cliente, e eu sou sempre cliente, não me vejo a utilizar esses espaços para consumir e socializar, pois para além da sensação de "engaiolamento humano", se repararem, muitas destas esplanadas-gaiolas estão encostadas ou em cima das faixas de rodagem, o que significa um acréscimo de risco e insegurança, assim como, com a intensidade de trânsito, há uma enorme e permanente libertação de gases e outros elementos nocivos, que serão sempre aditivos àquilo que se está a consumir na gaiola. 
Não muito obrigado.

01 julho 2021

31 de Janeiro, a rua

Na última década, talvez um pouco mais, o centro da cidade e, em particular, a zona histórica que foi reconhecida como património cultural da humanidade pela UNESCO, tem sido objecto de uma profunda e importante renovação urbanística e as suas principais artérias apresentam-se hoje de cara lavada. Poderemos discutir e até não concordar com as motivações, os propósitos e as consequências sociais e económicas desta evolução urbanística, mas se mais não for, pelo menos, teremos agora uma "baixa" renovada e asseada para as próximas décadas. Contudo, esse movimento reformista excluiu, declarada e estranhamente, a rua 31 de Janeiro. Outrora uma das artérias mais concorridas, onde diferentes sectores de comércio (calçado, vestuário, música, livros, lazer, banca, etc.) disputavam os espaços comerciais e onde a circulação de pessoas era intensa, encontra-se agora abandonada: sem moradores, com grande parte dos estabelecimentos comerciais fechados, com os edifícios a manifestarem abandono e degradação, alvos fáceis para o vandalismo e destruição, aliás, bem visíveis para quem passa.
Há muito que a rua 31 de Janeiro, no Porto, é para mim intrigante e deveria mesmo ser objecto de estudo. Como e porquê é que uma das ruas localizadas no coração da cidade, confluente com a Santa Catarina - ainda polarizadora do comércio de rua e de alguns serviços - deixou de atrair o comércio e seus clientes, deixou de atrair o investimento imobiliário e perdeu toda a sua centralidade naquilo que são os percursos pendulares dos habitantes da cidade e naquilo que são os percursos turísticos ou de quem visita a cidade?
Esta manhã, ainda não eram nove horas, desci a rua 31 de Janeiro e para além da constatação de tudo aquilo que aqui escrevo, logo no cimo da rua me apercebi de algo diferente. Um grupo de indivíduos limpava e pintava as fachadas, nomeadamente, as portadas, grades e vitrinas de lojas grafitadas e conspurcadas, de vários edifícios do lado esquerdo (para quem desce), e ao longo de toda a rua. Ao me aproximar pude verificar que eram mais de uma dezena de funcionários da Câmara Municipal do Porto, pois estavam equipados com casacos reflectores que os identificavam.
Para além de ter estranhado esta acção, logo me assaltaram algumas considerações:
a) Bem sei que é função da autarquia cuidar do espaço público, o que inclui também as fachadas dos edifícios, mas nenhum dos edifícios dessa rua é, que eu saiba, propriedade do Estado ou da autarquia, portanto, a obrigação dessa manutenção/limpeza/restauro não compete aos seus legítimos proprietários?
b) Porquê nesta rua e porquê só agora?
c) Porquê só as fachadas dos edifícios do lado esquerdo (para quem desce) da rua? Será por pertencer ainda (é um dos limites) à área urbana patrimonializada?
Não sei responder a nenhuma destas questões, mas gostaria que alguém me pudesse explicar.
O mais que aparente abandono da 31 de Janeiro permanece sem explicação e sem justificação.