15 fevereiro 2007

TPC 1

"A história de vida de um copo"
Quando nos é proposto escrever a história de vida, ou da vida, de alguém ou algo, devemos começar por encontrar os pontos-chave dessa existência. Os momentos principais que marcam o seu percurso desde a sua origem até ao seu desaparecimento.
Assim sendo, proponho-me falar-vos de um copo que, por artes mágicas ou imposição de uma qualquer hierofania, se transformou no copo. Único e irrepetível. No meio de dezenas, centenas ou mesmo milhares de copos, este e só este, passou a ser diferente. Foi o que escolhi. O local e a data de sua origem não importam, mas a data da sua aquisição, isso sim, importa e muito, pois a sua existência por completo se modificou, desde o momento em que me foi oferecido.
A sua forma, volume, cor ou feitio são as ideais para comigo poder estabelecer uma relação. A sua textura é a indicada face às minhas expectativas. Os seus momentos-chave, que prefiro designar por prazeres são, ainda que numa aparente monotonia quotidiana, o acamar de duas pedras de gelo, que depois se derretem numa dose generosa de whisky.
Até quando poderá existir e partilhar comigo estes momentos não sei, até porque por perto rondam perigos vários. Salvaguardando todas as eventualidades, guardei religiosamente o outro copo, irmão oferecido deste, para mais tarde o vir a substituir e, então, ser o copo, com uma outra e única história de vida.

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