Em dia de fim-de-semana, numa viagem da Capital para o Porto, com a família mais que completa e porque o tempo estava agradável, pudemos fazer um intervalo. Por sugestão da mãe, a filha quis ir ver o sítio onde a "mãe" do céu apareceu aos pastorinhos. No 13 de Maio, altura em que nos canais portugueses, anualmente, assistimos a uma dose superlativa mas não analítica da hierofania local, o nosso rebento, curioso e não conseguindo atingir o sucedido, gravou na sua fresca memória esses fantásticos acontecimentos. Não imaginam a alegria da criança em pleno Santuário a perguntar, perguntar, perguntar.... e a surpreendente capacidade de imaginação nas respostas que nós, os progenitores, iamos dando em catadupa... sem, no entanto, racionalizarmos o que dizíamos... mas também não fará qualquer mal, pois estavamos no centro do mundo da imaginação, do fantástico, do magnifico mundo da fé e da crença em algo que, em muito, nos ultrapassa e será para todos nós eternamente intangível.
Deambulamos por todo o recinto, cumprimos os movimentos de todos e, mãe e filha miméticamente visitaram os lugares de eleição - igreja, capela e queimador de velas.
Para mim, ficaram os pormenores, numa atitude de observação não-participante vi: o altar do mundo de Maria, rodeado do mais puro dos ambientes, circundado por inumeros e sangrados joelhos e cotovelos, que num movimento eterno circunvalam, expiam seus pecados e pagam suas promessas; o self-service de velas - autentica bomba de abastecimento, na qual cada um paga o que entende...; o depósito de ex-votos em cera - pernas, narizes, pés, peitos, bocas, olhos, entre outros e um pouco de cada, como provas materiais de uma experiência sofrida; o silêncio supulcral a que todos se obrigam para a oração; a imponência de toda a construção e dos espaços; os constantes orifícios, espalhados pelas paredes de todo o recinto com a correspondente indicação (...esmolas....donativos....ofertas...); parte daquilo que será a maior, a mais espanpanante, a mais luxuosa, a mais dignificante construção mariana, ou seja, a nova catedral ainda em construção; e o mais incrivel, o afluxo de pessoas que em movimentos ininterruptos e mais ou menos organizados circulam pelo recinto e instalações.
Era um dia de Domingo e foi só um interstício.
Sem comentários:
Enviar um comentário