Ontem à noite visitei um amigo. Dei comigo a percorrer velhas, gastas, abandonadas e escuras ruas de sua aldeia situada no território do Parque Natural de Montesinho. Esse facto por si não significaria nada de novo ou extraordinário, nem sequer a visita a essa aldeia foi novidade. Contudo, esse passear pela aldeia permitiu-me experimentar sensações que há muito não me era possível sentir. O cheiro a feno, a palha, a bosta e a vacas, numa mistura odorífica que, de imediato, me recordou tempos idos, de infância e juventude, nos quais a cada visita à aldeia de sempre experimentava. Tal como comentei com o meu parceiro de passeio nocturno e natural dessa aldeia, que sentimento nostálgico me atingiu e como me soube bem inspirar profundamente aquele ambiente, que espero nunca esquecer.
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
30 setembro 2008
26 setembro 2008
Protesto
Boicote DECO às gasolineiras! Contra os abusos das petrolíferas, não abasteças amanhã (Sábado). Divulga e depois adere. Agradeceremos todos.
24 setembro 2008
23 setembro 2008
amontoados
O pó dos livros é o tempo da sua existência e o pó do nosso tempo
Foram mais ou menos estas as palavras de Eduardo Lourenço, recolhidas na última edição da revista Ler, que me levaram para pensamentos e reflexões várias, algumas delas bem presentes e bem sentidas na existência do eu na vida dos dias. Para além das questões ou da verdade técnica e de todas as consequências fisiológicas - renites, sinusites, alergias, entre outras, que poderão contradizer aquilo que vou afirmar, sei que gosto do pó que se acumula nos livros. Não me lembro de algum dia ter limpo os meus livros e, lá em casa, é sabido que o pó dos meus livros, normalmente arrumados e localizáveis, não é para limpar, aspirar ou varrer... quando muito, a senhora que lá vai tratar dessas questões higiénicas tem autorização para limpar a mesa, que serve de secretária e as estantes, mas sem tocar nos livros. (Bastaria dizer para os limpar e ela logo passaria não só um pano, como também um qualquer produto para lhes dar mais brilho...)
Os livros, os meus, são-me necessários e bem por perto. Relação que poderia denominar de proximidade, na medida em que preciso da sua presença continuadamente. Tipo experiência sensorial, na qual os sentidos todos, ou quase todos, são chamados a intervir.
Tal como para os demais, o pó dos meus livros é o meu pó. O pó que acumulei ao longo da minha vida, por isso não gosto que apaguem esse depósito de memórias várias e tantas. É nos meus livros, peças únicas em que fui depositando o dinheiro que tive e, por vezes, o dinheiro que não tive. Que está parte do meu tempo, que não é muito nem pouco, não será melhor nem pior, que foi bom e que foi mau. Enfim, tem sido a minha viva experiência.
22 setembro 2008
adenda ao post anterior
Ainda a propósito da actual situação mundial, hoje no Público e na sua crónica de dia sim dia não, Rui Tavares fala-nos da CRISE... Ainda tentei entrar no Público online para poder colocar aqui apenas um link, mas a visualização dos artigos é exclusiva para os assinantes (porque raio teimo eu em gostar e em ler este jornal diariamente!?...). Assim, a única hipótese para poder partilhar convosco esta crónica de Rui Tavares, que teima em escrever bem demais, foi digitalizar a versão impressa e colá-la aqui... e fi-lo porque, para além do mais, gosto da escrita deste historiador e sou leitor atento da sua "Crónica sem Dor". Muito bom, ampliem e provem!
21 setembro 2008
esgrimas e paliativos
Nestes últimos dias não conseguimos fugir do tema. Foi impossivel evitar o drama da economia mundial. Muito se disse e comentou, viu e escutou. Tem sido interessante (para mim) perceber as várias opiniões e o esgrimar dos argumentos em confronto: de um lado os acérrimos libeirais, nos seus mais variados formatos - neo, ultra, dogmáticos ou ortodoxos, que apesar de abalados, lá vão lambendo as feridas na esperança de não haver mais infeccões ou complicações. Do outro lado, um tipo de socialistas, adormecidos e já quase obsoletos, que encontraram nesta situação a oportunidade para sacudir o pó da sua indumentária verbal e reajustar a sua inabilidade face à actual conjuntura.
Concerteza que o capitalismo não acabará amanhã, nem ruirá depois de amanhã e, para além disso, convirá relembrar que foi sob o paradigma capitalista que o mundo conheceu, provavelmente, o seu maior salto civilizacional, no sentido de que tirou milhões de indivíduos de um estado crónico de pobreza e miséria.
Agora e perante o sucedido gostava de ver, ouvir e ler o que têm a dizer todos aqueles e aquelas que durante estas últimas décadas defenderam a mão invisivel do Mercado, daqueles que transformaram esse Mercado no ser omnipresente, omnisciente e capaz de tudo e mais...
Também não deixa de ser interessante verificar a diferença das reacções dos tais liberais perante as nacionalizações (de lucros) na Bolívia e arredores e, agora, perante a nacionalização dos prejuízos americanos...
Depois de tanto ostracizarem e relegarem os Estados para posições meramente residuais e dispensáveis, não deixa de ser metafórico, eu diria mesmo, iconográfico, ver os Estados e, neste caso, o Estado Americano a salvar um dos pilares dessa lógica liberal e expoente máximo dos discursos e sistemas actuais, idealizados, pensados, construídos e liderados por essa espécie de iluminados, que vivem bem longe da realidade mundial e das vidas das pessoas, e cujo único conhecimento é o termo lucro. Por esta ignorante e pobre visão de meia-dúzia abrigados pelo esquema de roda-livre neo-liberal, vemos agora o Estado com o dinheiro que é de todos os contribuintes (muitos dos quais nunca beneficiaram um dolar com estas empresas) pagar essa incompetência... estranha e pouco justa situação!...
Por outro lado, também convirá referir que seria uma completa irresponsabilidade o Estado Americano não ter feito o que fez, mas como muitos têm dito, chega a ser engraçado ver o velho paradigma estadista socialista intervir e assim resgatar de uma morte certa a seguradora AIG (que nos EUA funciona mais ou menos como a Segurança Social portuguesa, na medida em que é depositária e milhões de PPRs e outros planos de poupança e reforma, substituindo essa função do Estado). Como nos sentiríamos nós portugueses se tudo isto acontecesse em Portugal e se, de um dia para outro, grande parte dos nossos cidadãos ficassem na eminência de perderem as suas poupanças e as suas reformas!?...
Sem qualquer piada, admito que não deixo de estar satisfeito com este tropecção da libertinagem neo-liberal. Já aqui o disse e vou repetir, porque acredito: tudo isto está a levar-nos, e rapidamente, para o fim e sem saber o que aí virá , importante é que venha algo novo, diferente e, já agora, melhor.
14 setembro 2008
As Histórias na sua Casa
Venho por este meio informar/convidar todos(as) para a apresentação do meu trabalho "Histórias de Escano e Soalheira" que terá lugar no próximo dia 18 de Outubro pelas 18:30 horas na Casa do Livro, sito na Rua Galeria de Paris, 85 (perto da praça dos Leões e da Torre dos Clérigos) da cidade do Porto.
12 setembro 2008
Actualidades
- Num presente em que sabemos, toda a gente sabe, que o preço do barril de petróleo está em queda livre, estando já abaixo dos 100 dólares, as gasolineiras não acompanham essa descida. Só timidamente vão retirando um ou dois cêntimos a cada litro. Uma vergonha, um roubo público e descarado e nem por isso as entidades competentes reagem... porquê!?...
- E a senhora que pretende ser a vice-presidente dos EUA, na sua primeira grande entrevista espalhou-se a todo o comprimento!... para tal bastou dizer que põe a hipótese de declarar guerra à Russia caso esta volte a invadir a Georgia. Assim se conhece a mentalidade da América profunda...
10 setembro 2008
Destaque na LER
Aí está mais um número da Revista LER. Desde Sábado nas bancas e desde 2ª feira na minha mala. Desta edição, que agora leio, gostaria de referir dois momentos. O primeiro, como poderão desde logo perceber pela capa, a conversa pensada de Eduardo Lourenço acerca de tudo e mais, mas principalmente acerca de livros e de Fernando Pessoa, a quem chama de "o nosso Pessoa" e cujo trabalho enaltece afirmando que ...não há questão nenhuma , ainda hoje, que nos interesse, que de uma maneira ou de outra não esteja na obra do Pessoa.
O 2º momento é a rubrica Cuidados Extensivos assinada por Francisco Belard e o texto "Escravos" onde nos fala acerca dos diferentes discursos sobre a escravatura.
E assim, muito depressa, depressa demais, se lê... aguardemos pelo mês seguinte.
À procura de Higgs
Mas quem será esse tal de Higgs, que leve a tamanho investimento mundial!?... Então não é que supostamento hoje o mundo poderia ter sido engolido por um buraco negro e ninguém me avisou!?... então e tudo aquilo que eu tinha para finalizar!?... Só agora o soube, agora que o dia chega ao fim e o perigo já passou.
Fiquei fascinado com o relato do início da experiência LHC (Large Hadron Collider), utilizando uma gigantesca máquina aceleradora de particulas, levado a cabo pelo CERN (Laboratório Europeu de Física de Partículas) que poderá permitir recriar o momento do Big Bang. Consegui perceber, como em tantos outros momentos, muito ruído, muita especulação pífia, muita teoria da conspiração construida (e desconstruida) e até tentativas jurídicas de anulação desta experiência. Mas ela aconteceu mesmo e ainda bem. É sem dúvida um grande momento para a ciência e para a compreensão do nosso (e outros) universo(s). Para além do mais, e como alguém escreveu na esfera dos blogues, estará aqui a janela para o reforço da ideia de dimensões extras, de universos paralelos e logo para a imortalidade da alma, ainda que em outras dimensões, seja o Céu ou o Inferno.
Por fim uma imagem que ilustra bem o pormenor e a segurança de tal realização. Podemos todos ficar descansados, pois haverá sempre antídotos para todos os males...
(talvez devesse haver mais destes sistemas de emergência por todo o mundo!.. Certo!?...)
05 setembro 2008
A ver se desta é de vez...
No dia em que ocorrem as segundas eleições livres em trinta e três anos de independência e as únicas nos últimos dezasseis anos, é com grande expectativa que se espera que os 8 milhões de eleitores angolanos possam exercer o seu direito de voto, de forma livre e independente.
02 setembro 2008
O Portugal de MEC
Nota Prévia:
Apesar de ter sido, em tempos, uma referência literária para mim, desde há muito que não consigo ler o que seja que este senhor escreva (talvez um ou outro artigo em revistas ou jornais)... mas há uns meses passou na televisão este testemunho de Miguel Esteves Cardoso. Apanhei-o a meio e não assisti a tudo, mas felizmente, hoje em dia isso não é irremediável e por isso aqui está. Para quem tiver paciência.... penso que vale a pena.
01 setembro 2008
Mudanças de Caixas de Correio
Caros(as) Amigos(as),
Por motivos maiores do que a razão poderá compreender acabei com a minha conta de email da TMN (valedovale@mail.tmn.pt), portanto agradeço que toda a correspondência passe a ser enviada, provisoriamente, para os seguintes emails:
ou
Pedindo desculpa pelo estorvo,
A todos e todas,
Obrigado.
Caixeiro Viajante
Neste dia primeiro do mês de Setembro, dia primeiro também depois do regresso da pausa estival e de volta à quase-rotina da vida, porque encontro muitas afinidades com os modos e com as itinerâncias das suas vidas, assinalo o dia (mundial [!?]) do Caixeiro Viajante.
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