Numa destas últimas noites viajei, uma vez mais, de Bragança para o Porto. Tal como tantas outras vezes, saí de Bragança muito tarde, já perto da uma da madrugada e previa uma viagem rápida e tranquila. Logo à saída da cidade e depois de passar Rebordãos, as obras da A4 obrigam-nos a um desvio pela Nacional 15. A zona do Remisquedo, sopé da serra, é sombria e com vegetação densa. Olhei para o cimo da serra e onde com a luz do dia encontraria as enormes antenas da Marconi, descobri um forte clarão de tom alaranjado. Um incêndio, pensei eu. Só pode.
Apesar da viagem ainda mal ter começado, eu estava cansado e nesse momento o pânico tomou conta de mim. A serra de Nogueira - a minha serra - estava a arder. Parei por momentos a olhar para aquela luz que iluminava a noite e as nuvens do cimo da serra. O que fazer?... Ligar para o número de emergência?... Ainda peguei no telemóvel, mas ali não tinha rede. Avancei rápido à procura de lugar onde captasse rede e pudesse ligar. Estava decidido a fazê-lo.
Quando chego à zona de Sortes, a sul da serra, espreito novamente para o cima da serra e percebo que afinal o clarão que antes me parecera um incêndio, era apenas a iluminação pública que agora (e não sei desde quando) existe no Santuário da Senhora da Serra. Antes isso, pensei eu e segui tranquilamente cansado até às faldas da Invicta.
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