---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
27 maio 2014
25 maio 2014
mediascape: selfies
Agora que estou a ver a Quadratura do Círculo e a ouvir o Pacheco Pereira, lembrei-me do seu artigo de ontem, "dia de reflexão", no Jornal Público. Num artigo intitulado "O dia da censura", em que o autor se questiona sobre aquilo que se pode ou não pode dizer, perguntar, ou mesmo pensar no dia de reflexão para as eleições europeias, a determinado momento escreve:
"...Ou de como o selfie do PS é uma afronta aos direitos humanos da câmara fotográfica que teve de rebaixar a sua condição de telefone inteligente para minimizar o ar de parvos dos fotografados, que é o aspecto que os selfies dão às pessoas? Será que posso hoje falar em nome dos direitos da máquina, obrigada a estas violências?"
granta portugal
Com o número três já nas bancas, confirma-se a iniciativa da editora Tinta da China. Pena é não ser mais assídua, pois a sua qualidade é excelente. Queremos mais.
22 maio 2014
relíquias
Dois livrinhos encontrados no acervo do Padre Manuel Vale, relativos à novena da Senhora da Serra. Quando fiz trabalho de campo e escrevi (2007) acerca desse santuário li muitas referências a estes velhos livros, mas nunca os tinha encontrado. Aí estão. Um de 1836 e outro de 1890. Bonito.
15 maio 2014
a floresta
Mais um excelente número (42) da colecção «ensaios da fundação». Neste ensaio o autor propõe-nos um olhar sobre a nossa floresta, um dos principais recursos do país. Perceber as suas indústrias, a sua biodiversidade, os serviços ambientais, os ecossistemas, os riscos activos, dos quais se destacam os incêndios. Leitura importante para quem também se interessa pelas questões da ruralidade.
02 maio 2014
Tio Padre Manuel (R.I.P.)
Na aldeia a sua fama era de pessoa inacessível e de difícil trato. Apenas os seus sobrinhos mantinham uma relação mais ou menos próxima e cordial com ele. Dizia-se que ele nunca quis ter uma vida de sacerdote, que ele quando era jovem era um rapaz muito pimpão e com muitas pretendentes. Terá sido uma promessa a sua mãe a força que o empurrou para essa vida.
Foi já muito perto do seu fim que consegui vencer os meus preconceitos e dirigir-me a ele. A propósito da história de vida de D. Manuel António Pires que estou a escrever, sabia que ele tinha sido seu secretário pessoal em Silva Porto - Angola e, portanto, seria uma fonte importante de informações e documentações. Assim foi. Visitei-o três vezes no início de 2013, ainda não estava doente e pareceu-me sempre bastante lúcido, apesar das falhas de memória. Afinal, encontrei alguém com muita vontade de falar, prestável e até afável... Contou-me muitos episódios da sua aventura em África e enquanto secretário do Bispo de Silva Porto. Mostrou-me fotografias e documentos. Emprestou-me todo o material que eu quis. Confidenciou-me que nunca gostou muito de ser pároco e de aturar paroquianos e que foi essa a principal razão pela qual aceitou ir para Angola. Falou-me do seu padrinho, sua grande referência na vida e de como gostava de "grabanços".
Desde então não voltei a falar com ele. Sei que o seu fim foi um processo lento e de alguma agonia. Faleceu hoje, dia 1, quando contava já noventa e muitos anos. Com ele, desaparece a sua geração na família. Lamento a sua morte e lamento, acima de tudo, não ter tido a sensibilidade para o ter conhecido mais e melhor.
[Imagem: Pe. Manuel Vale (2º à esquerda), com outros 3 missionários a jantar a bordo do navio Pátria entre Lisboa e Luanda no início da década de 60. Fotografia do seu acervo pessoal.]
[Imagem: Pe. Manuel Vale (2º à esquerda), com outros 3 missionários a jantar a bordo do navio Pátria entre Lisboa e Luanda no início da década de 60. Fotografia do seu acervo pessoal.]
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