Ando à procura de um pequeno texto que sei que escrevi sobre o conceito de "escrevente", que um dia encontrei em Roland Barthes. Penso até que já o trouxe para aqui, mas como não o consegui encontrar, resolvi folhear todos os cadernos de apontamentos dos últimos anos de rascunhos e escritas. Ao fazê-lo, entre várias idiotíces para mais tarde recordar e às quais irei, com certeza, regressar, dei com um curto texto ao qual dei o nome "pilosidades" e no qual reflectia sobre o drama de ver surgir, das cavidades faciais, cada vez mais pelos. Na altura não o publiquei provavelmente por pudor, mas ao relê-lo, uns anos depois e com mais pilosidades para cuidar, aqui vai...
Sempre achei horrível e até falta de higiene, os homens não terem cuidado com os pelos que lhes vão nascendo um pouco por toda a cabeça e em concreto no rosto e arredores, ou seja, ouvidos, orelhas, narinas e mesmo nas sobrancelhas. Sempre associei esse fenómeno a idades maiores, como que sinais de envelhecimento. Pois bem, eu ainda estou para entrar nos quarenta e já encontro, aqui e ali, um ou outro pelo, que sem autorização emerge e se mostra ao mundo. A vontade é arrancá-los de imediato, mas como dói e ainda não são significativos, tenho optado pelo corte rente de forma a não estarem visíveis. Outro problema são os desalinhados fios de pelo que teimam em surgir nas fortes sobrancelhas. Raios os partam, ou pelo menos, depilem. Numa atitude aproximadamente metro e tentando salvaguardar a imagem que vejo reflectida no espelho, vou aparando-os e redireccionando-os, procurando mantê-los na ordem estabelecida. Enfim, sinais do tempo que vai também passando por mim.
(28 de Março de 2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário