Não é preocupação nova, nem é assunto novo aqui. Aproveitando uma rápida visita a Bragança, adquiri o mais recente número da revista Brigantia - volume XXXIII, agora propriedade e editado, pela primeira vez, pela Comunidade Intermunicipal de Trás-os-Montes. É um número especial dedicado aos 150 anos de nascimento do Abade de Baçal e que contempla em exclusividade a obra "Gente de Mirandela" do Pe. Erneste Sales (colaborador e informante do Abade de Baçal) de 1916, numa leitura realizada por Jorge Sales Golias e Telmo Verdelho.
São várias as diferenças em relação às edições anteriores, que na capa costumavam trazer uma imagem de um estrafogueiro e nesta não. As capas não têm badanas, o papel é melhor, mas a cartolina das capas é mais fraca. A própria encadernação não é tão boa e tem uma lombada larga demais para o número de folhas do livro, o que deixa no toque uma impressão de amadorismo ou de desleixo na paginação e acabamento.
Para além destas pequenas, mas não insignificantes, mudanças, aquilo que me parece importante realçar é o percurso degenerativo que a revista percorre. De revista regular e essencialmente etnográfica, etnológica e antropológica, passou nos últimos anos a revista de efemérides e de homenagens. Inadmissível. O meu alerta já foi dado várias vezes e em diferentes momentos e instituições, mas nem por isso alguém se importou com a sua perda qualitativa. Não só fico triste com esta realidade, como também acho que não faz sentido deixar perder esta referência cultural, ou melhor, de produção cultural da região transmontana. O seu a seu dono, mas assim não.