19 janeiro 2017

boicotar leitura

Apesar de acreditar que são necessários e fazem mesmo parte da nossa vida em comunidade, não tenho por hábito partilhar e solicitar boicotes ou manifestações. Eu aceito-os, subscrevo-os e participo neles, mas serão sempre coisas minhas. Também, por muito que me custe, boicotar a leitura, apenas isso, a leitura, é algo que me repele, mas neste caso não posso estar mais de acordo e assim farei. Aliás, já o fiz há algum tempo e aqui dei nota disso, não estou arrependido. Como não existo no universo facebook, roubo o texto do blogue Entre as brumas da memória, solicitando aos meus parcos, mas excelentes amigos que, por empatia ou simpatia, leiam o apelo de Mário de Carvalho e assim procedam. Agradeceremos todos. 

«Possuo cerca de 5000 amigos no FB. Não conheço a maioria, mas, para terem aqui apostado, benevolentemente, é porque são gente de bem. Eu venho então, assim confiado, solicitar-lhes uma coisa que uma já longa convivência consente: POR FAVOR, DEIXEM DE COMPRAR O PÚBLICO. O jornal foi abastardado, transformou-se numa tarjeta panfletária de interesses muito localizados, muito desmascarados, muito à mostra. Todo um fingimento descaradamente foleiro. Não há, a nenhum respeito, a menor confiança naquilo. Um cartaz ou uma pichagem («Vivam os nossos amados patrõezinhos, mai-las suas opiniões!») resolvia-lhes o servilismo, escusavam de tanto aparato de letras e bonecos. Menos 5000 leitores, eu sei, significa pouco. Basta que o engenheiro beneficiário suba o preço de alguns iogurtes e estará compensado. Mas o sentimento de deixarmos de andar enrolados numa farsa, encenada por gentalha menor, também compensa não?» Mário de Carvalho

2 comentários:

Anónimo disse...

Será que a liberdade de escolha, pensamento, escrita e leitura é só para alguns??!?!?

Luís Vale disse...

Não, essas liberdades são para todos e, por isso mesmo, podemos e devemos subscrever o que bem entendermos. Ao fazer a pergunta (ao que parece indignado(a) e sem se aperceber (ao que parece crédulo(a)), não está mais do que a aceitar o pressuposto de que deveremos ficar satisfeitos e resignados perante liberdades aos retalhos. Aparenta ser um defensor de uma liberdade só para quem manda e pode, ditadura e obediência para não manda e não pode. Assim li o seu comentário.