É preciso falar de educação de forma concreta. A educação é quando a avozinha ou o avozinho vai lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho. Isto é educação, estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças. Obrigar alguém a ter um gesto físico de intimidade com outra pessoa como obrigação coerciva é uma pequena pedagogia que depois cresce.
Esta foi a frase proferida por Daniel Cardoso no programa Prós e Contras, do passado dia 15 de Outubro e que veio incendiar os media e, principalmente, as redes sociais. Não vi em directo esse programa que se dedicava, em especial, ao movimento me too, e só muito depois me apercebi do que acontecera e, em particular a esta peculiar afirmação.
Eu aceito todas as teorias científicas, toda a evolução do discurso científico e a possibilidade da diversidade exploratória e/ou hipotética das noções, dos constructos e dos conceitos que almejam a teoria, o princípio ou regra geral em ciência, ainda que possa não concordar com ela. Para além disso, o que mais existe no edifício da ciência são ideias, princípios, conceitos e teorias, proscritas, assim como idiotas desacreditados.
Sobre esta afirmação apenas quero dizer o seguinte: não quero saber se existe ou não conhecimento científico(?) construído sobre o assunto, importa-me manifestar o meu completo desprezo por este tipo de discurso, proveniente por uma minoria que, sob todas as formas e através de todos os meios à sua disposição, procuram fazer vingar a sua agenda, ou seja, normalizar aquilo que é uma anormalidade e, acima de tudo, ostracizar o comportamento afectivo dos indivíduos, sejam eles adultos ou crianças, naquilo que é a relação afectuosa/amorosa familiar e entre gerações, numa missão evangelizadora daquilo que consideram ser o ideal de comportamento entre as pessoas. Numa palavra: aberração.
post-scriptum - ao escrever estas linhas lembrei-me da agenda do tão famoso "politicamente correcto" e de que no seu fundamentalismo/radicalismo/univocidade, é bem capaz de tolerar, ou mesmo defender, este tipo de afirmações. Que estupidez! Uma vez mais, reafirmo: aberração.