25 outubro 2018

mediascape:assumpção

"Nestas eleições, eu não votaria no Brasil."
Assunção Cristas, líder do CDS-PP, na Rádio Renascença.

Para memória futura. E, acima de tudo, como testemunho de como se assumem posições políticas claras e inequívocas no que diz respeito ao que se deseja para a sociedade...

19 outubro 2018

granta

Chegou ontem, na volta do carteiro, o número dois da Granta em língua portuguesa, a última edição coordenada por Carlos Vaz Marques e cujo tema é: Deus/es. Vamos ler.

mediascape:aberração

É preciso falar de educação de forma concreta. A educação é quando a avozinha ou o avozinho vai lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho. Isto é educação, estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças. Obrigar alguém a ter um gesto físico de intimidade com outra pessoa como obrigação coerciva é uma pequena pedagogia que depois cresce.

Esta foi a frase proferida por Daniel Cardoso no programa Prós e Contras, do passado dia 15 de Outubro e que veio incendiar os media e, principalmente, as redes sociais. Não vi em directo esse programa que se dedicava, em especial, ao movimento me too, e só muito depois me apercebi do que acontecera e, em particular a esta peculiar afirmação.
Eu aceito todas as teorias científicas, toda a evolução do discurso científico e a possibilidade da diversidade exploratória e/ou hipotética das noções, dos constructos e dos conceitos que almejam a teoria, o princípio ou regra geral em ciência, ainda que possa não concordar com ela. Para além disso, o que mais existe no edifício da ciência são ideias, princípios, conceitos e teorias, proscritas, assim como idiotas desacreditados.
Sobre esta afirmação apenas quero dizer o seguinte: não quero saber se existe ou não conhecimento científico(?) construído sobre o assunto, importa-me manifestar o meu completo desprezo por este tipo de discurso, proveniente por uma minoria que, sob todas as formas e através de todos os meios à sua disposição, procuram fazer vingar a sua agenda, ou seja, normalizar aquilo que é uma anormalidade e, acima de tudo, ostracizar o comportamento afectivo dos indivíduos, sejam eles adultos ou crianças, naquilo que é a relação afectuosa/amorosa familiar e entre gerações, numa missão evangelizadora daquilo que consideram ser o ideal de comportamento entre as pessoas. Numa palavra: aberração.

post-scriptum - ao escrever estas linhas lembrei-me da agenda do tão famoso "politicamente correcto" e de que no seu fundamentalismo/radicalismo/univocidade, é bem capaz de tolerar, ou mesmo defender, este tipo de afirmações. Que estupidez! Uma vez mais, reafirmo: aberração.

novo projecto


Estou desde hoje, oficialmente, envolvido no projecto SHARE - Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe, naquilo que é a sétima "vaga" realizada em Portugal. Este é um projeto multidisciplinar e multi-nacional que disponibiliza dados sobre a saúde, o estatuto sócio-económico e as redes sociais e familiares de mais de 120.000 indivíduos, com 50 anos ou mais (cerca de 297 mil entrevistas) de 27 países europeus (+ Israel).
Para além do interesse profissional que me motiva à participação, há também o interesse académico e a possibilidade de aceder, gratuitamente, a esta gigantesca base de dados relativa às gerações mais velhas da população de muitos dos países europeus (+ Israel).
Para conhecerem o projecto e/ou para se inscreverem e terem acesso a este acervo, consultar aqui.

08 outubro 2018

sim

Sou também louco pela montanha. (...) Caminhar por entre as colinas, simplesmente caminhar e olhar. (...) Não sou uma criatura do mar, um amante da democracia das praias. A montanha opera uma selecção rude. Quanto mais se sobe, menos gente se encontra. A solidão é, sem dúvida, a grande prova. Valerá a pena viver-se, viver consigo próprio?
(George Steiner, 2006:143)
Viver de ti. Só.

decência

Uma boa, ou melhor, uma alegre notícia a atribuição do prémio Nobel da Paz a Denis Mukwege, médico ginecologista congolês, e a Nadia Murad, activista e ex-escrava sexual dos extremistas do Estado Islâmico. Duas personalidades discretas e sem direito aos grandes palcos mediáticos, que na sua vida quotidiana contribuíram, e contribuem, efectivamente para denunciar os crimes de violência sexual que vitimam milhares de mulheres em todo o mundo. Esta notícia é tanto mais importante e relevante, quando nos media e durante os últimos meses, se especulou sobre a possibilidade de este prémio ser entregue a Donald Trump e a Kim Jong-un, o que seria não só uma estupidez, como uma autêntica palhaçada.
Afinal ainda há esperança.

04 outubro 2018

subscrevo

Tudo o que importa agora é política e não cultura. Não aceito isso. Acho que a cultura é superior à política. A política é interessante e importante e vital, e sou uma analista política, mas ponho a cultura num plano mais elevado. 
Camille Paglia, in revista Ler nº 149, página 78.

instantes

Perceber que teremos alguns minutos de paz e sossego para a leitura, mesmo que apenas pequenos instantes, é sempre uma alegria. Depois, depois é só reunir esses recantos do nosso tempo e verificar aquilo, o tanto, que conseguimos.

02 outubro 2018

desalento

Conheci Robert Mapplethorpe através do livro "Just Kids" (2010) de Patti Smith, no qual a autora lhe dedica a narrativa dos seus anos de juventude, do seu relacionamento e da sua separação. A descoberta dessa personagem trouxe a normal curiosidade sobre ela e bastou uma pesquisa no Google para satisfazer esse interesse. Agora que uma exposição de obras suas está patente em Portugal e, ainda por cima, no Porto, preparava-me para a ir visitar, mas com toda a polémica que se instalou à sua volta, com o completo esvaziamento de qualquer putativo interesse estético ou artístico dessa colecção e a sua transformação num conjunto de imagens pudicamente ofensivas à moral e aos bons costumes da nossa parvónia, perdi a vontade. Já não vou. Lamento perder esta oportunidade próxima, mas desconfio que aquilo que está agora a acontecer em Serralves é apenas um exercício voyeurista.

(na imagem, roubada do google, Patti Smith e Robert Mapplethorpe)

01 outubro 2018

esquecimento

Foi no momento em que arquivava a revista LER de Verão (nº 150) que verifiquei, com espanto e incrédulo, que não tinha adquirido o número anterior (nº 149), relativo à Primavera deste ano. Como foi possível tal esquecimento, foi o pensamento que me acompanhou durante os dias seguintes. Depois desse sobressalto inicial, logo tratei de a adquirir. Agora, que já cá está, retroactivamente, vou LER.