29 dezembro 2019

the goal

I can't leave my house
or answer the phone
I'm going down again
but I'm not alone
settling at last
accounts of the soul
this for the trash
that paid in full
as for the fall - it began long ago
can't stop the rain
can't stop the snow
I sit in my chair
I look at the street
the neighbor returns my smile of defeat
I move with the leaves
I shine with the chrome
I'm almost alive
I'm almost at home
no one to follow
and nothing to teach
except that the goal
fall short of the reach.

(Leonard Cohen, in "Thanks for the dance", 2019)

26 dezembro 2019

gosto

Chegou-me através da minha filha que, estando apaixonada pela Alemanha e sua língua, descobriu este jovem de voz rouca a cantar, normalmente, em alemão. Não percebo uma palavra, mas o rapaz canta bem e a música dele é agradável. Neste vídeo, um cover de Kylie Minogue. Gosto do original e gosto deste cover.


23 dezembro 2019

de tão óbvio...

O problema da esquerda contemporânea é o das particulares formas de identidade que têm crescentemente escolhido celebrar. Em vez de construir solidariedade em torno de grandes colectividades como a classe operária ou os explorados economicamente, tem-se focado em grupos cada vez mais pequenos que são marginalizados de maneiras específicas. Isto é parte de uma história mais ampla do destino do progressivo moderno, em que o princípio do reconhecimento universal e igual se transformou no especial reconhecimento de certos grupos.
(Francis Fukuyama, in IDENTIDADES, 2018:114)

rica metáfora

Tantos capadores há no mundo e quanta porca fica por capar...

mal regresse, vou comprar

pré-Natal

Todos os anos é a mesma conversa, o mesmo ritual. Já não adianta repetir o enfado em que se transformou o Natal. Por estes dias de pré-coiso, numa das frenéticas visitas a um espaço comercial, ouviu-se o seguinte diálogo entre duas lojistas:
- Eu não entendo. As pessoas andam todas agitadas, stressadas e carrancudas, em vez de andarem alegres e descontraídas por ser Natal.
- Pois é. Mesmo. Não sei porquê.
(silêncio)
Pois bem. Eu entendo. Retirem a obrigatoriedade de comprar presentes no Natal e a agitação e o stress terminariam. A disposição das pessoas seria logo outra. Não tenho dúvidas.
Um dia hei-de conseguir.

entre paredes

- Porque não sais comigo?
- Eu não saio com ninguém.
- Em cinco anos, só te conheço entre estas paredes...
- São as minhas paredes, não há mais para conhecer.

inundados ou submersos

Esteve, ainda está, o país debaixo de um dilúvio de água e vento. A Comunicação Social não fala de outra coisa e o circo é o mesmo de sempre, o de uma catástrofe nacional. Eu estarei sempre solidário com os cidadãos que sofrem directamente com estas intempéries, mas não percebo este alarido todo por causa da água. Então não estávamos (estamos?) a sofrer com uma seca severa há vários meses ou anos? Agora que veio a água e com abundância, já estamos a reclamar porque há água a mais... nunca estamos satisfeito com o que temos.
Depois, ainda levamos com este frenesim (des)informativo, parecendo que o país se vai afundar. Não, não vai e para além disso, as populações que sempre viveram em zonas ribeirinhas estão habituadas a este tipo de fenómenos. Eu, que apesar de ainda não ser propriamente sénior, lembro-me de, ciclicamente, ver os rios transbordarem e inundarem as lezírias e zonas baixas. Onde está o espanto agora?
Mais, ainda alguém me irá explicar o(s) critério(s) para se afirmar que um dia de Sol e de calor corresponde a "bom tempo" e um dia de chuva e de vento significa "mau tempo". É que para a minha amígdala o bom tempo é este, o de frio, chuva, nevoeiro, gelo ou neve. Portanto, onde e quando se instituiu esses parâmetros de qualidade do clima? Eu contesto-os.
Por fim, "a bem da nação" como se dizia no velho tempo, e já agora, para bem de todos nós, deixem chover, deixem a terra ficar coberta de água. Mais tarde, todos agradeceremos.

11 dezembro 2019

ainda e sempre, a luta

Eu já tinha feito referência ao livro, já o comprei, mas só hoje conheci este momento. Agradeço ao mano mais novo ter-me feito chegar este par de horas de verdade e saber.

PIRRALHA

Certo, justo e pedagógico.

a fábrica do braço de prata

Já tinha ouvido falar dela, do espaço eclético e multicultural que ocupa este edifício onde esteve instalada a fábrica de material de guerra, depois esteve meio abandonado e agora é ocupado por uma associação cultural... a fábrica é uma história que se faz com pessoas, atitudes, projectos e muitos sonhos.
Estive lá no Domingo, dia 8 de Dezembro, e o deslumbre foi total. Lugar bonito, desarrumado e anárquico, mas com sentido, ou melhor, apelando aos sentidos. Ainda que a razão de lá ter ido esteja a léguas da essência do espaço, foi um prazer respirar o ambiente e percorrer devagar e com atenção cada prateleira recheada de velhos e gastos livros. Pena não ter encontrado nada do meu interesse. Adorei. Com toda a certeza irei regressar.

(enquanto deambulava por algumas das salas, fiz este pequeno vídeo)

congresso de estudos rurais


Participei, de 5 a 7 deste mês de Dezembro, no VIII Congresso de Estudos Rurais, organizado pela SPER (Sociedade de Estudos Rurais) e pelo RuralReport, que se realizou na Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo, em Refóios do Lima. Esta escola está instalada no antigo Convento de Santa Maria, inicialmente Beneditino e depois da Ordem do Cónegos Regrantes de Santo Agostinho até à extinção das ordens religiosas em Portugal, no século XIX. A Escola foi aí instalada depois de uma remodelação assinada pelo arquitecto Fernando Távora.
Depois de alguns anos ausente destes encontros, nomeadamente, da RuralReport, regresso para conhecer novos investigadores e rever algumas caras já conhecidas. Com um conjunto de intervenções - painéis e sessões plenárias - diversificadas, percebe-se a preponderância das engenharias agrárias e da produção, assim como da abordagem histórica. Em todo o caso, é bom perceber como o olhar, a atenção e a preocupação com o espaço rural continua a motivar e a reunir tanta gente. Se dúvidas houvesse, este é um momento de afirmação desse universo e suas dimensões. Eu, tal como já aqui tinha referido, levei comigo as Nomeadas em Trás-os-Montes, enquanto metáforas de identidade, alteridade e tradução cultural.
De lá e desses dias trouxe uma gripe que, com custo, ainda tento debelar.






(fotografias de alguns pormenores do edifício onde está instalada a ESA)

a sabedoria

A sabedoria é a única ciência livre pois a sabedoria não está voltada para um tema em particular, mas para si mesma e para a forma mais perfeita de se existir. A sabedoria quer simplesmente saber, de uma forma livre; o conhecimento é o seu objecto; um conhecimento sem disciplina; indisciplinado, mas em forma de curva, regressa para si mesmo.
(Gonçalo M. Tavares, in Jornal de Letras nº 1283, Dezembro 2019)

03 dezembro 2019

mediascape: patavina

A propósito do jornal Público noticiar o seu abandono da plataforma Nónio, li o seguinte parágrafo e não percebi nadinha. Raio de linguagem! Complexa-hermética-estupidificante. Traduzam-ma p.f., pois sinto-me o mais analfabeto que possa existir. Ainda assim uma boa notícia.

"Até ao final deste ano, de acordo com a Plataforma de Media Privados, o Nónio entrará numa nova fase em que adopta uma plataforma tecnológica comum, a AppNexus, que permitirá disponibilizar um novo marketplace com segmentações de audiências transversais e simplificar o processo de compra para anunciantes e agências."