Não há como não estar preocupado com a realidade política e partidária em Portugal. Perspectivada deste lugar, o da Esquerda, considero que o futuro próximo será um tempo muito difícil para nós e para todas as esquerdas. Acabo de escrever isto e já fico arreliado pela designação no plural - as esquerdas. Os sintomas e diagnósticos, as estratégias e as tácticas, as punchlines das narrativas estão já todas alinhadas entre os diversos actores e agentes políticos e mediáticos. O poder tem que ser entregue à Direita o mais depressa possível. Tudo está concertado e preparado para essa clivagem política e, depois, social. Espero estar errado, mas já não haverá retorno sem um novo governo de Direita e extrema-Direita. Lamento, e lamento ainda mais porque tenho a percepção que a culpa foi, e é, maioritariamente, do PS (esta ida de Ana Catarina Mendes à convenção dos fascistas…) e das esquerdas (não consigo esquecer votações de 2021...). É verdade que este governo de maioria PS não presta, está derrotado e degenerativo, mas a oposição de esquerda não irá reverter a seu favor, mas sim beneficiar aqueles que são os nossos verdadeiros adversários e que eu não desejaria, jamais, ver no governo. Com um novo governo do PSD, virá agregado o pior da nossa sociedade - reaccionários, anacrónicos, misóginos, xenófobos, saudosistas, nacionalistas e fascistas, e o retrocesso civilizacional será mais do que certo. Bem sei que muitos consideram que entre o PS e o PSD e arredores não há diferenças, mas ainda assim eu prefiro, e preferirei sempre, um governo do PS do que qualquer governo de Direita. Temos andado a brincar com o fogo, gostava que não nos queimássemos, mas caminhamos conscientes para esse abismo.
(Adaptação. Escrito a 30 de Janeiro e publicado originalmente no blogue da Convergência Porto)
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