19 junho 2023

em busca do silêncio perdido


O título já me atraíra os sentidos, mas só em Fevereiro o comprei e só agora o consegui ler. O autor, norueguês, desenvolve em trinta e três entradas respostas para algumas questões que considera essenciais: a) o que é o silêncio?, b) onde é que se encontra? e c) por que razão é agora mais importante do que era dantes?
Numa linguagem acessível e recorrendo à sua enorme experiência como explorador, em isolamento e solidão, este livro é muito bonito e aborda questões ou sentimentos que me são muito caros e sobre os quais também gosto de reflectir. Vou começar a recomendar a sua leitura e, mais, vou começar a oferecê-lo como presente ou lembrança.

"Sempre que não posso caminhar, subir a uma montanha ou navegar para longe do mundo, aprendi a desligar-me dele.
Levei algum tempo a aprender. Somente quando percebi que tinha uma necessidade primordial de silêncio fui capaz de partir à sua procura - e, então, soterrado sob uma cacofonia de ruídos de trânsito e pensamentos, música e máquinas, iPhones e carros limpa-neves, lá estava ele à minha espera. O silêncio." (página 9)

"O que estamos a sentir chama-se pobreza experiencial. Essa pobreza pode não ter nada a ver apenas com a falta de experiências, nas quais nada acontece. A abundância de actividades também pode levar ao sentimento de pobreza experiência. [...] O problema é que continuamos a procurar 'experiências cada vez mais poderosas', em vez de fazermos uma pausa para inspirar profundamente, desligarmo-nos do mundo e utilizarmos o tempo para nos sentirmos nós mesmos. A ideia de que o aborrecimento pode ser evitado procurando continuamente algo de novo, estando disponível o dia inteiro, enviando mensagens e dando mais cliques, vendo algo que ainda não vimos, é ingénua.
Quanto mais tentamos evitar o aborrecimento, mais aborrecidos ficamos." (página 74)

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