Ao fazer a leitura e consequente reflexão sobre os acontecimentos políticos, no passado recente, em Portugal, por muitas considerações que podem ser aduzidas ao debate e por muitos juízos de valor sobre os factos e, principalmente, sobre a responsabilidade, a ética e a competência dos actores e intervenientes neste contexto de crise democrática, aquilo que me veio à mente foi o conceito, conhecido por Princípio de Peter (1969), de Laurence J. Peter, que imbuído na escola estruturalista, afirma que todos nós atingimos um nível de incompetência.
Sirvo-me deste princípio ou teoria, não porque considere que se tratou de incompetência política, mas para fazer uma analogia. Aquilo que assistimos em Portugal foi ao derrube de um governo, com maioria absoluta, democraticamente eleito e com todas as condições para se manter em funções. Não aconteceu por qualquer dificuldade governativa, nem tampouco porque existia um descontentamento social generalizado. Tratou-se de um puro e perfeito golpe de estado palaciano, perpetrado por intérpretes pouco ou nada conhecidos da maioria dos portugueses e cirurgicamente planeado por interesses ocultos, sem qualquer reacção ou indignação por parte dos partidos políticos, da opinião pública e publicada e da sociedade.
Assim, este é um momento que exemplifica ou testemunha, não um principio de incompetência da democracia, mas a sua indefesa, incapacidade e impotência face aos verdadeiros poderes que, ocultos, permitem-nos afirmar que vivemos numa democracia, mas atingindo determinados limites, tratam de decidir e impor as suas vontades e interesses, destruindo a ideia de Estado de Direito e todos os valores democráticos.
Não se trata de qualquer teoria da conspiração, até porque não sou sequer simpatizante de António Costa, nem do seu governo, nem do PS, assim como também nunca votei neles, mas tenho para mim que a História se encarregará de trazer luz sobre tudo o que aconteceu em 2023, nesta nossa democracia.
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