"A nossa sorte depende, não só da competência dos respectivos dirigentes (partidários), mas, também do seu sentido ético. Desgraçadamente, competência e ética são atributos em falta no tempo que estamos a viver."
(António Galopim de Carvalho, in jornal Público, 16 Março 2025)
Sirvo-me das palavras do Professor Galopim de Carvalho para registar algo que já há algumas semanas queria fazer, mas outros afazeres me foram afastando desta tábua de escrevinhar. Refiro-me à actualidade política nacional e ao suicídio político de Luís Montenegro, fenómeno vertiginoso que tem acontecido, diante dos nossos olhos, ao longo das últimas semanas e que culminou com a queda do Governo e da Assembleia da República.
Muito se tem escrito, falado e gritado sobre o que aconteceu e já cansa a tiróide tanta informação, opinião, imputação de culpas (algo inacreditável) e oportunismo mediático em redor deste caso. Eu não preciso de mais informação para formar a minha opinião sobre o sucedido e sobre o perfil do nosso primeiro dos ministros. Tudo isto aconteceu porque, de facto, Luís Montenegro terá tido um comportamento incorrecto e impossível de tolerar nos dias de hoje. Sem querer entrar nos meandros de tudo o quanto foi dito e desdito, considero que o primeiro-ministro remeteu-se ao silêncio porque sabe que não pode falar sobre o seu comportamento e actividades dos últimos meses e anos. Ele não dá esclarecimentos porque não os pode dar. Numa atitude claramente desesperada e egocêntrica, mentindo e omitindo, ele preferiu deixar cair o seu governo, o seu partido e coligação, do que admitir publicamente o seu carácter não compatível com o exercício de funções de Estado.
Não me restam dúvidas, Luís Montenegro não tem carácter, nem qualquer ética republicana, é um lobista e um oportunista dos meandros partidários, que sempre foi bom e esteve mais disponível para se servir do Estado do que para servir o Estado.
Se acrescentarmos a isto, a realidade dos dirigentes partidários que têm lugar na Assembleia da República, que já mais do que demonstraram a fraca qualidade política, constatamos que, na verdade, a realidade político-partidária é tragicamente degenerativa. Independentemente da nossa posição, simpatia ou militância, percorremos o espectro partidário representado na Assembleia da República e não temos um líder partidário sério e competente. Dá pena constatar. Ainda assim, e não decorrendo da sua condição de líder, devo dizer que considero Rui Tavares o deputado mais bem preparado para a sua função, a grande distância da restante mediania e até incompetência política e desqualificação cidadã.
Assim vamos (sobre)vivendo, enganados pela promoção da incompetência e incivilidade. Há quem diga que é apenas o espírito da época.
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