29 maio 2025

direito a vaguear

Encontrei esta ideia na "Poucaterra", revista dedicada ao acesso à terra, agroecologia e convivialidade, e que me chamou a atenção numa das últimas visitas à livraria Gato Vadio, na cidade do Porto. De facto, e tal como acontece em países nórdicos, a ideia de consagrarmos na lei o direito a podermos caminhar por todo o lado, seria uma alegre e feliz concretização para a liberdade, o bem-estar e o equilíbrio entre os seres humanos e o território, enquanto casa mãe que nos abriga a todos. Esse direito a podermos caminhar por todo o território, seja em montanha, floresta, monte, planície ou praia, exceptuando terrenos cultivados, traria consigo outras responsabilidades cidadãs, tais como o respeito pelos ecossistemas, não poluir e não estragar ou destruir a biodiversidade existente. Eu participaria activamente nesse esforço de regulamentação legislativa deste direito e votaria em quem o propusesse e defendesse.

27 maio 2025

irritação

Se há coisa que me irrita é a indiferença a que sou, a espaços, votado por quem tem por "obrigação" atender-me em cafés, bares ou esplanadas. Sentar-me e perceber que poucas mesas estão ocupadas, mas que os empregados estão muito atarefados a fazer não sei o quê; entretanto, perceber que à minha volta as mesas vão sendo ocupadas e logo depois, diligentemente, atendidas pelos mesmos empregados, enquanto eu continuo sem merecer essa diligência... é como se não estivesse ali. E o pior é que neste mesmo estabelecimento já não é a primeira, nem sequer a décima vez. Quando assim acontece, como hoje, tenho saído sem dizer nada. Não sei se será hoje, mas um dia destes, hei-de reclamar junto de alguém da gerência. Não é por nada, apenas irritação.

eu vou lá estar...

crescendo

Quando completo cinquenta e dois anos de vida, importa-me dizer que me sinto bem. Não conseguindo, nem querendo, escapar ao inevitável processo de envelhecimento biológico, a percepção é de que continuo a crescer. Sem mazelas físicas ou psicológicas, sem dores na estrutura (finalmente, a reumatologista acertou numa droga eficaz), com uma agenda recheada de desafios e tarefas que me aprazem. Sou um privilegiado, de bem com a vida.


(bilhete que recebi dos meus pais. Todos os anos, nesta data, me entregam ou enviam palavras de celebração e todos os anos eu as guardo. Tenho uma colecção delas que guardarei para sempre)

23 maio 2025

a luta continua

13 maio 2025

camionista, eu?

Se me querem ver tranquilo e satisfeito, ponham-me ao volante de um veículo que eu irei até ao fim do mundo. Não há viagem longa que me desagrade. O enorme prazer que é, ainda hoje, fazer-me à estrada e percorrer quilómetros e mais quilómetros, leva-me à seguinte ponderação: terei eu passado ao lado de uma brilhante e feliz vida de camionista?

09 maio 2025

indiferença e ausência

Estamos a meio do período de campanha eleitoral das eleições legislativas, que vão acontecer no próximo dia 18 de Maio e eu permaneço alheado de tudo, ou quase tudo, quanto se vai passando e não pretendo alterar essa condição de ignorância face ao desenvolvimento desta "corrida" politico-partidária. Claro que irei votar e não me resta qualquer dúvida ou hesitação sobre onde colocar a minha cruz, sendo que a única certeza que posso aqui partilhar é de que não irei votar, uma vez mais, na lista do ainda meu partido (BE). As razões para esta certeza são evidências e factos que em consciência não posso negligenciar ou omitir e, portanto, alguns dos nomes indicados não são dignos da minha confiança política, nem dignos de uma ética pessoal, humana e política que eu preconizo e defendo.
Por outro lado, aproveitando esta oportunidade e porque a talhe de foice, até para não voltar ao mesmo assunto mais tarde, importa-me partilhar a confirmação da percepção que tenho de que não temos um único líder partidário com qualidade. Os partidos são muito pouco exigentes e em todo o espectro partidário é sofrível o perfil e a qualidade dos seus líderes. Teremos o que merecemos.

05 maio 2025

ir aos livros

"Nunca foi tão fácil fugir da manada. Nunca foi tão fácil ser jovem. Basta abrir um livro. Basta entrar numa biblioteca. Basta habituarmo-nos à emoção e ao prazer de procurar e de encontrar. Por enquanto, a Internet é apenas um meio de transporte. Confiar nela é como confiar no que trazem os correios. Trazem muita coisa gira, mas são um acrescento. Não são um substituto. Continua a ser preciso ir aos livros."
Miguel Esteves Cardoso, in jornal Público, 2 Maio 2025.

"território, agressões e resistências"


Aconteceu no Sábado, dia 3 de Maio, em Vinhais e no Auditório do Centro Cultural do Solar dos Condes de Vinhais, a primeira jornada cidadã, organizada pelas associações locais, Uivo, Palombar e Tarabelo. A ideia surgiu no início do ano, em Lisboa, aquando da participação na V Conferência Bienal Internacional de Antropologia do Ambiente. Desafiado(s) pusemos mãos à obra e tratámos de encontrar os protagonistas para a sua concretização. Por pretendermos que este evento se realizasse o mais breve possível, construímos uma comissão organizadora com representantes de cada uma destas associações. Foi, por isso, um processo rápido e que se pretendia ágil. Conseguimos estabelecer 3 de Maio como a data de realização do evento e, portanto, tivemos pouco mais de dois meses para preparar tudo, desde o programa, convidar oradores, comunicação, parceiros, imagem e toda a logística. Importa referir que não tivemos qualquer apoio financeiro. A expectativa era alta, mas ao mesmo tempo, alguma incerteza existia quanto à receptividade das pessoas e, consequentemente, quanto ao sucesso da iniciativa.
Chegado o dia, desde cedo se percebeu que a nossa mensagem tinha chegado a muita gente, pois inscreveram-se perto de oitenta pessoas, não só da região, como de outras regiões e do país vizinho. Depressa o magnífico espaço do solar ficou bem composto com a moldura humana que se interessa e está preocupada com aquilo que nos propusemos debater e partilhar.
Algumas notas que considero relevantes sobre o evento:
- todos os oradores convidados compareceram;
- os painéis e suas comunicações motivaram a plateia a intervir e participar;
- o tempo de cada painel foi curto para as intervenções pretendidas;
- as "forças vivas" da região fizeram-se representar e, algumas, quiseram associar-se ao evento;
- curiosidade, os candidatos autárquicos desta próxima eleição, ainda em 2025, inscreveram-se e participaram nas jornadas;
- fomos felicitados, não só pela iniciativa, como pela qualidade da estrutura do programa e das comunicações realizadas;
Em jeito de balanço, agora que já algum tempo passou, eu diria que esta iniciativa foi um tremendo sucesso, não só pelo número de pessoas que participaram, como pela qualidade e pertinência dos temas abordados, como ainda pela representatividade dos problemas que os territórios têm enfrentado e que se traduzem na quantidade e variedade de manifestações, oposições e protestos dos cidadãos e organizações.
No imediato, a minha intenção será conseguir produzir os vídeos do evento para que possam ser partilhados por todos nas redes sociais e, depois, reunir todas as intervenções para tentar construir e editar umas actas das jornadas. Para além disto, considero que face ao sucesso do evento, teremos todas as condições para voltar a pensar num evento do género, claro que com mais tempo de preparação, com outro orçamento e com a colaboração de mais parceiros e com mais apoios institucionais.

[ comissão organizadora: Luis Vale, Sara Freire, Daniel Vale, Sílvia Vale, Ricardo Vale, Sara Riso ]