07 janeiro 2014

ler

02 janeiro 2014

prefácios...

De regresso a casa depois de uns dias no nordeste transmontano, encontro na caixa do correio um presente. Editado já em 2012 e escrito pelo meu amigo José Alegre Mesquita, "Selores... e uma casa" é um livro que reúne, num estilo monográfico, as histórias e as etnografias dessa pequena aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães. Na altura em que estava para ser editado, o autor convidou-me para escrever o seu prefácio, o que fiz com muito prazer. Tendo em conta a metáfora que o autor escolheu - a casa - para construir a sua narrativa, escrevi um texto intitulado "Entre, quem é?...".
Apesar de só agora ter chegado, em breve ficará aqui exposto na secção das "enxertias".
Obrigado José.

30 dezembro 2013

balancetes

Não sei se devido à idade, se ao estado de alma, ou à condição pessoal e familiar, começo a não achar grande piada às reflexões que cíclica e anualmente, por estes dias, se encontram por todo o lado. Na verdade, penso que não terá havido um único dia do meu passado recente em que essa reflexão não tenha sido feita. Retrospectivamente olhando para 2013, apenas me ocorre que foi mais um ano em que consegui manter o meu barco à superfície e não tive que o abandonar, tal como tantos outros, inclusive alguns amigos e conhecidos, contrariados, fizeram. Neste desfiar do tempo que nos foi destinado e que tivemos a sorte de experimentar, veremos como 2014 decorre, esperemos poder testemunhar o nosso envelhecer e o crescimento das nossas crias. Assim seja.

mediascape: tudo ao contrário

Andei à procura na net mas não encontrei link para notícia. Ontem ouvi na rádio e depois vi na televisão que o governo, certamente através do seu ministério da saúde, se prepara para incentivar os hospitais públicos a não prescreverem tratamentos, exames e medicamentos aos seus pacientes. Para tal premiará os hospitais que prescreverem menos. Muito interessante e discriminatória está forma de eugenia social. Depois disto, e tal como bem diz o Inimigo Público, serão as escolas públicas a receber prémios se não gastarem giz.

26 dezembro 2013

natal 3

Quando petiz os brinquedos que mais apreciava eram as pistas de comboios e de carros de corrida. Agora que tenho um filho que deixa de ser bebé, ando entusiasmado por finalmente poder regressar a esse universo que guardo na memória. Desconfio que a sensação não será a mesma, mas em breve a experimentarei.

natal 2

Desde que me conheço, associo natal a tempo frio e chuvoso, tempo próprio de Inverno. Não sei o que será um natal passado longe de frio, de chuva, de gelo e de neve. Estranho muito as notícias que chegam do outro hemisfério onde a família passa estes dias na praia, debaixo de uma temperatura superior a 40 graus e sem roupa. Será assim natal?

natal 1

Fico sempre angustiado com o síndrome natalício que experimentamos nas vésperas do natal. A cada ano que passa afirmo sempre que no próximo será diferente, mas nunca é. Curiosamente, e ao contrário do que tem acontecido nas edições anteriores, este ano foi estranhamente tranquilo e sem angústia.

vida e sua insustentabilidade

Todos nós temos consciência da certeza da morte no final de uma vida, mas estranhamos sempre a falta de alguém que nos morre. É natural. Por estes dias de recolhimento, alguém partilhava comigo a sua indignação:
- Tem morrido tanta gente... Os da funerária não param de trazer mortos para preparar... A insustentabilidade das nossas vidas é o sustento destes negócios.

mediascape: lugares comuns

Por me encontrar em local onde não controlava o comando da TV, fui ontem obrigado a assistir a todo o discurso do nosso Primeiro Ministro. Não me recordo de ouvir da boca de um político tantas referências a locais habituais, daqueles por onde muitos políticos gostam de deambular. Os locais da frase feita, dita e redita, da frase fácil e demagoga. Para além do mais, nada de novo pudemos encontrar nas suas palavras. Enfim.

19 dezembro 2013

mediascape: ouvir para crer

Ontem foi dia da prova para os professores. Depois de todos os protestos, greves, boicotes e zaragatas que se verificaram um pouco por todo o país, o ministro foi à televisão pública, (ver entrevista na íntegra aqui), explicar o processo. Entre outros dislates, disse isto:
Nuno Crato - Evidentemente que a Escolas Superiores de Educação e as Universidades têm características diferentes e critérios de exigência muito diferentes. (...)
J. Rodrigues dos Santos - Mas a sua dúvida incide sobre os licenciados nas escolas Superiores de Educação?
Nuno Crato - A minha dúvida, neste caso concreto de que estou a falar, que é a preparação, incide sobre esses casos.
Isto foi ontem, dia 18 de Dezembro de 2013. Estranho que hoje, dia 19 de Dezembro de 2013, Nuno Crato ainda seja o ministro da educação da república portuguesa. Como é possível?

noções precoces

Reacção da criança perante cada adversidade que vai encontrando: "- Não é justo."

12 dezembro 2013

mediascape: radares, velocidade e atropelamentos

Ouvi hoje na rádio e depois li no Público online que o governo se prepara para gastar quatro milhões de euros num novo sistema de controlo de velocidade para implementar nos centros urbanos. A razão para esta despesa "necessária" é a elevada taxa de atropelamentos e acidentes envolvendo peões nos centros urbanos de Portugal. O Governo aprovou em Conselho de Ministro essa despesa para a implementação do sistema Sincro - serão 30 novos radares a controlar a velocidade a que se circula nas nossas cidades.
Claro que haverá sempre uma relação entre radares e acidentes, na medida em que se a velocidade for menor, menor serão os danos humanos e materiais, mas evidente aqui é a relação entre radares e a caça à multa. Quatro milhões desperdiçados em tecnologia que só servirá para sacar mais dinheiro aos portugueses. Quando é que esta gente vai perceber que o investimento deverá ser sempre feito nas pessoas, na prevenção rodoviária, nas escolas de todo o país, na qualidade do ensino e formação dos condutores e na exigência da nossa cidadania. Esperemos para ver resultados.

09 dezembro 2013

Mandela

Aproveito este momento de tributo globalizado a Nelson Mandela para trazer aqui uma música dos U2 que tenho ouvido nas rádios. Pelos vistos essa música faz parte do novo filme sobre a vida do líder Sul Africano. Fui um jovem apreciador da banda de Bono e durante anos, os seus discos fizeram-me companhia diversa. Recordo que o primeiro álbum que andou lá por casa em 1987, ainda em vinil, foi o The Joshua Tree e que tocou, tocou e tocou ao ponto de ainda hoje saber quase de cor as letras das músicas desse disco. A partir daí e com o advento do CD, fui comprando os seus discos desde o início da sua carreira e até ao Zooropa, cuja sonoridade já se me apresentou muito estranha. Guardei esses discos até hoje e, muito de quando em vez, regresso a eles. Mas não mais comprei música de U2. Fui acompanhando a sua evolução, as suas performances e as suas intervenções cívicas, mas a arte deles deixou de me cativar. Agora, ao ouvir este tema, para além da mensagem, há algo que me remete para os seus primeiros sons e me cativa os sentidos. Não consigo, ainda, identificar esses pormenores, mas posso dizer que gosto muito do som de Ordinary Love.

dilema

"Que fez Deus antes de criar o Universo? Antes de criar os Céus e a Terra, criou o Inferno para quem faz perguntas como essa." 
Santo Agostinho.

05 dezembro 2013

ler 130

19 novembro 2013

14 novembro 2013

instante urbano XXIV

Hoje pela primeira vez entrei na loja "A Vida Portuguesa" no Porto, sito na esquina da Rua das Carmelitas e da Rua Galeria de Paris, e confesso-me desiludido. Também não tinha qualquer tipo de expectativa a não ser o seu reconhecimento público, publicado e mediático. Pensei que poderia ser surpreendido com artigos esquecidos pelo tempo, mas daquilo que pude ver apenas uma ou outra marca me activou os sensores da memória. Para além de um interessante leque de produtos alimentares com tradição em Portugal e da famosa pasta medicinal Couto, tudo o resto são lugares-comuns vintage que poderemos encontrar em tantos outros locais - feiras, comércio tradicional, arraiais, etc. Toda essa parafernália espalhada por dois amplos pisos e com uma imponente escadaria interior de ligação. Um espaço bonito para muita pouca coisa. O que terá existido lá anteriormente? Foram preservados alguns pormenores muito interessantes dessa outra vivência.
Saí de lá com aquela sensação de que alguém, não por acaso ser quem é, criou um conceito e por incrível que me pareça, conseguiu vendê-lo.

13 novembro 2013

mediascape: empreendedorismo

"Estamos muito apostados em constituir uma forte rede mentores"

O Ministro da Economia, António Pires de Lima, defendeu ontem na Assembleia da República que os alunos do ensino obrigatório deveriam ter uma disciplina chamada "empreendedorismo", afirmando que os jovens desde cedo devem ter conhecimentos que lhes permitam vir a ser empreendedores no futuro e permita ao Estado criar uma rede futura de empreendedorismo. O Ministro adiantou ainda que está em contacto com o Ministério da Educação na elaboração desse projecto. Não percebo muito bem o alcance do projecto, mas naquilo que a minha inteligência pode alcançar, parece-me uma parvoíce. Então anda o Estado há tantos anos (décadas) a esvaziar a Escola de matérias, de disciplinas e de tempos horários de determinados campos do saber e agora vem um ministro tecnocrata e CEO de empresas, clubes, associações, tascos e arredores, defender a introdução dessa disciplina!? O que se pretende com esse "Empreendedorismo"? Os miúdos vão aprender o quê? Como se junta dinheiro? Como se especula no mercado? Como se constitui uma sociedade por quotas ou anónima? Como se consegue o lucro? Enfim, uma ideia difusa, quando se sabe que muitos desses miúdos vão para a escola com fome e sem condições mínimas para conseguirem sucesso escolar. Querem transformar os miúdos de hoje, homens de amanhã sem conteúdo, sem conhecimentos abstractos, sem cultura, sem formação e unicamente interessados no dinheiro, no lucro e na especulação. Depois do impulso jovem, agora o empreendedorismo jovem, como se fosse possível transformar todas as crianças e jovens em empreendedores, em empresários, em mentores de grandes e lucrativos negócios. Não acredito, não vai acontecer, nem quero isso para as gerações que aí virão. Gostava sim que tivessem a liberdade de aprender aquilo que gostam, aquilo para o qual sentem vocação. Gostaria que a escola pública oferecesse conteúdos curriculares diversificados e com qualidade. Gostaria que os nossos filhos pudessem, caso assim entendessem, conhecer o Latim, o Grego, a Filosofia, o Direito, a Sociologia, a Antropologia. A condição de cidadão não se resume ao benefício da economia.

04 novembro 2013

ler

souto do vale

Num lugar inclinado e encosta de monte, perdido no meio de vegetação selvagem que vai vingando, encontra-se um pedaço de terra que nos calhou nas partilhas daqueles que nos antecederam. Terra fértil mas mal tratada, sem grande atenção ou cuidado, vai sendo mantida única e exclusivamente para dar chão aos portentosos castanheiros que ali habitam. É o pai que, por enquanto, se responsabiliza por tratar desse chão - entre outras tarefas, roçar silvas, mandar lavrar, enxertar as árvores, podá-las. Mas chega esta altura do ano, a dos santos todos e dos mortos, e lá vamos todos, ou quase todos, visitar essa terra e roubar-lhe as saborosas castanhas que lá crescem. Um dia ou dois de apanha, tarefa ingrata e cansativa para os adultos, mas momento de aventura e descoberta para as crianças, e lá regressamos nós à cidade derreados pelo peso do "ouro" transmontano.
Souto é um conjunto de castanheiros, Vale é nome de família local. Souto do Vale é topónimo do termo da aldeia. Pena é que nem todos os castanheiros aí existentes sejam do Vale.