11 outubro 2007

Fight Club

Nas horas tardias dos serões destes últimos tempos, e porque nada ou pouco me atrai e me prende à televisão, numa atitude que entendo ansiosa, utilizando o comando, vou alternando de canal, consecutivamente e a uma velocidade considerável, na expectativa de encontrar algo bom.
Dos pacotes standartizados que os operadores da televisão por cabo disponibilizam aos clientes, que podem ser até dezenas de canais, eu usufruo de apenas alguns, talvez uns dez. A propósito, gostaria de por à consideração a possibilidade de cada um dos clientes puderem escolher e criarem uma lista personalizada de canais, que seriam pagos individualmente e, assim, ajustar as grelhas às necessidades e aos gostos de cada cliente.
Mas regressando às noites dos tais dias, em que vou saltando de canal em canal, por vezes consigo suster tal ímpeto e movimento no canal EuroSport, que na sua programação, por volta das 22 ou 23 horas, emite torneios de Fight Club. A verdade é que dou comigo perfeitamente hipnotizado pela pré-disposição daqueles individuos para a violência e, principalmente, a disponibilidade para serem violentamente agredidos.
Chegados aqui e depois desta surpreendente revelação (para mim próprio), interessa fazer uma declaração de interesses, pois considero-me um individuo estupidamente pacífico, que recrimina qualquer expressão de violência e que, ao longo do tempo, o meu tempo, se tem esquivado à mais insignificante manifestação de força.
Num esforço introspectivo e, fundamentalmente, retrospectivo até às idades de menino ou petiz, apenas guardo na memória um episódio no qual assumi o papel de protagonista lutador: algures na década de 80, agredi cobardemente (porque de costas), um outro miudo, vizinho e companheiro de brincadeiras. E tudo durante um partida de damas... sei que a dada altura agarrei no tabuleiro das damas, de madeira, e dei-lhe com toda a força nas costas com esse pedaço de madeira, que acabou por se partir em pedaços. Quim era o seu nome.
Para além deste momento, nada mais digno de registo. Portanto, acabou por ser uma descoberta, o facto de conseguir tolerar estas actividades... que alguns consideram desporto. De facto, e apesar da efectiva violência, entre os participantes há lealdade e correcção. Agrada-me, quando comparado com outros desportos, a rapidez dos combates - 3 rounds de 3 minutos cada, o que obriga a uma intensa acção.
Lembro também, agora e aqui, até porque desconfio que quem aqui chegou, quando se deparou com o título adoptado, teve no pensamento o filme homónimo protagonizado pelo grande Edward Norton. Na verdade e por fim, um título para se ter e rever.

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