Muita gente, se calhar eu também, acredita que há uma idade própria para cada "coisa". Admito que nunca dei muita importância a essa máxima popular, mas do alto da minha sapiência, dou comigo a ponderar determinados resultados, face a prováveis causas e a concluir que, presumivelmente, o factor idade e/ou maturidade também influência esses mesmos resultados.
Tudo isto virá a propósito da minha mais recente constatação: não consigo ler António Lobo Antunes (como me feriu o ser e me derrotou). Já por diversas vezes tentara: "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura", "Tratado das Paixões da Alma", mas não, nunca consegui. Nesta última experiência, tentei ler o livro "Boa Tarde às Coisas Aqui Em Baixo", mas o que é certo é que li cerca de 70 páginas e não percebi nada... absolutamente nada! Por isso, a decisão final... de não mais tentar ler este autor até uma outra idade maior, muito maior. Tenho pena... mas não é a primeira vez que tal me acontece, pois sucedeu o mesmo com Virgínia Woolf, que em tempos decidi experimentar e o resultado foi o mesmo. Na altura, e enquanto recolocava o livro "As Ondas" na prateleira, disse para mim próprio que um dia o recuperaria.
Derrotado, porque poderei estar perante os meus limites, naquilo que ficou mundialmente conhecido por COMPLEXO de PETER, que afirma que todos os individuos evoluem e são eficientes até determinado patamar, a partir do qual, não conseguem mais ser competentes, ou seja, todos nós atingimos o nosso nível de incompetência.
Entretanto, e por outro lado, até na leitura podemos aplicar essa máxima das idades, pois a minha experiência diz-me que existirão livros e autores, mas principalmente, linguagens e formas de escrever para cada idade. Quando jovem, lembro-me de ter descoberto a literatura de Miguel Esteves Cardoso e de ter devorado títulos como: "Viver todos os dias cansa", "O Amor é fodido", "A Causa das Coisas", entre outros. No entanto, hoje, e apesar de gostar das suas crónicas que aqui e acolá vamos encontrando na imprensa, não me cativa minimamente qualquer dos seus livros.
No fundo e na verdade, esta constatação pessoal e intransmissível é de menor importância, pois mesmo para a minha inépcia literária, haverá mais do que literatura suficiente para eu nunca conseguir ler tudo...
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