É nestes dias de frio, de maior frio, que estes lugares conhecidos por praças de alimentação (dúvido da sua condição de "lugar", mas...) se enchem de gente. Muita gente e variada... de tamanhos, de cores, de feitios e de odores. Tamanha salgalhada que chega a ser incompreensível como conseguem sequer ter ar para respirar. Mas a realidade é que conseguem e por lá andam... mas haverá pelo menos uma explicação para tal facto e essa explicação é o frio que se faz sentir nas ruas e nas casas. Aqui, pelo contrário, nestes corredores enormes a temperatura imposta é tropical, agradável principalmente para os esqueletos mais sensíveis e/ou para os mais gastos. O ar criador de todo este ambiente parece mais forçado do que condicionado, tal é a sua intensidade. É por isto que se percebe a permanente densidade humana - espaços quentes, aconchegantes(!?) e gratuitos.
Reparem na confortáveis poltronas e sofás que se encontram plantados um pouco por todos os lados destes centros e naqueles que por lá se deixam ficar durante largos minutos (horas)... ora desfolham um qualquer jornal gratuito (oje, destak, meia-hora ou metro) em jeito de quem lê interessadamente, ora se deixam embalar num estado sonolento, que em alguns casos passa rapidamente a sono profundo, permitindo-lhes embarcar, ainda que por breves momentos, num qualquer outro mundo de sonho: quiçá sonhando com as/os jovens que, no momento imediatamente anterior a terem adormecido, lhes passou à frente... quiçá imaginando-se a si próprios enquanto jovens ou comparando atitudes, modos, comportamentos ou modas. Será um qualquer ruído suplementar que os fará despertar sobressaltados e os trará à sua condição.
Experimentem passear pelas avenidas destes espaços e verão como conseguimos encontrar em todos eles determinados padrões de comportamentos e atitudes, numa panóplia geracional e numa heterotópica funcionalidade.
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