17 março 2009

andrajoso

Acabei de passar por uma menina que à porta de uma grande perfumaria (reparei ao longe) oferecia amostras de um perfume qualquer às mulheres e aos homens que passavam. Sim, ia oferecendo a uns e a outras numa tal velocidade que não conseguia antecipar quem se aproximava. À medida que me aproximo, pensando que ela me iria oferecer procurava já uma desculpa e um agradecimento, mas eis que, quando passo perto, ela olha para mim e resolve não me oferecer a tal tirinha de papel "bem" cheiroso... segui impávido e sereno, mas de certa forma chateado, pois não percebi porque é que aquela miuda, declaradamente, não me quis dar uma amostra!?... Enquanto caminhava pelo shopping fui a mascar este pensamento e então relembrei vários outros episódios semelhantes que me levaram à hipótese de um determinado comportamento padrão face à minha pessoa: ou eu não tenho cara de consumidor, ou eu não tenho ar de quem tem dinheiro, ou eu tenho aparência alienada, ou eu tenho aspecto deslavado, ou eu tenho mau cheiro, ou afinal, eu tenho é muito mau aspecto e afasto qualquer tentativa de marketing directo ou mais agressivo!?... sim, deve ser isso ( "- que sorte!..." estarão muitos a dizer). E as poucas vezes que alguém se aproximou assim de mim deve tê-lo feito em total desespero comercial...
Recordo um momento vivido ao qual não dei importância, e que como consequência maior teve a indignação da minha própria mãe, que ofendida desancou uma comerciante, por acaso sua conhecida: isto ter-se-á passado mais ou menos há 5 ou 6 anos numa loja de roupa onde a minha mãe ainda hoje é cliente. Deixei-a à porta desse estabelecimento e fui procurar estacionamento, passados uns minutos aproximei-me da loja e, como a montra teria peças interessantes, parei por uns instantes, com este meu aspecto de sempre, em contemplação, só depois fiz o movimento de entrar na loja, mas logo fui empedido pela comerciante que num tom afirmativo me disse: "- ... aqui não há nada, vai-te lá embora que não te dou dinheiro!"

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