02 março 2010

recontagens

Aqui há tempos soube da morte do Tio Laurindo, mais recentemente foi a vez do velhinho Tio Firmino morrer. Chega-me agora a notícia que o Tio Norberto está mal de saúde. Está muito doente. Internado no hospital (que um dia foi distrital) vai recebendo a visita daqueles que ainda podem lá ir. Estes dizem que faz dias que ele nada come e que perdeu já para cima de trinta quilos. Consciente e sem dores perceberá que o mal que padece lhe leva, rapidamente, a vida.
Sou assim levado para esta contabilidade triste de ter que dizer que ainda somos tantos. E digo "somos" com a propriedade de quem se inclui, de quem também se considera, de quem também quer fazer parte. A própria utilização do termo "Tio" trá-los para perto, bem perto de mim. É reveladora de uma proximidade tão típica das cortinhas e das águeiras dos lugares pequenos, por onde todos andámos. Circunscritas permitem reconhecermo-nos. Muitas vezes recordo um outro Tio, velho amigo entretanto falecido, que muitas vezes comentava, para quem o queria ouvir, que se lembrava de mais pessoas já falecidas do que aquelas que conhecia ainda vivas.
Também eu começo a olhar em meu redor e apercebo-me que à medida que o tempo passa, que o meu tempo se vai gastando, com ele o meu passado vai ganhando espaço e a memória importância. Não sei como estará o meu saldo nesse deve e haver das pessoas conhecidas. Nem me importa. Vou-me lembrando delas. Sei é que gosto muito de estar com elas.

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