20 julho 2010

escritor fantasma

Acabei de sair do cinema onde assisti ao novo filme de Roman Polanski "Ghost Writer". Desde que comecei a ouvir falar deste filme, se não estou em erro a propósito da sua atribulada estreia em Cannes ou Veneza(??? - isso fica para os entendidos...) e da prisão do realizador, e tal e coisa, que logo me pareceu interessante. Quando soube que estava a estrear cá em Portugal quis ir vê-lo, mas algo em mim me dizia para não o fazer. Tentei resistir, cheguei mesmo a comentar com algumas pessoas a minha inquietude em resistir. Por princípio não deveria ir assistir a este filme e assim contribuir para o lato sucesso deste pedófilo. Bem sei que é um génio do cinema, mas isso não o iliba dos crimes que outrora cometeu. Mas enfim, cobarde, não resisti e fui mesmo assistir ao referido filme. E gostei. Muito. Apesar de ter outras expectativas relativas a um filme com este nome... Esperava algo mais crú, mais realista, mais urbano. Mas não. A narrativa refugia-se na alta esfera da intriga e do poder à escala mundial e, por isso, obrigatoriamente, veste-se de sofisticados gadgets e reveste-se de personagens que não existem, quero eu dizer, que não têm vida própria. Nem sequer o próprio escritor fantasma que, apesar do esforço de o equiparem com todos os clichés do estereótipo, tais como o ar desarranjado, a forte apetência para a bebida (forte), a incapacidade de estabelecer relações duradouras, etc., não consegue nunca ser esse bom-selvagem do ideário hollywoodesco.

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