Hoje, ao abrir e ler o jornal diário Público, pude verificar como a vida política nacional tem, por estes dias, andado fervilhante. Mesmo reconhecendo o anátema generalizado da opinião pública em relação à classe política, não posso deixar de salientar a actividade parlamentar destes últimos dias. Desde logo com a chegada ao parlamento da proposta de revisão constitucional do PSD que apesar de polémica e nada consensual, obrigou os restantes partidos a manifestarem as suas intenções de apresentarem, também eles, as suas propostas. Depois, foi com agrado que registei a proposta do CDS e do BE para a criação de uma rede autónoma de cuidados paliativos, que apesar de chumbada pelos votos contra da bancada do PS e das abstenções do PSD, PCP e PEV, teve o mérito de obrigar à reflexão acerca da realidade dos cuidados continuados existentes nas unidades hospitalares. Também importante é a iniciativa do BE que levará, pela primeira vez, à Assembleia da República um projecto de lei do testamento vital. Sem confundir com a questão da eutanásia, o BE quer regular os direitos dos cidadãos quanto à decisão sobre a prestação futura de cuidados de saúde, nos casos em que houver incapacidade de exprimir a sua vontade. Muito bem. Por fim, uma nota para a vergonhosa atitude das bancadas do PS, PSD e CDS que chumbaram um voto de condenação da expulsão dos ciganos em França, proposto pelo BE. Salvo um ou outro deputado destas bancadas, a disciplina de voto imposta pelas direcções dos grupos parlamentares demonstra bem a atitude subserviente para com a França e seu Presidente, como também e acima de tudo, manifesta uma concordância com a atitude racista e xenófoba desse estado que, enquanto membro da União Europeia não pode impor barreiras à livre circulação de pessoas. A intenção de etnicizar o crime e a violência não pode ser aceite pelos restantes países do espaço europeu – exceptuando a Itália, que já procedeu de igual forma… sob pena de regressarmos a um tempo de ensimesmamento e de esquizofrenia social. É por estes exemplos, e outros, que eu continuo a considerar o BE o meu espaço ideológico e, acima de tudo, o enquadramento ideal para a minha intervenção cívica desassombrada.
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