Numa recente deslocação a Lisboa, motivada por um encontro académico, pude passear pela cidade, principalmente pela baixa pombalina que, nesta altura do ano, vive repleta de gente. Num dos intervalos desses encontro, realizado perto do Palácio da Ajuda, resolvemos ir visitar o Museu de Etnologia, localizado na zona do Restelo, muito perto do estádio do Belenenses. O grupo com quem estive esses dias era constituido exclusivamente por antropólogos: um Panamenho, um Galego, um Americano e dois Portugueses e pareceu-nos interessante ir revisitar esse espaço que, de uma forma ou de outra, está directamente relacionado com os primórdios da ciência antropológica em Portugal. Mal entrámos e nos dirigimos ao pequeno balcão que faz a serventia de recepção e de pequena loja de conveniências, fomos informados por uma simpática jovem que actualmente neste Museu não está patente qualquer exposição e que apenas se podem visitar as reservas (expólio) que se encontram na cave do edifício. Mas mesmo assim, só em determinados horários e dias, ou seja, quase nunca. Impressionante, um edifício daquela dimensão e com aquele propósito e está nesse estado comatoso, mantendo as portas abertas sem qualquer objectivo ou propósito. Já na rua, a conversa foi dominada pela indignação e pela incompreensão pela situação. É uma vergonha que um espaço criado em 1965 e que reune um património histórico imenso e que recua até à época dos descobrimentos portugueses, esteja a ser objecto de uma guerra de protagonismos entre aqueles que se julgam donos e senhores da academia e do saber em Portugal.
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