para ouvir alto e com bom som...
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
28 outubro 2012
25 outubro 2012
crise, serviços e qualidade
Não haverá um português que não utilize o termo "crise" no seu dia-a-dia, com propriedade ou sem ela, com informação ou sem ela, com razão ou sem ela, com hipocrisia ou sem ela, ou com sentido ou sem ele. Na realidade esse termo e todos os seus significados vieram introduzir no léxico nacional um conjunto de étimos que até então praticamente desconhecíamos. A par deste fenómeno linguístico, a "crise" proporcionou também o ambiente ideal para o abandono, por parte do capital, na indústria e no comércio, mormente nas pequenas e médias empresas, levando à presente situação dramática de desemprego e de indigência social e cidadã. Uma das consequências mais gravosas deste processo é o desaparecimento de todo um tecido comercial de pequena escala que não aguenta a pressão e se vê obrigado a fechar portas, deixando o mercado disponível para os grandes grupos e exposto à avidez dos monopólios, o que por sua vez traz, quase obrigatoriamente, um decréscimo na qualidade dos serviços prestados e dos produtos comercializados. Naquilo que é a minha experiência de cliente, noto nalgumas das empresas esse prejuízo qualitativo. Dou dois exemplos: A Fnac que quando se instalou em Portugal e durante muito tempo oferecia um serviço de qualidade na venda de livros técnicos (encomendas, prazos, disponibilidade, variedade, entre outros factores), perdeu substancialmente essa qualidade e agora, para além de um atendimento demorado por falta de colaboradores, por norma não tem e não encontra no catálogo, nem se mostra disponível para a encomenda; A Toys"r"us, originalmente, um mundo mágico para a brincadeira e um baú sem fundo de diversidade, tem as lojas "abandonadas", com poucos clientes e com poucos colaboradores. Pedir um esclarecimento ou uma ajuda tornou-se insuportável, seja pelo tempo de espera, seja pela qualidade dessa interacção. Estes dois exemplos dizem respeito àquilo que foi a minha percepção, por estes dias, em situações concretas. Aquilo que aconteceu com a chegada destas duas marcas - entre outras - ao nosso mercado foi o fim de muitas e muitas pequenas empresas concorrentes que não aguentaram o poderio destes gigantes, ou seja, primeiro rebentaram com o mercado ficando em situação de monopólio ou algo parecido e depois, donos e senhores do mercado, puderam desqualificar esse mesmo mercado. O consumidor é passivo, sujeita-se a qualquer preço e vive dependente de cartões e de dias de promoção. O cliente deixou de ter razão e de ser soberano.
14 outubro 2012
processo civilizacional
Vivemos tempos magníficos. E não o digo com ironia. Pessoalmente considero que o tempo presente, que inclui também o passado recente e o futuro próximo, permite-nos experimentar e conhecer momentos únicos que jamais pensei um dia poderem acontecer. São dias paradoxais e de sentimentos difusos, mas que me cativam e atraem para um maior interesse e crescente envolvimento. O experimentalismo social a que temos vindo a ser sujeitos terá, obrigatoriamente, como resultado um retrocesso civilizacional, o que me impele para um dos lados desse mesmo processo. Estou completamente implicado na luta contra este crime contra a nossa humanidade. Tal como sempre afirmei aqui e noutros fóruns, sou um pacifista e um crente da palavra como arma de qualquer dialéctica. Nunca acreditei nas armas e nas guerras, mas sei da sua utilidade histórica e civilizacional. Neste momento e perante o que os meus sentidos percepcionam, vivo um conflito existencial, pois pressinto que algo grave poderá acontecer. Não gosto muito dessa sensação, mas parece-me inevitável. E num momento como este, permito-me a uma inconfidência. Lembram-se da Carbonária?
07 outubro 2012
04 outubro 2012
se não responder...
Assim são tratados os infelizes dos desempregados. O Estado quer a todo o custo livrar-se deles, nem que isso signifique a maior das indigências individuais e cidadãs. A pressa de actualizar e tentar esconder a triste realidade do desemprego em Portugal, dá 10 dias aos desempregados para poderem manifestar a sua existência. Se não o fizerem são excluídos da base activa dos desempregados e remetidos para um estatuto de não-existência, algures nas catacumbas do respectivo Ministério, permitindo assim mascarar as percentagens desse mesmo desemprego. O que mais impressiona neste tipo de expediente é a rapidez e a ânsia perceptíveis em duas ou três linhas de texto. O que mais revolta neste tipo de expediente é a transformação de pessoas, de homens e mulheres, em números e em percentagens, e assim em algo que não tem vida, não precisa de comer, de ter família, de trabalhar, de ter uma habitação, enfim, não merece existir. É isso. Solução final.
01 outubro 2012
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