26 fevereiro 2016

mediascape: qual liberdade de expressão?


Tal como eu previra, a confusão está na rua com a nova campanha de cartazes de BE. Desta vez e para celebrar a data (10 de Fevereiro) em que foi aprovada, pela Assembleia da República, a adopção por casais do mesmo sexo, o Bloco resolveu criar um conjunto de outdoors alusivos ao tema e um deles é este que aqui reproduzo. As reacções não se fizeram esperar e parece-me que o assunto ainda vai dar pano para mangas...
Uma das primeiras reacções foi a da Conferência Episcopal, como não poderia deixar de ser, que se insurgiu contra a comparação dos dois universos em causa, principalmente nesta altura de Quaresma e Páscoa. Também um grupo de jovens católicos se manifestou escandalizado e por isso promoveu uma petição pública exigindo a retirada dessa imagem e um pedido de desculpas ao BE. Com toda a certeza, ainda durante o dia de hoje e nos próximos, irão surgir outras opiniões indignadas e uma delas, aposto, será a de Henrique Raposo, ou a de Laurinda Alves.
Em todo o caso, é muito interessante verificar que afinal muitos daqueles que se indignaram com a reacção do Islão para com a sátira e o humor na utilização de Maomé e defenderam a liberdade de expressão, agora são eles a ficaram escandalizados com esta imagem e mensagem do Bloco de Esquerda. Liberdade de expressão? Depende. Podemos sempre gozar com os Outros e suas crenças, agora connosco, com as nossas crenças, nem pensar. Cadeia, pelo menos, com esses apóstatas...
Quanto a mim, não fiquei nada incomodado, assim como nunca me incomodaram as sátiras em relação ao Islão ou ao  judaísmo. Inclusive, não acho que a comparação pretendida seja feliz, pois são universos diferentes, e se de uma analogia se trata, também me parece forçada. Resulta, e está visto que resulta, enquanto veículo para afirmar ou reafirmar uma determinada visão da sociedade, que vai esbarrar na moral e nos costumes conservadores de largos sectores da nossa sociedade. O choque é esse e apenas esse.

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