17 abril 2017

sarampo

Eu não tenho a certeza, mas acho que já me manifestei, aqui, sobre esta questão dos movimentos "anti-vacinas" ou "anti-vacinação". Contudo, e face ao que está a acontecer com esta nova epidemia de Sarampo em Portugal, não posso deixar de dizer, ou se calhar, voltar a dizer, como é estúpido e irresponsável não vacinar os filhos. Meus senhores e minhas senhoras, o que mata são mesmo as doenças e não as vacinas, apesar do residual risco de alguma complicação ou mesmo morte. Senhores e senhoras, não se trata de uma imposição do Estado, trata-se de uma questão de saúde pública e essas doenças só estavam e estão erradicadas da nossa sociedade, porque a maioria de nós sempre vacinou as criancinhas. Meus e minhas egoístas de merda, se vós vos podeis dar ao luxo de não vacinar os vossos filhos, é porque eu e a grande, e esmagadora, maioria de pais vacinamos os nossos e sabemos que ao fazê-lo estamos a contribuir para a imunidade deles, assim como para a de todos nós. O que não quer dizer que os ditos vírus e bactérias não estejam por aí, mas sim que vivemos numa sociedade com salubridade e cuidados de saúde suficientes para estarmos a salvo de tais enfermidades.
Basta espreitarmos a argumentação desses iluminados dos grupos e associações "anti-coisas", para percebermos que estamos em exclusividade no território das crenças, ou talvez, das crendices, com a ambição e pretensão de fundamentar o seu discurso e sua não-prática naquilo que é commumente denominada de pseudo-ciência, de braço dado com doses cavalares de teorias da conspiração para todos os gostos e feitios.
Tudo isto porque não se trata de uma questão de direitos ou liberdades, mas sim, total e exclusivamente, de uma questão de saúde pública e, assim sendo, não deveremos ser tolerantes, nem contemplativos.

adenda: (por esquecimento faltou escrever) Aquilo que é o conforto, o bem-estar e a saúde que hoje experimentamos devem-se, quase unicamente, à ciência e ao seu desenvolvimento teórico, tecnológico e laboratorial. Aquilo que se ambiciona sempre é uma ciência reflexiva e crítica que permita a sua evolução e desenvolvimento, mas atitudes como esta da não-vacinação, para além de demonstrarem um total desrespeito por todas as vítimas das respectivas doenças, demonstram a falta de dignidade para com todo o esforço e despesa realizados ao longo de décadas e décadas. Não contribuem em nada para esse esforço colectivo, muito pelo contrário. Disse.

3 comentários:

Amadeu António disse...

O Luis, essa opinião está em perfeita conssonância com a opinião das massas, e peca por uma colossal falta de vontade de sondar. Da comunicação social denota-se uma acentuada preocupação com o direito individual - note-se - à objecção de consciência! É isto que ressalta mais, com a alusão a constitucionalistas e mais não sei o quê.
Ao Luis incomoda tudo quanto seja não-alinhamento pelas bitolas do governo e dos seus agentes. Eu acho que necessitamos de umaposição mais humilde para asseverarmos conhecimetno de algo substancialmente válido, e não só fazer a defesa das correntes de opinião - neste caso, maioritariamente governamentais.

Luís Vale disse...

Amadeu António, muito obrigado pelo seu comentário. Dele, interessa-me comentar o seguinte:
a) não me interessa se a minha posição ou perspectiva desta questão seja coincidente com a "opinião de massas";
b) o conhecimento não se "sonda";
c) sou um defensor incondicional da objecção de consciência, naquilo que é a consciência de cada indivíduo e relativa ao seu corpo/ser sem qualquer interferência ou perturbação naquilo que é o bem e a estabilidade comuns;
d) está equivocado. Nada me incomoda os desalinhamentos e, está equivocado novamente quando deduz que estou alinhado "pelas bitolas do governo e dos seus agentes";
e) não faço a defesa de nenhuma corrente de opinião. Tal como refiro no texto, o consenso em relação à vacinação é de tal forma esmagador, dadas as claras e inequívocas evidências científicas, que é ridículo e estúpido não perceber essa evidência. O resto são crenças;

Em condições normais diria que ainda bem que cada um tem a possibilidade de pensar de forma distinta, difusa e variada, mas dadas as circunstâncias, lamento que o Amadeu considere qualquer outra possibilidade. Tal como noutras situações, nesta eu não sou sequer tolerante, nem democrata. Quem sou eu para por em risco a saúde, o bem-estar, a vida dos meus filhos. Não há direito nenhum que me assista nessa atitude. A vida da minha prole não é minha propriedade.

Obrigado.

Amadeu António disse...

O Luis, este é um blogue que prima, aparentemente, pela falta de inteligência, a julgar pelo tom intimidatório e histérico com que trata os que se atrevem a pensar contra a corrente. Certamente que não o recomendo e tão pouco o subscrevo. Se quer publicar os meus comentários publique lá este, pá, e não seja fanfarrão.