Aconselhadas e partilhadas por um amigo, trouxe para estes dias de retiro transmontano duas séries televisivas. A primeira foi a sétima temporada de Californication, cujos doze episódios vi de uma vez só e que é a mais brilhante série alguma vez vista por mim; vi e guardei todas as suas temporadas. Mas a surpresa foi a serie Designated Survivor, cuja primeira temporada tem vinte episódios e nos conta a vida de um presidente dos EUA independente, não eleito, mas nomeado depois de todo o governo e altos cargos do sistema de estado terem sido mortos num atentado. Estou completamente agarrado e tenho consumido 3 a 4 episódios por madrugada. A série conta com Kiefer Sutherland no papel principal, de presidente dos EUA nomeado, e com a talentosa e belíssima Natascha McElhone no papel de primeira-dama. Já vi onze dos vinte episódios e sei que irei terminar nas próximas horas. Satisfação suplementar, saber que haverá segunda temporada.
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
31 dezembro 2017
ciclos que se renovam
Chegados a mais um final de ano e a sensação que se repete. Um ano que termina para dar lugar a um novo, numa passagem de testemunho que em nada se distingue de uma qualquer outra noite passada, a não ser o ruído humano, sempre demonstrativo da carência individual e, depois, colectiva de festa, de ânimo, de alegria. Talvez ainda significativo da consciência e nostalgia da perda que é a passagem de cada ano para a vida de cada um dos seres humanos. Dois mil e dezassete acaba hoje e vai-se juntar de imediato à soma de anos que já vivemos, transformando-se em mais uma memória temporal que poderemos num presente futuro evocar ou relembrar.
Ainda que abstraídos dessa dimensão temporal, iremos entrar num novo ano, num novo ciclo que, por estes dias, fazemos questão de ponderar, de perspectivar ou antecipar. Sobrará a eterna questão de sabermos quantos mais ciclos poderemos experimentar. Venha 2018.
é, pois
...Bem diferente é o caso daqueles (intelectuais) que não intervêm ou nunca intervieram, mais por subestimarem as suas aptidões, por timidez ou por falta de oportunidade do que por atitude sistemática. Estes fazem falta, sabem-no, mas quase sempre revelam dificuldade em descobrir o meio adequado para intervir.
(...)
Sabemos do pavor que a tantos "intelectuais" inspira a palavra "organização". Como se a circunstância de integrarem uma organização, por pouco formal que seja, lhes coarctasse a expressão ou lhes condicionasse o pensamento.
(...)
Segundo se diz, o que menos se espera de um "intelectual" é o conformismo.
(Arlindo Fagundes in Le Monde Diplomatique)
28 dezembro 2017
a minha consoada
Já passaram alguns dias e a dieta foi já reposta. Esta foi a consoada em que, pela primeira vez, recusei qualquer iguaria ou confecção diferente daquela que toda a família reunida iria comer - bacalhau e polvo cozidos com couve, batata e rabas - e como não gosto de bacalhau cozido, nem valorizo o polvo, foi noite de quase não comer. Em relação aos doces, nem vale a pena referir, pois nem nesta, nem em qualquer outra consoada, eles existem para mim. Portanto, o Natal e, em particular, a consoada, não é tempo de perdição, nem de consumos excessivos, muito pelo contrário, é tempo de alguma privação, devidamente compensada, claro está, pelos volumosos consumos de vinhos e afins. Bem haja.
27 dezembro 2017
mediascape:rentismo
Aproveito estes dias de vazio, de horas repletas de nada, para ler, ler e ler. Guardei até estes dias o Le Monde Diplomatique e agora, tal como é frequente, encontro excelentes textos e artigos que me fazem reflectir. Como logo no editorial, Sandra Monteiro escreve a propósito do adiamento da proposta de criação de uma contribuição de solidariedade sobre os produtores de energias renováveis:
Configurando um caso de rendas excessivas, nada justifica a manutenção dessas condições de excepção. A criação de uma sobretaxa viria apenas mitigá-las. Nenhuma preocupação ecológica pode justificar este privilégio. (...) Ela apenas garante lucros estratosféricos, e quase sem riscos. Entendeu o governo que havia que estudar melhor o desenho da medida e as consequências que ela poderia ter sobre potenciais investimentos na economia, em particular na compra de dívida portuguesa, e sobre a eventual litigância na justiça. Será de acompanhar com o maior interesse a evolução dessa reflexão e desse estudo. Será mesmo um acto fundamental de cidadania. Porque o que dele resultar será decisivo para se compreender se os Estados e os poderes políticos nacionais têm (ou não) capacidade para defender os seus povos para lá do simples apagar de fogos a seguir à fase aguda de cada crise. Isto é, será um laboratório muito útil para se concluir se é possível afrontar o parasitismo rentista de empresas transaccionais sobre os Estados nacionais, mesmo em sectores tão estratégicos para a economia como a energia. (...) Muito útil, por fim, para se compreender que respostas dará a União Europeia a Estados, como o português, que para saírem desta armadilha da dívida e do rentismo, tenham de colocar em cima da mesa propostas robustas de reestruturação da dívida pública.
(negritos meus)
20 dezembro 2017
há mais de trinta anos...
Amigos desde sempre e, sei, para sempre. Pena é não reunirmos mais vezes. Hoje e depois de uma rica francesinha e de uns divinais rissóis de carne, no Capa Negra.
eu quero
- Pai, eu quero ir para a escola do Porto!
- Escola do Porto?! Que escola?
- Do futebol.
- Porquê?
- Para depois ir dar as bolas aos jogadores (ser apanha bolas).
- Escola do Porto?! Que escola?
- Do futebol.
- Porquê?
- Para depois ir dar as bolas aos jogadores (ser apanha bolas).
16 dezembro 2017
clave de sol
Chave para a decifração dos caracteres musicais inscritos nas linhas de um pentagrama, permite aos leitores identificar a ordem e a sequência das notas a executar. Ao recordar aquilo que um dia aprendi e ainda hoje consigo ler, dou comigo, sem qualquer razão ou propósito, a esquissar os seus contornos em qualquer pedaço de papel.
Independentemente da sua qualidade musical ou técnica, que sei relativa ou discutível, na verdade, a sua presença gráfica sempre me foi aprazível ao olhar e, não estarei a exagerar ou generalizar se afirmar que será o símbolo musical mais universalizado, mais denotativo e significativo, para doutos ou leigos, nessa arte de escrever e ler uma pauta musical.
Ao percorrer os inúmeros cadernos de apontamentos, agendas, folhas soltas e cadernos escolares, que ao longo da vida preenchi, é o símbolo gráfico que mais encontro rabiscado. Desde muito cedo, talvez desde que o descobri, aprendi e percebi, passou a ser o símbolo que mais rabisquei e que gosto rabiscar. Se me pedissem para eleger o meu símbolo, não hesitaria em o destacar de todos os demais.
quando eu for grande...
- Mamã, eu quero ser professor.
- Ai sim?!
- Sim, quero ser professor.
- Queres ensinar os meninos a escrever e a ler?
- Não Mamã. Quando eu for professor vou mandar os meninos brincar todo o dia, de manhã até à tarde e eu também vou brincar com eles.
- Brincar?!... Então e estudar?
- Não. Os meninos não querem isso, querem é brincar. Brincar é que é fixe.
- Ai sim?!
- Sim, quero ser professor.
- Queres ensinar os meninos a escrever e a ler?
- Não Mamã. Quando eu for professor vou mandar os meninos brincar todo o dia, de manhã até à tarde e eu também vou brincar com eles.
- Brincar?!... Então e estudar?
- Não. Os meninos não querem isso, querem é brincar. Brincar é que é fixe.
13 dezembro 2017
08 dezembro 2017
jawline
- what the fuck is that?!
Esta foi a minha primeira reacção quando ouvi a minha filha referir-se às pessoas que por nós passavam. Ela, contemplativa, estava a apreciar os rostos daqueles e daquelas que desfilavam à nossa frente, referindo-se, em concreto, à perfeição dessa jawline(?), ou se tinham ou não essa jawline(?). Mas que raio de conversa, disse-lhe eu. Ela ainda tentou explicar-me, mas a minha surpresa por tal observação e especificidade do critério para julgar a beleza humana, deixou-me abismado. Segundo ela, os rostos bonitos e perfeitos são aqueles que têm essa jawline(?) bem vincada e visível no rosto. De imediato, a minha reacção foi tentar rebater essa ideia, dizendo-lhe que é natural que só os rostos bem vincados, magros e esguios, poderiam manifestar essa característica, pois os rostos mais redondos e com mais carnes, ocultam os recortes da estrutura do crânio.
Pouco tempo depois já estava eu em busca dessa jawline(?), do seu significado, origem, etc. e afins. Pois bem, jawline significará "queixo", ou "linha do maxilar" e é um termo relativo à anatomia humana. Pelo que percebo, o ideal será ter essa linha bem vincada no rosto, adquirindo assim uma forma triangular.
Caramba, com toda a certeza, este conceito não é novo, mas foi preciso a minha filha adolescente se referir a ele, para eu aprender algo que jamais me chamara a atenção num rosto. Quanto a mim, ignoto, a beleza de um rosto continuará a ser avaliada por outros caracteres fenótipais, tais como os olhos, a boca, o cabelo, o sorriso, os lábios, o olhar. E uma cara laroca, ainda que rechonchuda, continuará a ser uma cara bonita, admirável e consumível.
Segundo o critério da jawline, a imagem superior apresenta um rosto mais bonito, mais perfeito, do que o rosto da imagem inferior. Eles lá sabem.
Segundo o critério da jawline, a imagem superior apresenta um rosto mais bonito, mais perfeito, do que o rosto da imagem inferior. Eles lá sabem.
07 dezembro 2017
crescendo
Depois de vários meses sem pesquisar ou procurar qualquer livro no OLX, regressei por estes dias e fui encontrar este lote de dezasseis revistas "Sociologia", editadas pela Faculdade de Letras do Porto, aqui bem perto em Vila Nova de Gaia e pela módica quantia de, pasmem, 6.90€, ou seja, a sensivelmente 43 cêntimos cada uma. Já cá estão no acervo, registadas, bem guardadas e estimadas.
04 dezembro 2017
para odiar
O novo rosto do ódio para os europeus, pelos menos para aqueles que estão sob o jugo do Euro e sua zona e, de entre estes, para todos os do Sul e mediterrânicos, será de agora em diante o nosso Mário Centeno, até ao presente nosso ministro das finanças.
Não consigo afastar do pensamento aquele seu ar apalermado, de perfeito desconhecido e sem créditos para quase todos nós, quando foi nomeado por António Costa. E agora, este burocrata luso chega ao topo da hierarquia das instituições europeias, e logo, por curiosidade, à instituição que representa o pior e o menos democrático que a Europa, esta Europa, tem.
Depois, falta referir este provincianismo português de afirmar a importância para o país, para todos nós enquanto portugueses, da eleição de um português para um cargo internacional. Alguém me consegue explicar quem, para além do eleito, beneficia com essa eleição?! O que beneficiou Portugal por Durão Barroso ter sido, durante dois mandatos, presidente da Comissão Europeia? Eu não percebi nenhum benefício ou vantagem para Portugal. Enfim, a mim tanto me faz que Mário Centeno seja ou não presidente do Eurogrupo, mas detesto este parolismo luso.
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