Sala de espera de um consultório médico, nomeadamente, de uma dentista. Foram as dores insuportáveis que aí me levaram. Apesar da hora marcada para a minha vez, espero sozinho nessa sala durante largos minutos. No entretanto, chegam duas senhoras (aparentando cerca de 50 anos) que, ignorando a minha presença, mantêm a conversa que já traziam da rua. Mesmo sem querer, pelo tom, pelo volume e pela descontração do diálogo, sou obrigado a ouvir a conversa e nem mesmo as dores que trago e que me fazem deambular pelo espaço e me impedem de concentrar no que for, me conseguem abstrair da amena e peculiar conversa.
Falam entusiasmadas e com expressividade dos seus períodos menstruais. É tal o detalhe técnico e fisiológico: desde tipologias de fluídos e suas características, aos absorventes e suas qualidades, às alergias internas e externas, aos efeitos secundários desses dias complicados - os humores, as dores e os amores - à fisionomia dos peitos e até aos apetites sexuais de cada uma dessas senhoras. Lindo. E nem o meu olhar furtivo sobre elas as demove.
Estou cada mais certo de que estarei sempre a aprender. Ainda bem.
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