Utilizando (uma vez mais) o Twitter, o Presidente brasileiro, afirmou recentemente que o seu ministro da Educação, Abraham Wientraub, estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia, querendo com isto dizer que, sem prejuízo dos alunos já inscritos, o estado brasileiro vai deixar de custear estes cursos de ciências sociais e humanas. Para justificar esta afirmação, Jair Bolsonaro escreve: “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”. Reforça esta ideia com o seguinte propósito: "O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina."
Não sei se não seria mais saudável passar a ignorar tudo o que nos chega das terras de Vera Cruz, pois a ignomínia é já incomensurável e, acima de tudo, inqualificável. Só mesmo um bando néscios, abrutalhados e ignorantes exímios poderia defender uma ideia como esta. Poderíamos estar perante uma atitude reflectida e ponderada, ideológica, para afastar o comum nos cidadãos do Conhecimento, naquilo que poderia ser designado de racismo de inteligência, mas não acredito que assim seja, pois apesar de em última análise, ser isso que se vai verificar, o que move esta gente, reconhecendo a sua inferioridade intelectual, é o ódio pelo Saber, pela Cultura e pelo Cosmopolitismo, preferindo contribuir para a imposição de uma sociedade limitada e castradora, de cidadãos inaptos, ignaros, embrutecidos e desinformados.
Para além do pormenor de uma certa equidade que se espera de um governo naquilo que é a oferta pública no ensino superior, importa recordar que as ciências sociais/humanas, em geral, e a Filosofia, em particular, são essenciais para o progresso de uma sociedade, naquilo que são os critérios para o Conhecimento, naquilo que são os critérios éticos e morais, naquilo que pode ser um pensamento crítico e reflexivo e, também, naquilo que deverão ser ganhos efectivos de consciência - individual e colectiva - ao ultrapassar a banalidade, o facilitismo e a preguiça do senso comum.
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