Boris Johnson é a personificação deste tipo de pensamento contraditório, a que ele próprio chamou “ser a favor de ter o bolo no papo e o bolo no saco em simultâneo”. É por isso muito adequado ao arco narrativo do “Brexit” que agora tenha calhado a Boris Johnson subir ao cargo de primeiro-ministro para encarar de frente com todas as mentiras e contradições do seu discurso até aqui. O resultado é vermos o defensor da soberania parlamentar britânica a suspender a Câmara dos Comuns para não sofrer escrutínio parlamentar, o eterno rebelde conservador a ameaçar expulsar os deputados do Partido Conservador que não votem como ele, o defensor do primeiro referendo a morrer de medo da possibilidade de ser convocado um segundo referendo.
(Rui Tavares, in jornal Público, 4 Setembro 2019)
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