A decadência portuguesa. Tem alguma explicação para esse fenómeno?
Não, não tenho. (...) Vou apenas circunscrever-me à minha área, que é a questão científica. Em primeiro lugar, não deteto uma decadência assim tão grande. A ideia de que não houve prática científica em Portugal no século XVII é exagerada. A prática científica em Portugal foi sempre modesta e não devemos fazer ficções sobre o passado. (...) Era possível pôr pessoas com baixos níveis educativos a fazer actividades cientificamente interessantes. Mas com o desenvolvimento da ciência, isto começou a ser impossível. As escolas exigiam grande qualidade. A partir do século XVII, ter bons cientistas, ou ter boas pessoas a fazer tarefas científicas (para não usar a palavra "cientista", que é do século XIX) obrigou a ter boas escolas. (...) Em Portugal isto foi sempre uma dificuldade, a existência de sistemas de ensino de boa qualidade, estáveis, duradouros. E no século XVII começou a notar-se.
( Henrique Leitão, entrevista à revista LER nº 156 - Inverno 2019-2020 )
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