Quando entrámos em regime de pandemia foram implementadas medidas coercivas e estruturais em cada sociedade, em cada país, que nos obrigaram a alterar rotinas e procedimentos. Também se verificou uma mudança de atitude, voluntária, por parte de muitos cidadãos naquilo que eram e são os pequenos nadas da vida quotidiana, como por exemplo, evitar maçanetas de portas e janelas, não colocar mãos nos corrimãos de escadas, proteger os dedos ao utilizar multibancos e outros gadgets públicos, entre outros. Pois bem, terminado o estado global de pandemia, rapidamente, a maioria das pessoas se esqueceu dela e retomou velhos hábitos, rotinas e procedimentos. Se há algo de bom que esse estado de excepção social me trouxe, para além da própria sobrevivência, foi um conjunto de pequenos gestos que mantive e, agora, já dificilmente os largarei. Falo do lenço de papel para teclar nos ATM's, não colocar as mãos em maçanetas, nem em corrimãos de escadas públicas (isto já não o fazia antes), proteger os dedos para carregar em teclados, ter sempre por perto um frasquinho de álcool gel para desinfectar as mãos quando há algum tipo de contacto com objectos ou pessoas. Olhando à minha volta, reconheço, talvez possa ser um pouco doentio, mas sinto-me mais confortável e, assim, neste pós-covid manterei tais gestos.
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
22 novembro 2024
21 novembro 2024
a tristeza que aqui se fala
"O que se lamenta é que não exista mais ninguém. Ninguém para saber do que ali acontece nem ninguém para que continue a acontecer. O fim das aldeias é outra coisa que não a idade. É a perda de uma memória, de um tipo de vida que pode ser um tipo de humanidade. É o que me traz o calafrio. A hipótese de terminar a humanidade que até há pouco se definiu. Perdida na urbanidade que tudo mistura e impede a limpidez dos aldeões.
A tristeza de que aqui se fala tem que ver com esse requiem por uma universalidade. Um requiem pela morte de um certo mundo que jamais se vai recuperar. A aldeia que acaba é um povo extinto. Um povo cuja memória não trará mais nada. Desperdiçado de futuro e ternura. É só a morte."
Valter Hugo Mãe, in Jornal de Letras nº 1411, Novembro 2024.
14 novembro 2024
"tocar piano"
A expressão ouvi-a a um professor e antropólogo, conhecido meu, em ambiente de conversa de café e a propósito de haver sempre quem tem que assumir a tarefa de escrever. Referia-se ao facto de ser porreiro ter um espírito participativo e colaborativo, mas depois na hora da verdade, são sempre os mesmos (ele) a ter que "tocar piano", ou seja, a escrever. Nos últimos meses tenho sentido essa responsabilidade e, tendo em consideração os interesses heterogéneos em que me envolvo, a sensação é precisamente essa. Calha-me sempre a mim sentar em frente ao piano. Cansado e sem descanso à vista.
10 novembro 2024
Santorini
Já decorreram vários meses desde a minha estadia nessa ilha do mar Egeu e para a qual viagem acompanhado pela Andreia, para assinalarmos os vinte e cinco anos de caminhada a par. A nossa relação teve início em 1990 e ao longo de todos estes anos temos viajado sempre que possível. Esta viagem foi planeada apenas por mim e sem conhecimento dela, tipo viagem surpresa, pelo menos em relação ao destino.
Eu já tinha viajado sozinho de barco pelas ilhas gregas, num circuito turístico a partir do porto de Pireu, em Atenas. Foi aí que decidi que um dia iria regressar com a Andreia. Aconteceu este ano e julgo que a Andreia, não só gostou da surpresa, como adorou o ambiente e a paisagem da ilha. Eu não posso dizer que não gostei, até porque sou amante da gastronomia, das paisagens e, acima de tudo, da capital grega, mas provavelmente não regressarei àquelas paisagens insulares. Com esta viagem alcancei um antigo objectivo de vida. Naquilo que é a minha condição nómada, outros destinos chama agora por mim, de entre os quais, alguns, serão obrigatórios: para além do "eterno" retorno à verde e fresca Galiza, pela qual me sinto sempre atraído e da qual ainda tenho muito para conhecer, quero ir à Islândia, a Edimburgo, a Roma e a Viena de Austria. Depois, quererei sempre regressar a Paris, a Londres e a Atenas. Espero, em 2025, poder ir à capital italiana e para tal já estou a "trabalhar".
(escrito em 7 Outubro 2024)
05 novembro 2024
Kamala Harris for President
Quando os dados estão mais do que lançados e estamos a poucas horas de conhecer o novo presidente dos EUA, não quero deixar passar este momento sem manifestar a minha preferência, mas mais do que isso, a confiança no senso dos americanos em decidirem eleger, pela primeira vez na sua história, uma mulher para a cadeira mais poderosa do mundo. Percepcionado deste lado do Atlântico, não deveria existir qualquer dúvida ou disputa entre a manutenção de um Estado de Direito democrático e o desconhecido das trevas e do caos de um despota, egocêntrico e anti-democrático. O problema é que este tem muitos seguidores e apoiantes, não só na terra do Tio Sam, como um pouco por todo o mundo, nomeadamente, aqueles que ambicionam um retrocesso civilizacional e no qual todas as pretensões imperialistas e de violação do direito internacional e dos direitos humanos serão tolerados e até incentivados.
01 novembro 2024
ao espelho
Ontem, dia 31 de Outubro, na biblioteca municipal Eduardo Lourenço, na Guarda, na cerimónia de entrega dos prémios CEI - Investigação, Inovação & Território (CEI - IIT|2024), que distingue trabalhos, projectos de investigação e outras iniciativas com dimensão inovadora, contribuam para divulgar estudos, experiências e boas práticas que concorram para reforçar a coesão, a cooperação e a competitividade dos territórios fronteiriços e de baixa densidade.
e a notícia em...
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