"O que se lamenta é que não exista mais ninguém. Ninguém para saber do que ali acontece nem ninguém para que continue a acontecer. O fim das aldeias é outra coisa que não a idade. É a perda de uma memória, de um tipo de vida que pode ser um tipo de humanidade. É o que me traz o calafrio. A hipótese de terminar a humanidade que até há pouco se definiu. Perdida na urbanidade que tudo mistura e impede a limpidez dos aldeões.
A tristeza de que aqui se fala tem que ver com esse requiem por uma universalidade. Um requiem pela morte de um certo mundo que jamais se vai recuperar. A aldeia que acaba é um povo extinto. Um povo cuja memória não trará mais nada. Desperdiçado de futuro e ternura. É só a morte."
Valter Hugo Mãe, in Jornal de Letras nº 1411, Novembro 2024.
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