20 janeiro 2025

humanidades canceladas

Neste último Sábado, Carlos Ceia, Professor Catedrático da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, escreveu no jornal Público um texto importante sobre aquilo que ele considera ser a crescente perseguição e cancelamento institucional e político ao ensino das humanidades em Portugal. O paradigma vigente impõe e privilegia as áreas científicas ligadas ou relacionadas com o crescimento económico e isso traduz-se num reforço orçamental dessas áreas em detrimento das áreas das humanidades, deixando perceber que estas contam muito pouco nas urnas e que os "saberes" humanistas, naquilo que a "ciência pode trazer à formação cultural de cada cidadão" é cada vez mais negligenciado. Na verdade, esta situação não é propriamente uma novidade, pois ao longo das últimas décadas, ao olharmos para os currículos do ensinos secundários e superiores, temos vindo a verificar um desaparecimento dos conteúdos e das disciplinas das humanidades e das ciências sociais.
Na impossibilidade de transcrever para aqui todo o artigo, deixo dois parágrafos que, de alguma forma, traduzem a opinião do seu autor...

"A marginalização das humanidades comprometerá sempre as oportunidades trabalho interdisciplinar, que é essencial para enfrentar desafios sociais complexos. Não é possível compreender esses desafios sem as humanidades. Não será nunca possível compreender a raiz da maior parte dos problemas que tanto preocupam os políticos sem uma forte formação humanista. E nem sequer é possível compreender a importância de todas as ciências sem o pensamento humanista que as fundou.
Se querem mais pensamento crítico nas ciências, devem apostar numa maior consciência cultural e numa melhor capacidade para compreender aquilo que conseguimos fazer enquanto pensadores. Esta é a base de todas as ciências e as humanidades permitem que essa base comece a ser construída. Se as cancelarmos, se as asfixiarmos nas suas oportunidades de financiamento para que também possam produzir conhecimento novo, são todas as ciências que perdem e jamais poderemos ser o país desenvolvido que ambicionamos ser."

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