17 março 2010

velocidades

Quando das primeiras experiências ao volante e quando aprendi a conduzir, os automóveis ainda só tinham 4 velocidades (mais a marcha-atrás) e foi com essa mecânica que fiz a minha aprendizagem enquanto cidadão encartado e devidamente autorizado para conduzir e, muitas vezes, inconsciente dos reais perigos, meter-me em confusões e aventuras. A velha R12 lá de casa foi um excelente carro de ensaios. Depois, lá veio a estonteante novidade da mecânica automóvel que acabou com décadas e décadas de hábito a 4 e passámos a ter disponíveis automóveis equipados com caixa de 5 velocidades. Concerteza, alguns desgraçaram as suas vidas com essa inovação mecânica e tantos outros, que não a conseguiram compreender, ainda hoje conduzem os seus automóveis só tendo em conta essas 4 velocidades. Eu conheço alguns.... Mais recentemente apareceram os carros com caixa de 6 velocidades. Eu tenho um. Estou completamente ambientado e habituado a engrenar qualquer uma dessas velocidades. De tal forma que, não raras vezes, dou comigo a querer passar de 6ª para 7ª velocidade. Asneira. Ainda não tenho. Intuitivamente faz-me falta. Vejam lá se tratam disso.

16 março 2010

a minha regionalização

(imagem roubada do blogue Regionalização)

novas paisagens rurais

A desestruturação do território nacional evidenciada pelos estudos realizados, permite perceber o “vazio” a que o território não urbano está sujeito. Este artigo é um olhar sobre esse vasto território desestruturado e carente de investimento, no sentido de analisar e perceber as novas dinâmicas, os novos agenciamentos das novas paisagens rurais. Os diferentes mundos rurais. Tipologias emergentes, intervenientes e processos locais de translocalização e transnacionalização verificáveis na costa oeste da Europa.

Este é o resumo do meu contributo para o projecto editorial da Burkeley University "Globalization and Metropolization: new developments in Europe's West Coast". Tendo prazos para cumprir - e hoje era um desses prazos intermédios, tenho conseguido dar resposta, ainda que a custo e à custa de maratonas noturnas que me vão afastando do sono. Agora, descansar, depois regressar para finalizar texto até ao final do mês de Março.

11 março 2010

queda de viadutos e afins

A palavra queda tem associada uma carga negativa muito expressiva e, se calhar, por isso somos educados a evitar perigos e vivemos num ambiente que tende a afastar essa perigosidade. Contudo, não conseguimos arredar da nossa experiência de vida esse perigo latente. A palavra queda significará esse perigo eminente, que espreita a cada esquina e a cada passo que damos - do puto que esfola o joelho, ao jovem que cai da bicicleta e parte a cabeça, ao adulto que é vitima da incúria e da irresponsabilidade de terceiros nas estradas, ao idoso que simplesmente cai e se desmancha. É inevitável. Queda significa dor, perigo, doença, ferimento, morte. Algo do qual todos e cada um de nós foge o mais que pode...
Num incidente como aquele que aconteceu ontem, em Amarante, não sei como se pode evitar o perigo.
O infeliz azarado que ficou esmagado debaixo daquele monte de ferros retorcidos, muito provavelmente nem teve tempo de perceber o que lhe estava a acontecer. Foi, de facto, uma morte aleatória e é precisamente esse factor (sorte/azar) que me perturba neste momento. Por acaso foi ele, mas poderia ter sido qualquer outra pessoa, poderia até ter sido eu, que por lá passei uns cinco minutos antes do trágico incidente. Poderia ter sido eu. Não fui.

10 março 2010

espelhos


mais à frente...

08 março 2010

oxalá te veja

espelhos

02 março 2010

recontagens

Aqui há tempos soube da morte do Tio Laurindo, mais recentemente foi a vez do velhinho Tio Firmino morrer. Chega-me agora a notícia que o Tio Norberto está mal de saúde. Está muito doente. Internado no hospital (que um dia foi distrital) vai recebendo a visita daqueles que ainda podem lá ir. Estes dizem que faz dias que ele nada come e que perdeu já para cima de trinta quilos. Consciente e sem dores perceberá que o mal que padece lhe leva, rapidamente, a vida.
Sou assim levado para esta contabilidade triste de ter que dizer que ainda somos tantos. E digo "somos" com a propriedade de quem se inclui, de quem também se considera, de quem também quer fazer parte. A própria utilização do termo "Tio" trá-los para perto, bem perto de mim. É reveladora de uma proximidade tão típica das cortinhas e das águeiras dos lugares pequenos, por onde todos andámos. Circunscritas permitem reconhecermo-nos. Muitas vezes recordo um outro Tio, velho amigo entretanto falecido, que muitas vezes comentava, para quem o queria ouvir, que se lembrava de mais pessoas já falecidas do que aquelas que conhecia ainda vivas.
Também eu começo a olhar em meu redor e apercebo-me que à medida que o tempo passa, que o meu tempo se vai gastando, com ele o meu passado vai ganhando espaço e a memória importância. Não sei como estará o meu saldo nesse deve e haver das pessoas conhecidas. Nem me importa. Vou-me lembrando delas. Sei é que gosto muito de estar com elas.

19 fevereiro 2010

espelhos

16 fevereiro 2010

na cabeceira I

Nos últimos dias, ou melhor, na última semana este foi um dos livros que me ocupou os últimos minutos antes de adormecer, em cada noite. Trago-o aqui porque me surpreendeu, não sei se pelas melhores ou se pelas piores razões, pois este senhor, Martin Page, consegue retratar a história do território luso desde 700 a.c. até ao século XX, em apenas cerca de 300 páginas de texto. E que texto! Se nada soubessemos acerca dessa mesma história com a leitura desta optimista elegia, que nos transfigura nos grandes obreiros do mundo, ficaríamos com a melhor das opiniões acerca dos nossos feitos. Este é um texto escrito ao estilo do Professor José Hermano Saraiva, ou seja, ligeiro mas pormenorizado, científico mas pantomineiro.
Como dos fracos não reza a história, cantemos alto nossas vitórias, ainda que passadas. Até porque, algures nesse mesmo passado, algo correu mal e a partir daí, foi sempre a degenerar até hoje, até à pequenez e à insignificância que tão bem nos caracterizam. Aconselhável a todos aqueles que nos (des)governam.

13 fevereiro 2010

instantes urbanos X

Num balcão, enroscados em cervejas

Entrei apressado num café café em Bragança. Estava cheio e com dificuldade consegui encostar-me a uma ponta do balcão. Enquanto ingeria a pequena mas necessária dose de cafeína, não pude deixar de ouvir o diálogo que dois individuos, a meu lado, mantinham:
"- Então diz-me lá, qual é a estação a seguir a Campanhã, depois da ponte?
- É General Torres!.. Então não sei. Eu andei por lá tanto tempo, conheço aquilo tudo...
- E a seguir, qual é?
- É Gaia.
- Então não é as Devesas?
- Sim é isso, é a mesma coisa... oh pá, então não!?...
- Áh, então é isso.
- Eu conheço aquilo, andei por lá durante muito tempo. Todos os dias ia de Campanhã para Parâmio, depois de Espinho. E depois das Devesas é Francelos. Então não é? Eu sei.
- Pois sabes, pois sabes."

12 fevereiro 2010

esferográficas

Hoje, numa conversa com um informante de um estudo em curso, fui presenteado com duas canetas vindas do lado de lá do Atlântico. Quando mas passavam para a mão, disseram: "- A vermelha é para ter sorte no amor. A prateada é para ganhar muito dinheiro." Não sei de onde raio virá tal crença e quais os seus significados. Agradeci a simpatia.

11 fevereiro 2010

o guia da noite na baixa do porto

"Ele há coisas a que um homem não pode dizer que não!" - assim dizia uma canção que Aguardela cantava. E foi precisamente desta frase que me lembrei quando, quase por acaso, encontrei este lugar virtual. Um guia da noite na baixa do Porto. Em primeiro lugar importa referir que há muito tempo deixei de ser consumidor da noite portuense (e de qualquer outra), o que não quer dizer que, ainda que a espaços, não faça uma ou outra incursão pelos novos e velhos espaços e lugares de consumo nocturno da cidade. Depois, este guia trouxe-me imediatamente à memória o tempo, já ido, em que frequente e teimosamente não conhecia outro habitat nocturno que não o Porto. Claro que noutros locais e noutros ambientes, mas até isso foi um exercício interessante, pois o mapa detalhado da baixa da cidade apresentado, permite-nos localizar cada um dos diferentes espaços, sua agenda e contactos. Dei comigo à procura daqueles espaços que eu frequentava...
Um projecto que se identifica com as espacialidades e as temporalidades da baixa portuense e pretende participar na construção de uma identidade em que o lugar marca o tempo e o tempo se explica referenciado pelo lugar.
Com uma boa apresentação, intuitiva e funcional (apesar de num primeiro momento aparecer muita informação e parecer, por isso, muito confuso, rapidamente o visitante percebe a lógica de funcionamento). Um outro aspecto importante, será a reunião e disponibilidade de todos os eventos num só portal, algo que não conhecia. O que significará, porventura, um desafio para a equipa deste projecto, pois implicará um grande esforço de concentração e organização de informação. Se isso for conseguido, não tenho dúvida da grande mais valia que será para cada um dos seus visitantes e assinantes, assim como para a própria indústria e, evidentemente, para a cidade do Porto. Eu já assinei a newsletter, pois apesar de não ser um assiduo consumidor, não invalida que possa estar a par daquilo que vai acontecendo na cidade e na noite dessa cidade. Também por isso vai directamente para os atalhos partilhados, mesmo aqui ao lado...
Conselho de amigo, frequentem.

07 fevereiro 2010

Ελληνικοu

Quando viajei para Atenas, em Maio de 2006, uma das surpresas foi a gastronomia local (leia-se grega) e desde então recordo com nostalgia alguns dos ingredientes por lá experimentados. Num esforço de reencontrar tais sabores, enquanto não regresso à Grécia, em viagens pelas cidades europeias procuro sempre saber se existem lugares cuja especialidade seja a cozinha grega. Com alguma sorte, ou azar, tal reencontro já sucedeu pelo menos em Madrid, em Paris e em Bruxelas. Ainda ontem, depois de ter sido informado por amigos da existência de uma casa de pasto grega na cidade do Porto, não hesitei em reservar mesa para essa mesma noite. Inadvertidamente, resolvi convidar um casal amigo para tal experiência. Inicialmente, o grupo seria muito maior, mas a incapacidade da sala não o permitiu...
Admito o entusiasmo perante a perspectiva de poder vir a experimentar, uma vez mais, tais sabores e odores, ainda por cima, bem perto de casa. Reserva feita, lá fomos. Num espaço pequeno, mas acolhedor, algumas referências iconográficas à "terra mãe" e um ambiente quente, embalado por sons nativos. Depois, as ementas eram confusas e pouco legíveis, o serviço era péssimo e aquilo que comemos não soube a grego. Enfim, o que grego nos deixou foi a conta que nos foi apresentada para pagar. A verdade é que ainda não foi desta que voltei a experimentar os ambientes que trago na memória. Aproximo-me da ideia de que apenas lá, e só lá.

04 fevereiro 2010

"rasto de hortelã"

A cerca de dois anos do fim dos seus dias, Rosa Lobato Faria escreveu a sua autobiografia para o Jornal de Letras. Encontrei esse texto e li-o. A minha vontade era colocá-lo aqui na íntegra, mas porque é relativamente extenso, fica o link para quem o quiser ler. Uma vida inteira tão bem (d)escrita.

03 fevereiro 2010

acabei de LER

Num número quase exclusivamente dedicado à ciência, gostei particularmente da entrevista de Carlos Vaz Marques ao Físico António Manuel Baptista e do ensaio de Jorge Buescu, intitulado "As Batalhas pela Ciência", no qual faz uma leitura sobre o clássico "as duas culturas" onde se percebe o "abismo de imcompreensão mútua" entre os cientistas e os intelectuais; descreve algumas das principais correntes de pensamento do século XX e dá especial relevo ao construtivismo social e à crítica pós-moderna da Ciência. Depois, o mesmo de sempre, vários títulos que quero e irei (não sei quando) comprar.

bonito

28 janeiro 2010

twix de palermas actualidades

Na agenda pública, partidária e mediática, nestes últimos dias sobressaem duas palermices:
- a Lei das Finanças Regionais, que tanto dislate proporciona às bocas dos líderes regionais, nomeadamente ao da Madeira, e às dos líderes dos principais partidos do continente. Assim, e que uma vez mais o parlamento português prepara-se para aprovar esta Lei que vem ofender, pela injustiça económica, todo o restante país. Tal como refere Eduardo Pitta no seu blogue, isto de "ser autónomo à custa dos outros é cómodo e barato". Numa altura em que é apresentado um orçamento de estado para 2010 que tem por tema central a contenção das despesas e a moderação nos investimentos, o Governo e o Sr. Ministro das Finanças curvam-se perante a birra trauliteira e insolência de Alberto João Jardim, que não percebeu ainda que se não fosse Lisboa e o País, a Madeira não passava de uma república das bananas. Literalmente. Mas se é isso que ele (João Jardim) e eles (madeirenses) realmente querem, força com a independência. Vamos lá tratar disso e, assim, acabar de vez com este eterno compromisso de avalizar todos os desmandos insulares. Força Madeira;
- o PIDDAC para 2010, conhecido ontem (?), que de uma vez por todas coloca Trás-os-Montes fora do mapa de Portugal. Inscrevendo uma verba pouco superior a um milhão de euros para o distrito de Bragança, o governo só pode estar a gozar com os contribuintes da região. Governo este que ainda há pouco foi eleito para novo mandato, também por gente de Bragança. Melhor seria não terem inscrito qualquer verba neste documento. A sério! Mais honesto teria sido escreverem no documento que o território de Bragança deixou de ser contabilizado no que a investimentos diz respeito. Que aguardam paliativamente o desaparecimento (morte e migrações) das suas populações. Sugestão: vendam a região a Espanha ou à Galiza que, concerteza, não seriam tão mal tratados. Ou então optem por uma solução tipo Madeira: região autónoma de Trás-os-Montes e dotem-na de verbas idênticas às da Madeira. Aí sim.
Assim, assimétrico, sobrevive o nosso país...