30 julho 2012

manuais escolares...

Bem sei que não é novidade e muito menos será a última vez que me acontece, mas hoje foi dia de ir buscar os livros escolares que estavam encomendados. Não é de hoje que eu critico o sistema instituído de ditadura comercial no mercado dos livros escolares. "Os livros são estes, quem quer, quer, quem pode, pode, o resto não interessa...". Este deve ser o raciocínio de quem estabelece as regras e permite que o mercado livreiro possa especular desta forma os valores dos manuais escolares. Assim também se pratica um racismo de inteligência (Bourdieu) e afasta da escola e do sucesso escolar muitas crianças. Eu, felizmente, ainda vou podendo adquirir a estes preços pornográficos os manuais para a minha criança, mas não sei até quando e até quanto... Por outro lado, aquilo que mais me indigna é saber que no final de cada ano, os manuais para além de perderem qualquer validade, são inutilizados, não tendo mais qualquer serventia. Já ouvi falar de uma ou outra meritória experiência de bolsas de livros escolares usados. Serão sempre bem-vindas. Estranho e lamento que as próprias escolas, não utilizem a sua autonomia para instituírem essas bolsas de livros. Também poderiam e deveriam impor um mínimo de anos para a validade de cada manual, ou seja, os professores ao optarem por determinado manual para cada uma das disciplinas ficavam obrigados a manter a escolha para três ou cinco anos. Assim, permitiria criar um sistema de cedências de livros usados dentro da própria escola, o que seria um contributo para atenuar os encargos escolares das famílias. É em dias como este que me apetece fazer parte da Comissão de Pais e colocar na sua agenda política esta questão. Nenhuma alma terá tido ainda a vontade de?!...

20 julho 2012

nas horas de alguns dias...


Abstract:

The brand “Fumeiro de Vinhais” is a commercial tag directly connected to the territory of the county of Vinhais (Northeast of Trás-os-Montes), located at 1000 metres of altitude which guarantees unequal natural conditions and a specific climate characterized by long and cold winters and short and hot summers that potentiate the perfect cure of the regional smokery. Presently all the brand’s products have Community Protection PGI (Protected Geographical Indications). This protects the product’s authenticity regarding its origin and guarantees the consumer a production through ancestral methods and subjected to an independent control system. The Fumeiro de Vinhais as managed to free itself from its local restrictions and, at the same time, keep and protect its production centre of symbologies and meanings. In a period of generalized crisis, it will be important to understand the brand’s behaviour, searching for answers to the questions:
· How will the brand be able to materialise the symbologies and narratives of its territory in a logic of globalisation in crisis?
· How does its territory, specialised in quality production, adapts to the new dynamics and constraints enforced by the “crisis”?
· Which are the local institutional strategies/answers for the defence and promotion of the brand and to attract new consumers (Bauman, 1999[i])?
· Will it or will it not be possible to maintain the control of its actions allowing it to colonise the future (Giddens, 2005[ii]), or in other words, to create territories with future possibilities?

Contributions to redefine what might be understood as the new rurality, as well as to identify new relational dynamics between rural and urban.

Keywords: Smokery, Vinhais, New Rurality, Crisis



[i] Bauman, Zygmunt, 1999, Globalization – the human consequences, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor;
[ii] Giddens, Anthony, 2005, The Consequences of Modernity, Oeiras, Celta Editora;


A caminho do Congresso Mundial de Sociologia Rural que acontecerá em Lisboa a partir do dia 29 de Julho; e como podem verificar, falarei do Fumeiro de Vinhais enquanto produção de qualidade e especialização territorial.

17 julho 2012

lido e guardado...

Nesta edição do mês de Julho gostei muito do editorial assinado por Serge Halimi acerca do federalismo na União Europeia como uma imposição ou como solução para o futuro do espaço europeu e gostei ainda mais do dossier "Turismo: a indústria da evasão" que contem um conjunto de texto sobre o turismo à escala global. Muito, muito interessante e útil para referenciação...

12 julho 2012

genial

Ideia fantástica e pelos vistos com um estrondoso sucesso comercial. Mas depois do primeiro impacto, a ideia não me parece assim tão genial, pois aquilo que se esta a vender/comprar é nada. Julgo que para a maioria dos leitores e compradores de livros, o prazer de adquirir livros, para além da sua leitura, será poder guardá-los para mais tarde regressar a eles, para recordar, para citar, para emprestar, para aconselhar, etc., etc., etc. E do ponto de vista dos autores, quem vai querer editar um texto, uma obra, que passados x dias se esfuma, se transforma em páginas em branco. Onde fica o registo, onde residirá a memória desse texto? Não me parece minimamente atractivo para quem escreve e gosta de escrever. Percebo o impacto mediático e imediato desta invenção, mas ela própria e sem grande demora desaparecerá e não deixará memória.

02 julho 2012

por lá andei...

Entre 25 e 27 de Junho de 2012 por terras de Chaves e de Verin








de congresso, encontros e afins...

- Travisan, Dalton (1984), Cemitério de Elefantes, Lisboa, Relógio D'Água;
- Figueiredo, Elisabete (Coord.) (2011), O Rural Plural - olhar o presente, imaginar o futuro, Castro Verde, 100 Luz;
- Godinho, Paula (2010), Festas de Inverno no Nordeste de Portugal - património, mercantilização e aporias da cultura popular, Castro Verde, 100 Luz;
- Santos, Eurico de Oliveira (2004), O Agroturismo e o Turismo Rural em propriedades da metade sul do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre;
- Pessoa, Miguel (1998), Villa Romana do Rabaçal, Penela, Câmara Municipal de Penela;
- Lizardo, João (2009), Caseiros e senhorios nos finais do século XX na Madeira - o processo de extinção da colonia, Porto, Edições Afrontamento;
- Santos, J. Loureiro dos (2012), Forças Armadas em Portugal, Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Rosa, Maria João Valente (2012), O envelhecimento da sociedade portuguesa, Lisboa, FundaçãoFrancisco Manuel dos Santos;
- Buescu, Jorge (2012), Matemática em Portugal - uma questão de educação, Lisboa,FundaçãoFrancisco Manuel dos Santos;

LER de julho

25 junho 2012

em chaves...


A decorrer entre hoje, 25 de Junho e 27 de Junho. Veja aqui o programa do congresso e conheça em pormenor os conteúdos: o científico, o cultural e, principalmente, o gastronómico do encontro. A expectativa é grande e a minha participação acontecerá no painel 6 -Turismo em espaço rural e alimentação, no dia 27 a partir das 9 da manhã. Apareçam.

21 junho 2012

autor desconhecido e misantropo...


Já ouvira falar do seu nome aquando da atribuição do prémio Camões, mas até então nada sabia ou conhecia deste brasileiro que se esconde algures no interior brasileiro. Recentemente ofereceram-me este pequeno livro e hoje foi o dia em que, de uma só vez, o li e gostei. Gostei muito. Escreve bem este Dalton Trevisan - não sei, mas este nome soa-me a pseudónimo. Agora que o li, vou querer ler mais e procurar saber mais sobre esta personagem que, pelo pouco que agora sei, não gosta muito de aparecer, nem de se misturar em actos sociais ou recreativos. Aqui há dias foi notícia o seu agradecimento público ao governo português pela atribuição do prémio Camões, mas informou que não poderia estar presente na cerimónia. Num tempo hiper-mediatizado e onde a imagem vale tudo ou quase, saber de alguém que se refugia num anonimato quase absoluto e, ainda assim, tem sucesso e é reconhecido, é muito inspirador. Respeito. Sem dúvida, obra a descobrir.

12 junho 2012

ferido de morte

Estou habilitado para conduzir desde meados de 1992, tenho veículo próprio desde 1994 e estes dois factos foram contemporâneos da conclusão e abertura de todo o traçado do IP4. Por motivações que então a razão desconhecia, mas que exultavam o coração, passei a frequentar com muita frequência essa estrada, o que me permitiu conhecê-la e reconhecê-la em cada quilometro, em cada linha contínua e em cada curva. Conheci o IP4 na sua extensão como as palmas das minhas mãos. Agora que, por motivações que o coração desconhece, mas que exultam a razão, continuo a viajar entre as duas extremidades da sua extensão e depois de quase 20 anos de experiência, continuo a considerar que, salvaguardando um ou outro segmento, o IP4 é uma estrada com qualidade e segura. Continuo a responsabilizar os automobilistas pelas tragédias aí ocorridas. Eu, em todos estes anos e viajando em todas as horas do dia e da noite, de Verão e de Inverno, experimentei várias aventuras, vários perigos, vários sustos, mas felizmente e até hoje, não tive qualquer problema digno de registo. Conto sobreviver-lhe. Desde o momento em que iniciaram as obras da futura A4 que, infelizmente, se vai sobrepor a grande parte do antigo traçado do IP4, transitar nele tornou-se bastante mais difícil e mais perigoso. Obras intermináveis e que lentamente vai fazendo desaparecer esse IP. Aliás, quem não conheceu bem o traçado anterior, dificilmente hoje o consegue reconhecer na confusão dos separadores e desviadores. Mas eu, procurando o pormenor na paisagem, ainda o consigo vislumbrar a espaços e em muitos lugares, no mesmo instante sou invadido por um conjunto de memórias associadas a esses mesmos lugares. Voltarei em breve, espero, para então e finalmente escrever o seu epitáfio.

vem aí...

(nas bancas a partir da próxima semana)

Projeto Editorial

1
A Vírus é uma revista com edição semestral iniciada em junho de 2012. Tem tido, e continuará a ter, uma edição online consultável agora no site: www.esquerda.net/virus

2
A nova série da Vírus, agora em edição impressa, define-se como um espaço de debate de ideias e de intervenção direcionado para o entendimento crítico da realidade e para a construção de alternativas democráticas e socialistas à violência predatória do capitalismo e à deriva autoritária dos seus governos e do seu Estado.
Esse é o seu objetivo.

3
Com esse fim, a Vírus fomentará o concurso e o debate de todas as opiniões que, à esquerda, queiram contribuir para uma consistente corrente contra-hegemónica e para a superação da (des)ordem atual.
Esse é o seu campo.

4
A Vírus afirma-se como espaço de reflexão, discussão, formação e divulgação de apoio às e aos ativistas nos terrenos da política, dos movimentos sociais, da intervenção cultural, científica e cívica ou de uma cidadania informada e com opinião.
Simultaneamente, recebe do seu pulsar, das práticas sociais mais diversas, o influxo inspirador para o seu trabalho.
Esse é o seu compromisso.

5
A Vírus pretende fazer eco e participar ativamente nos grandes debates do internacionalismo, dar conta dos seus passos e desafios, uma vez que não há soluções puramente nacionais ou autárquicas para a ação emancipatória.
Esse é o seu âmbito.

metalinguagem...

As longas e solitárias viagens, ao volante pelas estradas, são espaços de apurada reflexão. A reflexão desta última viagem foi acerca destas serem tempos de reflexão apurada.

11 junho 2012

"onze por todos e todos por onze"

Deixa-me com urticária ouvir repetidamente este anuncio que, por estes dias, invade as estações de rádio e os canais de televisão. Como se esses onze "eleitos" me representassem nalgum sítio ou de alguma maneira. Bem sei que é Portugal que está a jogar e a disputar um campeonato europeu, e eu gosto que Portugal vença sempre, ou quase, mas daí até ao fanatismo que se pretende instalar vai um grande espaço. Ouvir da boca de alguns jogadores frases mal lidas em que o suposto orgulho nacional é colectivo é ofensivo para aqueles que realmente trabalham diariamente e procuram honrar sempre a sua profissão, o seu serviço, a sua empresa, a sua cidade, região e país. Não suporto a declarada intenção de nos projectarem, enquanto colectivo, naquele pequeno grupo de cidadãos nacionais, como se o presente e, principalmente, o futuro dependesse daquilo que eles conseguirem ou não conseguirem. Felizmente, a estúpida manifestação proposta pelo brasileiro estúpido, que em 2004 comandou esse grupo de "eleitos", de colocação de bandeiras portuguesas em tudo que fosse autoclismo e bidé, foi esquecida e os resquícios são residuais. Esperemos que seja qual for o trajecto desta selecção consigamos fazer a coisa com brio e elevação e que a vida, a de cada um em geral e a colectiva em particular, possa recuperar deste desgaste e deste ataque civilizacional. Sei que os onze não estão por todos e desconfio que nem todos estão pelos onze. Mas isso sou cá eu, retorcido.

08 junho 2012

a LER

07 junho 2012

Isaltino Morais dixit...

"Acham que o combate à corrupção deve ser feito com manifestações em praça pública, quando a corrupção deve ser combatida com leis claras e transparentes. E quando chega a absolvição muitas vezes já é tarde porque já foi causado muito sofrimento e as famílias já foram muito afetadas e mesmo quando chega a absolvição, não se dá importância a isso".
Havemos de rir ou havemos de chorar?!

06 junho 2012

cristas de razão...

A construção da barragem na foz do rio Tua foi, desde o seu início, uma guerra entre os defensores do meio ambiente e os exploradores dos recursos naturais. Por princípio e, depois, por responsabilidade cívica, sempre estive do lado dos defensores do meio ambiente e contra a construção desta barragem. Por tudo aquilo que estava em jogo, só um lobby muito forte conseguiria ter argumentos para essa construção e a EDP e o seu CEO, António Mexia, conseguiram a proeza. Contra todas as evidências e pareceres técnicos que demonstravam que essa construção não traria qualquer mais valia energética e que com ela todo um património natural e cultural desapareceria. Confesso que sempre achei que esta era uma batalha perdida e que a força do betão seria decisiva. Pois bem, enganei-me e ainda bem, bastou a UNESCO ameaçar com a perda do estatuto de património mundial do Douro vinhateiro, para novamente esse assunto regressar à ordem do dia e aquilo que era uma certeza deixar de o ser. A notícia do dia de ontem são as tristes palavras da ministra Assunção Cristas que admite que agora o problema é o Estado não ter dinheiro para mandar parar as obras. Como é possível?! Como é possível o Estado saber que a obra não terá qualquer serventia; saber que corre o risco de desqualificar toda uma região que é património da humanidade e, afinal, não agir porque os constrangimentos financeiros não permitem pagar qualquer tipo de indemnização. Ao ter conhecimento destas notícias, desanimado, questiono porque não se responsabiliza quem criminosamente actuou em nome do Estado? Mas afinal que país somos nós?

05 junho 2012

livros e livros

Em actualização da base de dados, aproveito para aqui registar os últimos livros a chegarem à colecção. 
De antes da feira do livro:
- Vaz das Neves, Dom Abílio (1946), Constituições do Bispado de Bragança e Miranda, Bragança, Diocese Bragança e Miranda;
- Comissão Executiva das Comemorações (1997), Páginas da História da Diocese Bragança-Miranda - actas de congresso, Bragança;
- Fernandes, Maria da Conceição Correia (2001), Uma História da Diocese de Bragança-Miranda, Lisboa, Diocese Bragança-Miranda;
- Pires, Padre Baltazar e Pires, Padre Francisco Videira (1950), A Virgem Peregrina na Diocese de Bragança,  Coimbra;
- Sousa, Fernando de (coord.) (2012), Memórias de Bragança, Bragança, Câmara Municipal de Bragança;
- Martins, Miguel Ferreira (2012), Direito e Interioridade - actas dos I, II e III Cursos de 2008, 2009 e 2010, Coimbra, Coimbra Editora;
- Teixeira, Padre Alfredo Augusto (org.) (2004), Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado - cinquenta anos de vida, Bragança;
Da feira do livro:
- Lopes Filho, João (2004), Agrupamentos de Folclore - ontem e hoje, Lisboa, Inatel;
- Ramos, Francisco Martins (2006), Breviário Alentejano, Vale de Cambra, Caleidoscópio;
- Valente, José Carlos (1999), Estado Novo e alegria no trabalho - uma história política da FNAT (1935-1958), Lisboa, Edições Colibri e Inatel;
- Cabral, António (1999), Tradições Populares I, Lisboa, Inatel;
- Cabral, António (1999), Tradições Populares II, Lisboa, Inatel;

31 maio 2012

começa hoje...


abertura...

Não sei em que Natal ou aniversário o tio mais novo da minha filha lhe ofereceu o jogo "The Beatles rockband" para a playstation 3. Sei que cada vez que ela joga e eu estou por perto, fico fascinado com o genérico inicial, que funciona como que uma abertura para o espectáculo que a seguir cada jogador poderá experimentar e ser o artista principal. Cada vez que ela joga, eu para além de aumentar estupidamente o som da televisão, repito uma ou mais vezes... Experimentem.

26 maio 2012

"...entas"

Entrei hoje, oficialmente, no última ano dos trintas. Esse facto foi assinalado por aqueles que me rodeiam e que, de uma forma ou de outra, de mim gostam; fui agraciado e presenteado; estive com o pequeno núcleo familiar que, diga-se a propósito e como podem constatar na fotografia, está a crescer e de pequeno tem cada vez menos... Passei assim um bom dia, tranquilo e farto de coisas boas. Muito obrigado a todos e a todas que hoje estiveram comigo. Apesar de considerar que, tecnicamente, experimento já o quadragésimo ano da minha ontologia, houve hoje uma recorrente e transversal afirmação que guardei com especial cuidado: - Estás quase a entrar nos "entas"... E de lá não sais mais... Pois é verdade e tenho perfeita consciência desse facto. Consigo encará-lo com tranquilidade, apesar de sentir todos dias o peso do tempo que passa e com ele a minha vida. Venham então esses próximos 365 dias que serão, concerteza, um instante desse tempo maior que é a vida. O resto não sei, nem vivo muito preocupado com o que poderá vir a ser. Agora, venham esses "entas" com força e, já agora, que sejam pelo menos alguns e bons. Tenho dito.