30 março 2009

ecos e egos

"PONTO 3 – PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA.
Vamos receber inscrições para intervenções no Período de Antes da Ordem do Dia.
Senhor Membro da Assembleia, Júlio de Carvalho, tem a palavra, faz favor.
Júlio de Carvalho – Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Municipal e Senhores Secretários, Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal e Excelentíssimos Senhores Vereadores, Excelentíssimos membros da Comunicação Social, Senhores Presidentes dos Grupos Municipais e caros companheiros e Membros desta Assembleia.
O momento que nós vivemos actualmente, não nos pode obviamente deixar escondidos perante ele, não obstante saber que é um assunto bem complexo o momento que vivemos de crise reconhecida a nível nacional e internacional, não podia o PSD, embora sabendo da tarefa difícil que lhe cabe, aproveitar esta oportunidade para dele dar uma visão e leitura como é exigível de todos nós que queremos no futuro de Bragança, de Trás-os-Montes e de Portugal.
Embora conscientes de que a nossa voz … do cimo de Portugal, como dizia Miguel Torga, ou usando uma terminologia bem bonita, de um Membro desta Assembleia, Dr. Luís Vale, “bem perto do céu “ que foi titulo de uma das obras mais completas, uma das obras mais perfeitas, das obras mais curiosas que tenho visto publicadas em Bragança nos últimos anos e de interesse não só de Rebordãos, porque o tema é Nossa Senhora da Serra, como também para todos nós que veneramos e que sentimos a presença e a protecção de Nossa Senhora da Serra ou da Nossa Senhora das Neves. Parabéns ao Dr. Luís Vale.
E aproveitei e não queria deixar passar esta oportunidade, de facto, publicamente fazer em meu nome pessoal, obviamente, uma apreciação crítica, positiva e boa, desta grande obra que publicou para interesse de todos nós. E mesmo que chegasse, creio, que a nossa voz, a Lisboa, sempre haveria, como nós sabemos, algumas vozes, normalmente os costumeiros é que habitualmente, medíocres, as gostam de abafar."

(subtraído da acta da reunião ordinária da Assembleia Municipal de Bragança do dia 23 de Fevereiro de 2009)

29 março 2009

26 março 2009

instantes urbanos II

Caminhavam à minha frente num qualquer passeio de Vila Nova, agora cidade de Gaia, duas senhoras que pela aparência vivem entre a quarta e a quinta década das suas vidas. Deslocavam-se ao ritmo de um empolgado diálogo, que o meu andar não conseguiu mais do que acompanhar. Não pude saber o início da conversa, mas a partir do momento em que privei com a sua cumplicidade, logo percebi que se tratava de conversa de professoras. Poderei até ser acusado de violação de alguma privacidade, pois não estava mandatado para ouvir o que fosse, mas o que ouvi foi mais ou menos isto:
Professora A - Não dá mais! É por demais!...
Professora B - Tens razão. Não me lembro de semelhante em tantos anos de escola.
Professora A - O que estes fulanos andam a fazer, não sei onde se foram inspirar!?...
Professora B - Viste as imagens da Ministra no parlamento?
Professora A - Quando!?
Professora B - Ontem. Ela foi lá com os Secretários de Estado responder aos partidos...
Professora A - Não, não vi. Nem sabia disso. O que se passou?
Professora B - Eu não sei, mas daquilo que mostraram só falaram os Secretários de Estado e muito arrogantes. A Ministra quase não disse nada.
Professora A - Mas quem são esses fulanos!?... Alguma vez terão entrado numa escola e numa sala de aulas!?... Não me parece.
Professora B - Podes crer.
Professora A - Sabes!? Eu há mais de 20 anos que não voto em nenhuma das eleições. Nunca me interessei muito por política.
Professora B - Nem eu. Mas costumo votar.
Professora A - Pois. Mas este ano vou votar e nas eleições todas. Não sei em quem, mas nem que seja no CDS ou no BE. Não me interessa. O que não quero é que estes sujeitos continuem no poder. Não prestam!... Mas é que não prestam mesmo!

25 março 2009

português correcto

Bem sei que sou dos poucos que perde o seu tempo a pensar neste assunto e serei dos raríssimos que se apurria quando ouve, lê ou fala disso. Contudo e novamente, trago a terreiro a questão do acordo ortográfico. Encontrei este blog intitulado BLOG PORTUGUÊS EM DIA, onde pude verificar, uma vez mais, o enorme crime e a enorme estupidez que o nosso governo está prestes a cometer com um património que é de todos nós, que somos nós - a nossa língua. Visitem e comprovem.

novos e velhos, mas só agora adquiridos

Assim vou contribuindo para aumentar a falta de espaço do meu cada vez mais pequeno lugar:
- Bachelard, Gaston, 2008, A Poética do Espaço, São Paulo - Brasil, Martins Fontes Editora;
- Saukko, Paula, 2006, Doing Research in Cultural Studies, London, Sage Publication;
- Giddens, Anthony, 2005, As Consequências da Modernidade, Oeiras, Celta Editora;
- Hall, Stuart, 2006, Da Diáspora - Identidades e Mediações Culturais, Belo Horizonte, Editora UFMG;
- Foucault, Michel, 1997, A Ordem do Discurso, Lisboa, Relógio d'Água;

23 março 2009

Mais do que tomar a palavra, eu teria querido ser envolvido por ela e levado muito para além de todo o começo possível. Teria gostado de me aperceber que, no momento de falar, uma voz sem nome me precedia há muito. (...) É preciso continuar, eu não posso continuar, é preciso continuar, é preciso pronunciar palavras enquanto as houver, é preciso dizê-las até que elas me encontrem, até que elas me digam... (na Ordem do Discurso de Michel Foucault)

21 março 2009

massagem e intimidade

Desde sempre me lembro de ver lá por casa dos meus pais revistas/catálogos de roupa e afins: dos Marques Soares, passando pelo Corte Inglês (espanhol), até à Maconde e outras marcas que entretanto esqueci. Mas nunca lhe dei real valor. Aliás, nunca percebi como é que se pode olhar para uma fotografia de uma peça de roupa vestida por uma simpática e escultural manequim e só por isso comprá-la. O certo é que muito recentemente começou a circular pelos cantos cá da casa um catálogo da La Redoute. Estranhei, mas sem qualquer curiosidade deixei-o em paz e não o desfolhei sequer. Até hoje.
Excelentíssimos(as)!!! Só hoje percebi porque é que muitas mulheres perdem horas a fio a desfolhar tal literatura!... Elas bem dizem que gostam muito de ir às compras e tal, que gostam de ver... São 875 páginas de um prazer visual considerável. E como se não bastasse, quase no fim do catálogo, como quem não quer dar nas vistas, encontramos uma pequena secção dedicada a massagens e à intimidade feminina. Curioso!?... Aqui está o grande segredo do sucesso destes catálogos e destas empresas que levam para dentro da casa das pessoas, discretamente, produtos que de outra forma não seriam facilmente vendáveis, nem compráveis... Para verem a qualidade e o pormenor da informação disponibilizada, deixo-vos com a imagem dessa página do catálogo.

Aquilo que podem aqui encontrar é uma amostra do catálogo completo que só está disponível na internet. Avisado por uma amiga resolvi visitar o site - desfolhem aqui - e constatar pessoalmente o vasto leque daquilo que um amigo terá chamado de brikàbreke da parafernália doméstica.

20 março 2009

para um agitado fim-de-semana

ainda notícias...


(recortes dos Jornais Mensageiro Notícias e A Voz do nordeste, respectivamente)

agendamento

19 março 2009

dia do pai - também o meu dia

Fui ao longo do dia presenteado pela minha criança que, a cada momento que esteve comigo, me mimou com a sua arte e dedicação:

18 março 2009

despojamentos

Neste último ano da legislatura de um governo socialista e em vésperas de novo período de eleições vivemos um tempo particularmente difícil a nível mundial, nacional e, como não poderia deixar de acontecer, a nível local. Estamos já habituados a ter e a ser menos que os outros – leia-se, outras regiões do país, e por isso mesmo, maior tolerância temos à miséria e ao despojamento que nos infligem. Infelizmente, ontem, hoje e, desconfio, amanhã Lisboa e suas instituições continuarão a ter sobre o território nacional uma visão holística, na qual o todo se impõe ao particular e/ou às partes, esquecendo-se que são as partes que constituem esse todo e que há diferentes partes. Também seria importante que essa visão torpe e distante do país das pessoas que o habitam implicasse que o “todo” ultrapassasse as periferias das grandes urbes litorais.
A distância que nos separa desse outro Portugal faz com que sejamos vistos como algo que está a definhar e que em breve desaparecerá e, como tal, é desperdício nacional investir nestas geografias marginais. Aquilo que temos assistido nas últimas décadas – curiosamente, ditas democráticas, e em particular mais recentemente, sob o (des)governo socialista é um incessante e continuo desinvestimento na região transmontana, despojando as comunidades dos parcos bens e serviços que ainda sobravam. E não adianta os eleitos locais e nacionais pelo partido socialista virem a terreiro dizer que nada foi retirado ou subtraído aos transmontanos, pois estes bem sentem na sua vivência quotidiana as crescentes dificuldades. Mas esta reflexão teria que ir mais além e numa viagem sem sair do lugar, percorro os trilhos dessa áspera realidade:
- Centralizam-se serviços administrativos, impondo uma racionalidade financeira e consequentemente afastando-os dos cidadãos;
- As infra-estruturas básicas, em pleno século XXI, continuam por cumprir. Na região ainda há comunidades sem direito à água, em qualidade e quantidade mínimas e suficientes. Ainda há muitas comunidades sem direito a um saneamento básico salubre e higiénico;
- As vias de comunicação regionais e locais encontram-se num estado lastimoso e, por isso, situações como a da aldeia de Macedo do Mato, que recentemente foi notícia nacional pelo caricato e pela evidência dos interesses pequeninos da gestão autárquica em Portugal;
- Transportes públicos deficientes, sendo negócio para um mercado privado que não respeita nem defende os interesses dos utentes;
- Transformam-se aldeias em centros de dia e/ou lares de 3ª e 4ª idade – essas instituições totais entendidas pela sociedade em geral como uma antecâmara da morte e dos cemitérios;
- Abandona-se ostensivamente a agricultura e a agro-pecuária, sobrando por todo o distrito a pequena agricultura que não mais serve do que para alimentar os próprios e afins;
- Indústria não há;
- Um sector terciário minimalista, reduzido que está (salvo raras excepções, dos franchisados…) ao próprio negociante atrás do balcão;
- Trocam-se valências hospitalares por helicópteros (que por acaso e só, ainda não chegaram!?...);
- Trocam-se SAPs por VMERs;
- Prometem-nos ICs e auto-estradas como eu prometo rebuçados à minha criança, mas só se ela se portar bem… (seja lá o que isso for!?)
E a tudo isto assistimos nós e assistem, impávidos e serenos, os senhores investidos nas nossas autarquias pelos cidadãos da região, lavando da culpa as suas mãos e focando a sua atenção e o seu esforço nas amarras dos seus quintais, preocupados com a eminente hipótese sacrílega de uma invasão de vacas ou gados dos vizinhos às suas propriedades – quais guardadores de quintais… E assim somos (des)governados. Haverá alguma evolução positiva para a nossa região nos últimos anos!?... Não creio e, inclusive, temo que esta situação não só se mantenha como se degrade até ao dia do despojamento final.
Por tudo isto, este ano de 2009 é um excelente ano para nós, transmontanos, demonstrarmos através do voto, o nosso descontentamento e a nossa revolta pela imensa e manifesta incompetência daqueles que têm exercido o poder local e nacional. O Bloco de Esquerda ao reunir agora e assim também em Bragança percebe o reforço, a legitimação e o ânimo, simbólicos e efectivos, que a sociedade portuguesa deposita na sua capacidade e no seu projecto político. Sim, porque o BE não ambiciona uma sociedade imaginada, mas sim uma sociedade realizada e, em todos os momentos, procura transmiti-la aos portugues@s, se quiserem teimosamente, mas sempre dizendo no que acredita e ao que vem. O desafio do BE em Bragança é enorme, pois se há quatro anos éramos vistos como “aves raras” ou “despenteados mentais”, hoje percebemos a enorme expectativa na nossa acção de esquerda, a enorme expectativa em relação às nossas propostas socialistas. Porque é Esquerda, porque é Bloco, é Bloco de Esquerda.
(publicado no jornal Nordeste do dia 17/03/2009)
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fotonovela
(no mesmo jornal)
E tudo isto num jantar de aniversário (10º) do BE em Bragança no passado dia 14 de Março, assim relatado pelo Jornal Nordeste:

e o povo pá?

17 março 2009

andrajoso

Acabei de passar por uma menina que à porta de uma grande perfumaria (reparei ao longe) oferecia amostras de um perfume qualquer às mulheres e aos homens que passavam. Sim, ia oferecendo a uns e a outras numa tal velocidade que não conseguia antecipar quem se aproximava. À medida que me aproximo, pensando que ela me iria oferecer procurava já uma desculpa e um agradecimento, mas eis que, quando passo perto, ela olha para mim e resolve não me oferecer a tal tirinha de papel "bem" cheiroso... segui impávido e sereno, mas de certa forma chateado, pois não percebi porque é que aquela miuda, declaradamente, não me quis dar uma amostra!?... Enquanto caminhava pelo shopping fui a mascar este pensamento e então relembrei vários outros episódios semelhantes que me levaram à hipótese de um determinado comportamento padrão face à minha pessoa: ou eu não tenho cara de consumidor, ou eu não tenho ar de quem tem dinheiro, ou eu tenho aparência alienada, ou eu tenho aspecto deslavado, ou eu tenho mau cheiro, ou afinal, eu tenho é muito mau aspecto e afasto qualquer tentativa de marketing directo ou mais agressivo!?... sim, deve ser isso ( "- que sorte!..." estarão muitos a dizer). E as poucas vezes que alguém se aproximou assim de mim deve tê-lo feito em total desespero comercial...
Recordo um momento vivido ao qual não dei importância, e que como consequência maior teve a indignação da minha própria mãe, que ofendida desancou uma comerciante, por acaso sua conhecida: isto ter-se-á passado mais ou menos há 5 ou 6 anos numa loja de roupa onde a minha mãe ainda hoje é cliente. Deixei-a à porta desse estabelecimento e fui procurar estacionamento, passados uns minutos aproximei-me da loja e, como a montra teria peças interessantes, parei por uns instantes, com este meu aspecto de sempre, em contemplação, só depois fiz o movimento de entrar na loja, mas logo fui empedido pela comerciante que num tom afirmativo me disse: "- ... aqui não há nada, vai-te lá embora que não te dou dinheiro!"

16 março 2009

arqueológicas

obra-prima vitima de banalização

O Português é uma "obra-prima" vítima de "um processo de banalização gravíssimo" e a parcela de palavras empregues é "ínfima" face às possibilidades, afirma o filólogo Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa.
Para Artur Anselmo, o Português está a ser vítima de uma banalização que faz com que, cada vez mais, "as pessoas falem todas da mesma maneira", empregando "uma parcela ínfima" dos vocábulos ao seu dispor.
"Nós temos 110 mil palavras dicionarizadas - e não falo nas locuções, que aí iríamos para as 300 mil - e o Português básico está reduzido a menos de mil palavras, o que é péssimo", declarou, criticando "esta falta de variedade, esta uniformidade em que caímos". Ler o resto da notícia aqui.

mais e mais notícias...

http://www.rba.pt/comment.php?comment.news.2946

http://www.brigantia.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=1822&Itemid=43

11 março 2009

reflexos tardios na imprensa regional

A propósito da última reunião da Assembleia Municipal de Bragança, o Jornal Nordeste faz na edição de ontem (dia 10 de Março) uma peça acerca da minha intervenção sobre a política municipal para o ambiente - ler aqui. Estranhei na altura não haver repercussões nos média regionais, mas tal como se costuma dizer, também aqui mais vale tarde do que nunca....

10 março 2009

nem Jesus Cristo teria soluções

Mário Crespo entrevistou Medina Carreira, ontem à noite. Não tive oportunidade de ver e só agora, recorrendo ao arquivo online da SIC, a pude visionar. O que para muitos será uma visão cinzenta e salazarenta de Portugal, para mim é uma excelente e corajosa opinião da realidade nacional.
Tentei colocar aqui o video mas com pena não consegui. É que este é mais um grande momento de reflexão nacional e por isso deixo aqui o sitio onde a podem ver - imperdível. Tal como o entrevistado diz, pena é que mesmo que um milhão de portugueses estejam a ver e ouvir esta conversa, ainda restam cerca de nove milhões que continuarão na ignorância...

08 março 2009

dia mundial da mulher

Cada mulher
o tempo
de se viver numa ilha

Cada mulher
o templo
que se constrói numa ilha

Cada mulher
o tempo
do vento sobre uma ilha

Cada mulher
o tempo
que o vento destruiria

Esta mulher
no centro
do corpo traz uma ilha

Esta mulher
um templo
no centro da sua ilha

Esta mulher
o centro
já do templo não da ilha

Esta mulher
oh templo
de tudo na minha vida
(David Mourão-Ferreira)

Quase no final do dia, não posso deixar de assinalar este facto. Apesar de ter algumas reservas quanto à necessidade de tal ser "comemorado" - o género não deveria ser, não pode ser, condição de qualquer distinção ou descriminação e, por isso, dias mundiais, quotas ou paridades são conceitos com os quais convivo mal. Mas ok... aceita-se, pois sabemos a diferente condição a que a Mulher é votada por esses "mundos" fora...

californication - já cá canta....



07 março 2009

as novas tecnologias e António Barreto

Ainda ontem fiz aqui, nesta esquina de espelhos, referência à nova revista Ler que acabara de chegar às bancas e, consequentemente, à minha mão e aos destaques que os meus olhos encontraram numa primeira olhadela... Pois bem, tendo tido uma manhã de tranquila leitura, li parte substancial da mesma. A entrevista a António Barreto desde logo me chamou a atenção e, agora, depois de lida re-confirmo a elevação da atitude e a qualidade do seu pensamento. Entre vários assuntos abordados, quero referir a sua perspectiva das novas tecnologias. Não que concorde totalmente com ele, mas porque surge num momento em que, academicamente, tenho partipado em algumas acesas e aguerridas discussões acerca da evolução dessas novas tecnologias e sua importância para os individuos e sociedades. Aconselho vivamente e com insistência para que leiam esta entrevista. No entretanto e para vos abrir o apetite, reproduzo aqui uma pequena parcela da mesma:

Considera a força da imagem uma ameaça ao livro?
Considero. Não sou capaz de lhe dizer: o livro vai desaparecer.
Até já disse o contrário. Numa conferência para editores, em 2001, dizia textualmente: «O livro é eterno.»
É verdade. Creio que é eterno mas creio que o consumo do que lá está dentro vai ser cada vez maior por outros meios. O livro como objecto, tal como o conhecemos hoje, vai ter tiragens menores, vai ter uma menor propagação. Dizem que há agora uns ecrãzinhos onde se põem lá dentro 50 livros.
Ainda não experimentou essas novas tecnologias de leitura?
Ainda não. Já vi fotografias. O que está em maior perigo imediato são os jornais e as revistas. Haverá sempre qualquer coisa que se pareça mas creio que nós vamos assistir, nos próximos 10 anos, à morte de um grande número de jornais no mundo inteiro.
A ameaça é a Internet?
É. O online substitui-os. Podemos sempre argumentar que o online pode dar coisas que os jornais não dão, nalguns casos pode ser melhor do que os jornais são. Muitos juízos podem ser feitos. Eu estou à espera da prova, não tenho uma visão definitiva sobre isso. Agora, o modo de leitura, a pausa, o sossego, a ponderação, a moderação, a reflexão, a nota, a posição pessoal, geográfica, física com que você lê jornais e lê livros, tudo isso está em vias de extinção, a benefício dessas novas formas que são mais rápidas, que seguramente proporcionam menos reflexão...
(...)
Sendo a Internet uma ameaça à leitura, como diz, o esforço para criar uma literacia computacional desde cedo será um erro?
A literacia computacional não é um erro. Eu tive que aprender, já tarde. De facto, o computador, a informática, a Internet podem transformar-se num instrumento de trabalho, de conhecimento e de comunicação importantes. Acho que todas as pessoas devem aprender a usar essas coisas.
Pergunto-lhe isto porque o Governo aposta, com o Magalhães, em criar essa literacia desde cedo.
De maneira como o Governo aposta na informática, sem qualquer espécie de visão crítica das coisas, se gastasse um quinto do que gasta, em tempo e em recursos, com a leitura, talvez houvesse em Portugal um bocadinho mais de progresso. O Magalhães, nesse sentido, é o maior assassino da leitura em Portugal. Chegou-se ao ponto de criticar aquilo a que chamaram "cultura livresca". O que é terrivel. É a condenação do livro. Quando o livro é a melhor maneira de transmitir cultura. Ainda é a melhor maneira. A coroa de todo este novo aparelho ideológico que está a governar a escola portuguesa - e noutras partes do mundo - é o Magalhães. Ele foi transformado numa espécie de bezerro de ouro da nova ciência e de uma nova cultura, que, em certo sentido, é a destruição da leitura.

aquisições

Espaçados por algumas semanas, deram entrada no acervo estes três novos títulos:
- Tuan, Yi-Fu, 2008, Space and Place, London, University of Minnesota Press;
- Carmo, Renato Miguel do, 2006, Contributos para uma Sociologia do Espaço-Tempo, Oeiras, Celta Editora;
-Vermeulen, Hans e Govers, Cora (org.), 2003, Antropologia da Etnicidade - para além de "Ethnic Groups and Boundaries", Lisboa, Fim de Século Edições;

06 março 2009

Ler, com prazer

Deste número 78 da revista Ler quero destacar a entrevista de Carlos Vaz Marques a António Barreto, agora presidente da nova fundação Francisco Manuel dos Santos, na qual reflecte sobre o papel da Escola na educação e na leitura. Depois, a questão "Privacidade e Bom Senso" parece-me interessante. Terei um fim-de-semana bem recheado!

interesses, hipócritas e vice-versa

Hoje, na Assembleia da República, foi votado um projecto do partido Os Verdes que propunha a classificação da Linha do Tua como património de interesse nacional. A proposta foi rejeitada pela maioria socialista, tendo o PSD e o CDS-PP optado pela abstenção. BE e CDU votaram a favor, assim como os dois deputados do MPT que integram a bancada do PSD.
Na discussão que antecedeu a votação, realizada 5ª feira, o PS acusou o partido ecologista de querer impedir a construção da barragem da Foz do Tua, tendo o deputado do PS Mota Andrade, eleito pelo distrito de Bragança, dito: "tem um só objectivo: ser mais uma impossibilidade à construção da barragem da Foz do Tua, apoiada pelas populações (de Trás-os-Montes) e pela maioria das autarquias".
Não sei como referir-me a esta afirmação! Mas como pode o ilustre parlamentar afirmar que a maioria da população de Trás-os-Montes apoia a construção de tal barragem!?... Que dados suportam tal afirmação!?... (só se for o resultado das eleições legislativas de 2005) Onde está escrito que a construção da barragem defende os interesses das populações transmontanas!?...
Por outro lado, esta atitude do PS leva-me a prever que, quando estivermos a discutir a regionalização, este mesmo deputado e toda a sua tropa regional, irá apoiar a proposta agora falada das 5 regiões, isto apesar de sempre terem jurado que, como transmontanos, defenderiam em primeiro lugar os interesses da região - ainda na última Assembleia Municipal de Bragança um ilustre deputado da nação afirmou publicamente a defesa da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. A ver vamos se outros interesses maiores não se levantarão!!!...
"Não estamos a toda a hora a dizer que nos amamos. Mas cada vez que ele o diz sem eu contar ainda me arrepio..." Clepsydra, ainda agora.

há dias assim...

[ La reproduction interdite - 1937, René Magritte]

05 março 2009

mistifória jactância

Exmo. Sr. Vale,
Na prossecução de e-mail anterior (abaixo transcrito) e que desde já agradecemos o seu envio, compelimo-nos a solicitar o favor de nos enviarem a documentação, que entretanto foi remetida, mas com a alteração atinente ao cabeçalho, ou seja, que daí conste inserção física do nome do fornecedor de serviços. Obrigado.
Sem mais de momento e ficando a aguardar o prezado envio de V.Exas., subscrevemo-nos com a mais elevada estima e consideração.
Atentamente,
(sic)

poesia urbana

Fado dos Contentores

Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.

E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.

Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.

Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.

Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.

Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.

Manuel Alegre, 04.03.2009

03 março 2009

um bom dia

Hoje foi um daqueles dias que se podem considerar Bons. Apesar de, ao rair do primeiro Sol e quando ensonado saí da cama, não parecer mais do que mais um dia... igual a ontem e ao provável amanhã, o certo é que agora, já bem depois de o último Sol ter desaparecido, posso afirmar a minha satisfação pelo dia que agora acaba. Não queiram saber porquê!... Aliás, será algo que nem eu sei muito bem, mas como e porque o sinto, digo-o. Certinho! Boa noite.

os meus livros todos

Não sei quantos são... um ou dois milhares no máximo. Sempre quis ter o meu acervo bibliográfico organizado, mas por várias razões das quais destaco a preguiça e o comodismo, nunca me empenhei em tal empresa... Mas, ao longo do tempo, fui manifestanto (também aqui) a minha vontade e o meu interesse em conseguir o suporte ideal para tal organização. O primeiro passo, algo que herdei de meu pai, foi o de rubricar todos os livros - na página do título e numa outra qualquer, seleccionada aleatoriamente, a meio do livro. Todos eles, ou quase todos têm a data de aquisição ou oferta nas primeiras páginas. O segundo passo, foi mandar fazer um carimbo com a minha identificação e um espaço para o número do livro... todos estão já carimbados, mas sem o respectivo número, algo que acontecerá quando todo o acervo estiver organizado. Por fim, um software próprio e que apesar de não ser gratuito, apenas custou um valor inicial pela licença de utilização. O seu nome é allmybooks e já está instalado e experimentado. Gostei. É básico, intuitivo e de fácil manuseamento. Agora só falta o tempo e a vontade para começar a introduzir toda a informação...