17 agosto 2009

rostos difíceis

As voltas que já dei para recuperar o teu rosto. O esforço que continuo a fazer para o localizar. Há rostos assim, difíceis de encontrar: seja pela sua beleza, pela sua singularidade, pela sua estranheza, pelo seu recorte, pelo seu exotismo, etc. De tão bem que os guardámos na memória, a custo os conseguimos resgatar. O teu foi um dos tais, mas finalmente consegui colocar-te num espaço e num tempo passados.
Conheci-te há uns anos atrás num café que nunca cheguei a saber o nome. Era final de Verão. Fui levado até ti num grupo de amigos que, ritualmente, saltavam de café em café, de consumo em consumo até à exaustão da madrugada. Concerteza, iríamos a caminho de outro lugar e essa foi apenas mais uma paragem para ingerir quantidades estúpidas de alcool…
Foi o estado ébrio de então e a posterior amnésia que me fez remeter o teu rosto para o fundo da memória O que sorrimos, o que dissemos, o que pensámos não guardei. Nem sequer o teu nome. Daí saímos para acabar a noite, essa noite, num qualquer bordel da cidade, enroscados em sabores vulgares vindos, a soldo, dos trópicos.
Encontrar-te passados todos estes anos, obrigou-me a suplementar diligência e, apesar de ainda ter procurado nas tuas expressões um sinal de que eu estaria algures na tua memória, também aí nada consegui. Esse instante passado nada mais foi do que um breve e bonito espaço-tempo da nossa vida.

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