Ao passar pela aldeia de Agrochão fomos visitar o Museu Etnográfico. Instalado na antiga casa paroquial, reúne um conjunto de alfaias associadas ao ciclo do pão, ao ciclo da lã, assim como outras relacionadas com a tracção animal. A guia do museu, jovem simpática e prestável, foi-nos mostrar o lagar de azeite, localizado num outro edifício na espectacular rua do vale. Aqui explicou-nos o processo tradicional do ciclo do azeite. Ficamos a saber que uma das últimas etapas desse ciclo implicava a utilização do "Inferno" ou "Ladrão", recipiente em pedra para onde escorria o azeite depois da separação da água. Acontece que o lagareiro (dono do lagar) quando fazia o transvaze do azeite desse recipiente para os vazilhames dos produtores, ficava sempre com uma determinada quantidade de azeite no fundo desse recipiente. Daí ser conhecido por "Inferno ou Ladrão", pois todos sabiam que seria aí que poderiam ser roubados e/ou a sua produção prejudicada. Era uma percentagem de maquia extra, desonesta e não negociada. Metáforas populares.
(Vila Boa, 3 de Agosto de 2011)
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